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Mitos e verdades sobre o cão farejador, o "funcionário do mês"
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Jéssica Castelo Branco é médica veterinária formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Fez residência multiprofissional com ênfase em reprodução animal pela mesma Instituição. Atualmente, dedica-se a clínica médica de pequenos animais e é professora de curso técnico profissionalizante para auxiliares de veterinários

Mitos e verdades sobre o cão farejador, o "funcionário do mês"

Cachorros podem ser treinados para encontrar drogas, explosivos e até identificar tumores e situações de baixa glicose no sangue
Cão Symon, da Receita Federal, no momento em que identificou os 5 kg de skunk despachados de São Paulo para a cidade de Altaneira, no Ceará. Droga foi avaliada em R$ 70 mil (Foto: DIVULGAÇÃO RECEITA FEDERAL)
Foto: DIVULGAÇÃO RECEITA FEDERAL Cão Symon, da Receita Federal, no momento em que identificou os 5 kg de skunk despachados de São Paulo para a cidade de Altaneira, no Ceará. Droga foi avaliada em R$ 70 mil

Nos últimos meses o Ceará tem registrado um grande número de apreensão de entorpecentes em diversas operações policiais. E tem um integrante das corporações que vem levando destaque pelo seu excelente e fundamental trabalho juntos aos policiais: o cão farejador!

A cada dia fica mais comum vermos a atuação de cães farejadores nos mais diferentes cenários. Verdadeiros heróis que encontram drogas e explosivos escondidos nos aeroportos, foragidos da Justiça e vítimas soterradas em grandes desastres. E não pára por aí, além do trabalho policial, a cada dia vem se desenvolvendo técnicas para treinar cães farejadores a atuarem também na área da saúde, farejando tumores, situações de baixa glicose no sangue de diabéticos e até sinais que antecedem uma crise convulsiva.

Mas, afinal de contas, como funciona o treinamento desses cães? Existem alguns mitos que cercam esse tema como, por exemplo, que “os cães ficam viciados em drogas para que possam encontrá-la”. Mas, a verdade é que esses cães passam por uma seleção, ainda quando filhotes, e são treinados com bastante reforço positivo para desenvolverem essa habilidade.

Nós já sabemos que os cães têm um olfato altamente aguçado. Enquanto nós, humanos, possuímos uma média de 6 milhões e receptores olfativos, os cães possuem aproximadamente 300 milhões — ou seja, 500 vezes mais. Isso é o que os tornam perfeitos para esse trabalho. Mas, além de ter um ótimo faro, o cãozinho filhote precisa ter outras características importantes como obediência, boa socialização e um bom condicionamento físico durante os treinamentos.

Os treinamentos se iniciam com a apresentação ao cão daquele que será o seu brinquedo favorito. Neste brinquedo, geralmente, são escondidas as substâncias ilícitas que ele irá farejar quando estiver em serviço. E jamais o cão é exposto a essas substâncias de forma direta, elas sempre estarão envolvidas por materiais como lona, cano de PVC e etc. A partir daí todo o treinamento do cão será feito com base na busca por este brinquedo. Desde os comandos básicos para o treino de obediência até treinos mais pesados de condicionamento físico.

Outra parte importante do treinamento desses cães é a exposição aos seus locais de trabalho. Eles são levados a parques, áreas comerciais, portos e aeroportos, onde os treinos de faro continuam, muitas vezes com maior grau de dificuldade, devendo o cão superar mais obstáculos físicos e até encontrar seu brinquedo em meio a odores fortes, como pasta de alho.

Ainda é muito importante de se ressaltar é que todo o treinamento do cão é feito com recompensas positivas, como carinho e petiscos. Os cães não são treinados com violência e não são castigados quando não obedecem aos comandos. Isso por que agredir ou punir o cão irá torna-lo um animal medroso, agressivo e ainda mais desobediente, pois eles terão mais dificuldade no aprendizado.

E será que qualquer raça ou até mesmo cães sem raça definida podem se tornar cães farejadores? É certo dizer que sim, afinal, todos os cães têm um olfato aguçado e a capacidade de aprender comandos de obediência. Mas, na realidade, as corporações policiais, de bombeiros e demais entidades que se utilizam de cães farejadores para auxiliar em seus serviços, têm preferido trabalhar com raças específicas como Pastor Alemão, o Pastor Belga e o Pastor Malinois, pois além de serem ótimos farejadores, também são cães muito inteligentes, obedientes e com bastante disposição física.

Com o sentido do olfato tão aguçado é de se imaginar como o mundo pode ainda ser mais fascinantes para os cães, não é mesmo? E não importa para qual finalidade, se policial, médica ou meramente para encontrar aquela pelúcia velha que nossos pets tanto amam, farejar faz parte do comportamento natural de um cão e para ele tudo será como uma grande brincadeira cheia de boas recompensas.

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