Jéssica Castelo Branco é médica veterinária formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Fez residência multiprofissional com ênfase em reprodução animal pela mesma Instituição. Atualmente, dedica-se a clínica médica de pequenos animais e é professora de curso técnico profissionalizante para auxiliares de veterinários
Uso de anticoncepcionais injetáveis em cadelas e gatas é uma prática muito comum entre os tutores e pode colocar em risco a saúde das fêmeas
Com as campanhas do Outubro Rosa, que também chegam a medicina veterinária, é de extrema importância alertar sobre uma das principais causas de tumores de mamas em cadelas e gatas: os anticoncepcionais.
O uso de anticoncepcionais injetáveis em cadelas e gatas é uma prática muito comum entre os tutores que querem evitar gravidezes indesejadas. Mas essas drogas provocam vários efeitos colaterais que podem colocar em risco a saúde dessas fêmeas. Dentre eles:
• Câncer de mama; • Hiperplasia das mamas (aumento exagerado, que causa inflamação e dor); • Hiperplasia endometrial cística (aumento das glândulas do útero e suas atividades); • Mucometra e piometra, que são infecções uterinas; • Má formação fetal; • Distocias (problemas no trabalho de parto); • Distúrbios urinários; • Ganho de peso; • Resistência à insulina, levando a um aumento da glicemia que pode resultar até em diabetes. • Reação local no sítio de aplicação.
Muitas vezes, os tutores procuram essas medicações após observarem que a cadela ou gata foi montada, como se fosse uma “pílula do dia seguinte”, mas a administração desses fármacos após a cópula, não impede o desenvolvimento da gestação, muito pelo contrário! Eles prolongam o período gestacional e não permitem o desenvolvimento normal do trabalho de parto, ocasionando a morte fetal, em consequência do envelhecimento e deslocamento da placenta.
Essa condição muitas vezes evolui para um processo infeccioso grave que pode até levar a fêmea a óbito. Essas injeções, popularmente conhecidas como "vacina para não engravidar" ou “vacina anti-cio” são compostas, na maioria das vezes, por altas doses de hormônios esteroides do tipo progestágenos.
Em alguns países há restrições quanto ao uso desses anticoncepcionais em pets, especialmente sem orientação veterinária; é o caso de alguns estados Americanos, da Nova Zelândia, Austrália, Suécia e Noruega.
Porém, no Brasil, essas drogas ainda são amplamente utilizadas como método contraceptivo, provavelmente, pela facilidade de aquisição através da venda indiscriminada nos balcões de casas veterinárias, preços acessíveis e facilidade de aplicação por pessoas leigas.
Alguns Projetos de Lei que visam a restrição da venda de medicamento anticoncepcional sem orientação veterinária, já foram propostos em alguns estados do Brasil. É o caso da PL 4853 que “proíbe a comercialização e uso de medicamentos anti-cio em todo o território nacional”. Esse Projeto de Lei foi proposto por um deputado cearense no ano de 2020 e ainda tramita no Senado para a aprovação.
Não custa lembrar que o método contraceptivo mais seguro para cadelas e gatas é a castração e que, além disso, ela ajuda na redução da incidência de tumores de mama, elimina as chances de problemas uterinos e ainda, de forma indireta, ajuda no combate às zoonoses por meio do controle populacional de animais.
Agora que sabemos os riscos que as injeções anticoncepcionais podem trazer para cadelas e gatas, vamos difundir essas informações? Podemos ser multiplicadores de bons conhecimentos! E na dúvida, procure um médico veterinário.
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