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Macron e Le Pen frente a frente
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Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO

Macron e Le Pen frente a frente

Tipo Opinião
LE PEN E MACRON, no debate do 2º turno em 2017 (Foto: ERIC FEFERBERG / POOL / AFP)
Foto: ERIC FEFERBERG / POOL / AFP LE PEN E MACRON, no debate do 2º turno em 2017

Na França, entrando em reta final da disputa no 2º turno, Emmanuel Macron e Marine Le Pen ficam frente a frente amanhã para o debate televisionado entre os postulantes à cadeira presidencial do Palácio Eliseu, quatro dias antes dos franceses irem às urnas. Diferentemente do Brasil, onde os candidatos costumam rodar emissoras fazendo duelos de propostas, ideias, réplicas e tréplicas, na França eles se encontram apenas uma vez, o que aumenta a importância do debate. Principalmente na tentativa de conquistar os eleitores indecisos.

Na eleição de 2017, o debate entre os mesmos Macron e Le Pen não chegou a ser decisivo para o resultado final. Afinal, o candidato de centro venceu com folgada margem de votos (66,1% x 33,9%). No entanto, o encontro de cinco anos atrás mostrou a líder da extrema-direita com um discurso agressivo tentando reverter sua desvantagem e que deixou transparecer o vazio de ideias de sua plataforma de campanha à época diante de Macron.

(ARQUIVOS) Nesta foto de arquivo tirada em 21 de novembro de 2017, a extrema-direita francesa Rassemblement National (RN), anteriormente conhecida como Front National (FN), a presidente do partido Marine Le Pen (E) aperta a mão do presidente francês Emmanuel Macron após sua reunião no palácio do Eliseu em Paris(Foto: LUDOVIC MARIN / AFP)
Foto: LUDOVIC MARIN / AFP (ARQUIVOS) Nesta foto de arquivo tirada em 21 de novembro de 2017, a extrema-direita francesa Rassemblement National (RN), anteriormente conhecida como Front National (FN), a presidente do partido Marine Le Pen (E) aperta a mão do presidente francês Emmanuel Macron após sua reunião no palácio do Eliseu em Paris

Para esta eleição, Le Pen tentou amenizar o discurso. Como slogan de campanha, tascou um “Mulher de Estado” ("Femme d'Etat") estampado nos cartazes com a foto dela espalhados pelas principais cidades francesas, na tentativa de se mostrar como uma política “moderada” e aberta ao diálogo. Pode até ter colado em parcela do eleitorado, mas ainda parece pouco para convencer a maioria dos franceses de que ela é a melhor escolha para o cargo.

Por outro lado, Macron não tem mais o frescor de cinco anos atrás. Desgastado após um mandato marcado por protestos dos “coletes amarelos”, pandemia da Covid-19 e suas consequências e, mais recentemente, as frustradas tentativas de evitar a Guerra na Ucrânia, o presidente francês vai para o debate sabendo que não terá vida tão fácil.

O presidente da França e candidato à reeleição do La Republique en Marche (LREM), Emmanuel Macron, fala durante uma reunião de campanha eleitoral em Marselha, sul da França, em 16 de abril de 2022, antes do segundo turno das eleições presidenciais da França.(Foto: CHRISTOPHE SIMON / AFP)
Foto: CHRISTOPHE SIMON / AFP O presidente da França e candidato à reeleição do La Republique en Marche (LREM), Emmanuel Macron, fala durante uma reunião de campanha eleitoral em Marselha, sul da França, em 16 de abril de 2022, antes do segundo turno das eleições presidenciais da França.

As pesquisas apontam um favoritismo ainda confortável para Macron, com estimativas de vitória por 56% a 44%, aproximadamente. Para amanhã, a tendência é que a estratégia do presidente deva ser a de expor as fragilidades da plataforma econômica de Le Pen e relembrar o quanto a candidata da extrema-direita sempre se mostrou eurocética e elogiosa ao presidente da Rússia, Vladimir Putin

Assim como tentar distanciar a própria imagem de alguém muito à direita, para atrair os eleitores do candidato de esquerda Jean-Luc Mélenchon, 3º colocado no primeiro turno com cobiçados 22% dos votos.

Moderação até a página 2

Os nove dias que já se passaram desde a confirmação do resultado no 1º turno serviram também para deixar mais claras as estratégias de Emmanuel Macron e Marine Le Pen para vencer nas urnas. Após décadas construindo uma trajetória política ligada à pauta anti-imigração – tema historicamente muito sensível no debate político e social francês – a candidata do Reagrupamento Nacional mostrou que, por mais que queira emplacar um discurso moderado, é muito difícil ir contra a própria natureza. Ou pelo menos contra a base eleitoral que a sustenta.

Le Pen voltou a afirmar que, caso chegue ao poder, o governo irá multar as mulheres que usarem em público o “hijab”, véu tradicionalmente usado por muçulmanas. Macron, por sua vez, aproveitou para criticar a proposta e se mostrar, como ele próprio diz, um “defensor da liberdade religiosa”.

A candidata presidencial do partido de extrema direita francês Rassemblement National (RN), Marine Le Pen, chega para fazer um discurso em uma reunião com apoiadores como parte de uma visita de campanha em Avignon em 14 de abril de 2022.(Foto: CHRISTOPHE SIMON / AFP)
Foto: CHRISTOPHE SIMON / AFP A candidata presidencial do partido de extrema direita francês Rassemblement National (RN), Marine Le Pen, chega para fazer um discurso em uma reunião com apoiadores como parte de uma visita de campanha em Avignon em 14 de abril de 2022.

Verdade seja dita também que Macron, justamente para tentar trazer para si o eleitor mais à direita na França, já causou controvérsia entre muçulmanos ao falar em “separatismo islâmico” após série de ataques na França no fim de 2020. De qualquer forma, grupos como a Grande Mesquita de Paris e a Congregação dos Muçulmanos da França se manifestaram em favor de Macron na eleição de domingo.

Cerca de 5 milhões de muçulmanos estão aptos a votar na França, o que representa por volta de 9% do eleitorado. Quase 70% dessa parcela da população votou no 1º turno em Jean-Luc Mélenchon.

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