Editor de Política do O POVO, escreve sobre Política Internacional. Já foi repórter de Esportes, de Cidades e editor de Capa do O POVO
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O ano de 2024 será particularmente movimentado no que se refere à realização de eleições ao redor do mundo. Aproximadamente metade da população do planeta irá às urnas escolher chefes de Executivo ou representantes de Legislativo.
Cerca de 30 países escolherão presidentes ao passo que em outros 20 estão previstas eleições para o Legislativo em regimes parlamentaristas. Considerando as eleições para o Parlamento Europeu marcadas para junho nos 27 países do bloco, são 80 os estados que terão eleições em 2024.
Em casos como o do Brasil, que escolherá prefeitos e vereadores em 5.570 municípios, pleitos locais têm um peso político importante dois anos antes das eleições gerais. Fato é que dos 10 países mais populosos do mundo, apenas China e Nigéria não terão eleições.
Algumas dessas disputas inescapavelmente ganham mais visibilidade e atenção dados os seus pesos para o cenário internacional. O exemplo óbvio é dos Estados Unidos, que em novembro decide quem estará à frente da maior potência econômica e militar pelos próximos quatro anos.
Mas esse não é o único. Eleições na Rússia e na Índia também mexem com o tabuleiro global mesmo com a previsibilidade das vitórias de Vladimir Putin e Narendra Modi, respectivamente. Assim como o Reino Unido, cujo cenário é mais indefinido.
O primeiro pleito de 2024 foi realizado em Bangladesh no último fim de semana. O país com a 8ª maior população do mundo (170 milhões de habitantes) teve eleições cercadas de desconfiança internacional. A primeira-ministra Sheikh Hasina foi reconduzida para um 5º mandato seguido após uma disputa boicotada pela oposição, que acusa o governo de fraude e perseguição.
Portanto, é importante frisar que o grande número de pessoas indo às urnas não deve ser interpretado como um avanço democrático sistêmico em todo o mundo. Todas essas eleições ao redor do mundo têm suas particularidades e precisam de um olhar individualizado para o contexto nas quais são realizadas.
No próximo sábado, 13, Taiwan realizará eleição que tem potencial de impacto global. Eleita em 2016 e reeleita quatro anos depois, a presidente Tsai Ing-wen não pode concorrer a um terceiro mandato.
Ela escolheu o vice, Lai Ching-te como candidato a sucessão pelo Partido Democrático Progressista (DPP). Ele pretende seguir a plataforma política de Tsai, que embora dona de um perfil moderado, teve oito anos de governo marcados pelo aumento das tensões com Pequim.
Lai lidera as pesquisas com cerca de 36% dos votos e é apoiado por grupos que defendem uma postura independentista de Taiwan, o que pode intensificar as tensões com a China.
Da oposição, dois nomes tentam desbancar o DPP. Hou Yu-ih aparece com 31% das intenções de voto e está em curva ascendente nas pesquisas. Candidato do histórico Partido Nacionalista Chinês (Kuomintang) defende uma relação mais pragmática com Pequim.
Assim como Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan (TPP), que figura com 24% nas pesquisas. Os dois blocos de oposição não chegaram a um consenso em relação ao nome para a disputa, mas concordam com a viabilização de um maior diálogo com o Partido Comunista Chinês.
Mesmo com a maioria da população da ilha se identificando como taiwanesa, as pesquisas apontam um desejo dessa mesma população de uma abertura maior no diálogo com o Partido Comunista Chinês.
O presidente chinês Xi Jinping tem elevado a retórica de ameaça contra Taiwan nos últimos anos e especialmente nas últimas semanas de 2023 como forma de influenciar as eleições.
A disputa pode ter um impacto direto nas relações da China com os Estados Unidos, que promete sair em defesa de Taiwan caso haja uma incursão militar à ilha. Se essa eleição tem efeitos na forma como as duas maiores potências globais sentam para conversar, não é exagero falar o potencial de impacto mundial que ela possui.
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