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Camilo, Elmano, eu e o medo do adversário
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Camilo, Elmano, eu e o medo do adversário

Como se fosse ensaiado, como se tivessem treinado, o ministro e o governador repetiram o mesmo discurso
Lula, Camilo Santana e Elmano de Freitas na cerimônia de entrega do Prêmio MEC da Educação Brasileira, no Palácio do Planalto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Lula, Camilo Santana e Elmano de Freitas na cerimônia de entrega do Prêmio MEC da Educação Brasileira, no Palácio do Planalto

Segunda-feira, Palácio do Planalto. O presidente Lula entrega o Prêmio MEC, criado pelo Ministério da Educação, para reconhecer os esforços na educação. O Ceará foi destaque: 4 troféus para o estado e 11 no total.

Pauta boa, Elmano sai do elevador feliz para dar entrevista. Na ocasião, ele exaltou o trabalho continuado no estado, que teve início com Cid Gomes, passou por Camilo e chegou nele. Até que um chato (eu) faz a pergunta indesejada. "E o Ciro como candidato ao governo pelo PSDB?"

Elmano engoliu seco, sorriu amarelo, fez um pequeno prólogo antes de lacrar. "Adversário não se escolhe, se enfrenta", cravou.

Subi as escadas na esperança de encontrar Camilo Santana. O ministro chegava para tirar fotos com os premiados. Esperei. Virei o fotógrafo para que o profissional participasse da foto dos servidores do ministério.

15 minutos depois, Camilo me atendeu. A pergunta foi a mesma. "E o Ciro?". Como se fosse ensaiado, como se tivessem treinado, o ministro rebateu. "Adversário não se escolhe...".

Corta pra terça-feira de manhã. Estou na frente do computador acompanhando o sorteio da Copa do Brasil. Sai a bolinha do Vasco e eu torci. "Só não quero enfrentar o Botafogo", pensei.

"Botafogo. Vasco x Botafogo", o áudio do computador devolveu. Na hora, como num reflexo, a frase de Camilo e Elmano, criador e criatura, bateu na cabeça. "Adversário não se escolhe, se enfrenta".

Foi ali, temendo mais um fracasso futebolístico do meu time, que entendi: ninguém fala isso sobre adversário fraco. Ninguém teme o concorrente pior.

Jogar pra cima com uma frase de efeito é, também, ter medo. É claro que 2026, diferente de Vasco x Botafogo, não há definição. O confronto pode, sim, mudar, mas há, no mínimo, o receio de Ciro.

Diferente de Fernando Diniz, Camilo e Elmano já têm planos: usar o apoio dos prefeitos, fortalecer a base aliada e apresentar as conquistas dos dois governosf serão as prioridades.

As chances são boas, o discurso está ensaiado e afiado. Só resta confirmar o confronto.

No meu caso, só resta rezar.

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