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Os motivos da derrota do governo na CPMI do INSS
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Os motivos da derrota do governo na CPMI do INSS

A articulação prévia e o ok dos presidentes colocaria Omar Aziz na presidência, mas o relaxamento e a falta de trabalho no dia da instalação impuseram a inesperada derrota
Tipo Análise
CPMI do INSS. Deputado Zé Trovão (PL-SC) em destaque (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado CPMI do INSS. Deputado Zé Trovão (PL-SC) em destaque

Não faltaram adjetivos para classificar a derrota do governo na instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar as fraudes no INSS. “Foi um cochilo”, disse Lindbergh Farias. “Comemos bola”, avaliou José Guimarães. “Subestimamos o poder de articulação da oposição”, apontou Randolfe. Trocando em miúdos: faltou trabalho e vontade; sobrou ignorância e culpados.

Parecia tudo certo. Davi Alcolumbre e Hugo Motta indicaram nomes com a anuência do governo para comandar a CPMI. Omar Aziz seria o presidente, Ricardo Ayres, o relator. Eles chegaram a se reunir antes da instalação do colegiado para debater como seria a investigação. Ayres viveu 15 minutinhos de fama, e só.

Marcada para 10h da manhã, a instalação demorou. A mesa buscava o senador mais velho para assumir a presidência interina. Teresa Cristina, ex-ministra de Bolsonaro e um dos nomes fortes da oposição foi colocada à mesa. “Tem coisa errada aí”, cochichou o deputado Duarte Júnior, do PSB. Os líderes do governo não se atentaram a isso quando escalaram os parlamentares que farão parte do colegiado.

Com a sala cheia, mas sem a presença de todos os parlamentares, ela abre a sessão. A oposição anuncia que pulou fora do acordo e quer votação para presidente da CPMI. Os candidatos são Omar Aziz e Carlos Viana.

Já em desespero, Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso e responsável governista pela CPMI, saca o telefone, sai da sala e telefona para os deputados faltantes. Rafael Brito, do MDB, está fora do Brasil. Mário Heringer, do PDT visita o médico. Ali, o caldo entornou. Randolfe cochilou, comeu bola, subestimou, vacilou, dormiu e não trabalhou. Viu a oposição estudar o regimento e entender que, em caso de faltas, qualquer deputado presente votaria. O PL teve 6 votos entre os 16 deputados. Teresa Cristina fechou a votação e a derrota estava consolidada.

“A culpa é sua e da Gleisi”, disse Omar a Randolfe ao deixar o plenário. A cara de insatisfeito contrastava com a alegria da oposição, que merece todo o reconhecimento pelo trabalho. Agora, os governistas planejam a retomada do colegiado, mas vai ser difícil.

A falta que Jaques faz…

“Se o Jaques tivesse aqui, isso não teria ocorrido”, era o que se ouvia nos corredores do Senado Federal. É inegável o trabalho do líder de Lula no Senado, Jaques Wagner. O homem segura a casa na unha e ninguém, até aqui, conseguiu dar a volta nele. Rodrigo Cunha, Rogério Marinho e Marcos Rogério já tentaram, todos sem sucesso.

Jaques conhece o regimento como ninguém, é estudioso e não se ausenta quase nunca. A dor na perna pós-cirurgia o tirou de combate e acertou no governo. A volta dele será primordial para que os governistas recuperem a maioria na CPMI.

A ideia é forçar uma substituição de membros e fazer com que a maioria ampla seja mais ligada a Lula do que a Bolsonaro. Para isso, é preciso maior interlocução com os partidos e, principalmente, com a federação União Progressista. Sem diálogo com os presidentes, Antonio Rueda e Ciro Nogueira, os governistas vão apelar para Davi Alcolumbre e Arthur Lira. Os escalados para a missão são os dois líderes que passaram ilesos na derrota: Jaques Wagner e José Guimarães.

Os três cearenses da CPMI do INSS

Do Ceará, Cid Gomes (PSB) e Eduardo Girão (Novo) vão compor a CPMI como titulares, e Augusta Brito (PT) como suplente. O colegiado ainda pode mudar e contar com outro nome do PDT no lugar de Heringer, caso ele seja impedido por motivos médicos. Nesse caso, quem assumiria a vaga seria André Figueiredo.

Colaborou Maria Luiza Santos

Foto do João Paulo Biage

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