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O primeiro dia de julgamento em 5 atos
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

O primeiro dia de julgamento em 5 atos

Moraes reafirmou soberania; Gonet implicou Bolsonaro e os outros réus; bate-boca entre Cármen Lúcia e advogado; e Demóstenes delivery de cigarro: o resumo do dia 1
Tipo Opinião
JULGAMENTOS da ação penal 2668 na 1ª turma do STF (Foto: Antonio Augusto/STF)
Foto: Antonio Augusto/STF JULGAMENTOS da ação penal 2668 na 1ª turma do STF

Por mais que tenha parecido sonolento, o primeiro dia do Julgamento do Golpe foi movimentado desde antes da sessão ser iniciada. Confira os 5 pontos que agitaram o dia 1 do julgamento que pode colocar Jair Bolsonaro na cadeia.

Segurança reforçada

A chegada ao STF foi diferente, nesta terça-feira. Carros de aplicativo pararam mais distantes do Anexo 2, local onde fica a Primeira Turma. Houve uma primeira triagem antes do credenciamento: uma fila enorme de jornalistas aguardava a entrega do crachá que garantiria o acesso ao local.

Enquanto isso, um helicóptero e dois drones sobrevoavam a região. Quatro viaturas da Polícia Judicial estavam estacionadas em frente ao prédio; 2 motos faziam a ronda no local e 2 cães farejadores passavam perto das bolsas de hora em hora. Tudo isso para garantir segurança ao julgamento.

Moraes reafirma soberania

O julgamento foi iniciado às 9h10min. O ministro presidente da turma, Cristiano Zanin, abriu a sessão e passou a palavra a Alexandre de Moraes, que fez a leitura do relatório.

No momento mais emblemático do parecer, Moraes rejeitou a possibilidade de se render às ameaças e sanções. “O STF sempre será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional. As tentativas de obstrução não afetarão a imparcialidade e a competência dos juízes dessa corte”, afirmou.

Gonet coloca Bolsonaro no centro do golpe

Após a leitura do relatório, o procurador-Geral da República, Paulo Gonet, fez a sustentação oral da acusação. Gonet falou por uma hora e meia e disse que Bolsonaro sabia de tudo — desde as blitze no segundo turno ao plano Punhal Verde e Amarelo.

“Não é preciso um esforço intelectual extraordinário para entender que quando o presidente da República e o ministro da Defesa convocam os comandantes das Forças Armadas para mostrar o plano, é porque o processo está avançado”, sustentou Gonet.

Cármen Lúcia, o advogado e o voto impresso

Durante a sustentação oral, o advogado do deputado Alexandre Ramagem, Paulo Cintra, tratou o voto impresso como sinônimo de voto auditável. Assim que ele terminou o tempo de fala (uma hora para cada advogado), ela rebateu prontamente. “Vossa senhoria sabe a diferença entre ‘processo eleitoral auditável e ‘voto impresso’?”, perguntou a ministra.

Paulo Cintra respondeu que sim, e ela seguiu. “Pois o senhor repetiu como se fosse sinônimo, e não é. Porque o processo eleitoral no Brasil é auditável, passa por auditoria e passa para quem está assistindo que parece que não é auditável”, avaliou Cármen Lúcia.

Demóstenes amigo de todos

Advogado do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-senador Demóstenes Torres deu um show à parte no julgamento da terça-feira. Primeiro, se disse amigo de todos. “Uma vez me perguntaram ‘será que existe alguém que gosta do Alexandre de Moraes e do Jair Bolsonaro?’ e eu respondi ‘Eu. Eu gosto dos dois”, disse.

Depois, Demóstenes foi além. “Sou tão amigo do Bolsonaro que me colocaria para levar cigarro pra ele onde quer que ele esteja”. Tá adiantando a prisão do ex-presidente, doutor?

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