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Dia 3: Moraes busca apoio em Dino e chama Bolsonaro de ‘líder de grupo criminoso’
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

Dia 3: Moraes busca apoio em Dino e chama Bolsonaro de ‘líder de grupo criminoso’

Ministro se mostra rancoroso com advogados que levantaram suspeita sobre ele, provoca Matheus Milanez e busca apoio em Flávio Dino
Tipo Análise
Alexandre de Moraes durante o julgamentos da ação penal 2668 (Foto: Gustavo Moreno/STF)
Foto: Gustavo Moreno/STF Alexandre de Moraes durante o julgamentos da ação penal 2668

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou na reta final com os votos dos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. O primeiro a votar foi o relator, o ministro Alexandre de Moraes, que preparou uma apresentação em PowerPoint, como a feita por Deltan Dallagnol no caso Lula, para incriminar Bolsonaro e os réus do Núcleo 1 — considerado o grupo crucial da tentativa de golpe de estado.

Moraes começou o julgamento visivelmente mais nervoso que nas outras sessões. Em três oportunidades, ele chamou o ministro Flávio Dino, que concordava, com a cabeça, com o que o relator dizia. Sentados um à frente do outro, Alexandre de Moraes parecia procurar um tipo de apoio, mesmo que visual, do colega, que retribuia.

O ministro ativou o modo "Xandao" ao rebater as sustentações orais dos advogados. Num dado momento, provocou Matheus Milanez, que reclamou da quantidade de perguntas feitas por Moraes aos réus. “Não cabe a nenhum advogado contar quantas perguntas o juiz ou o ministro faz”, reclamou, mas ironizou logo depois. “Na minha 42ª pergunta, ministro Flávio…”, arrancando uma risada do colega.

Fux dá indícios de divergência

Na leitura das preliminares, o primeiro momento de tensão. Moraes rejeitava os pedidos de anulação da colaboração premiada de Mauro Cid e a ida do processo ao plenário do Supremo Tribunal Federal, quando foi interrompido pelo ministro Luiz Fux. “Ministro relator, deixo claro que vou voltar nas preliminares na leitura do meu voto”, disse Fux num tom pouco amistoso.

Logo depois, foi a vez de Flávio Dino interromper o voto de Moraes para fazer um aparte. Fux pegou carona e reclamou. Disse que, por acordo dos ministros, os votos não serão interrompidos por outros integrantes da Primeira Turma. Moraes respondeu. “Eu permiti o aparte, ministro Fux”, que retrucou. “Eu não vou permitir”, afirmou Fux.

Para quebrar o clima pesado que ficou no diálogo, o sempre irônico Flávio Dino tranquilizou Fux com uma alfinetada. “Não irei lhe interromper, ministro. O sr pode dormir tranquilo”, falou.

As conversas se dão em meio a uma possível divergência de Fux no julgamento. Durante todo o processo, o ministro pediu para levar o julgamento de Bolsonaro para o plenário, mas não foi atendido. Ele também reclamou da rigorosidade das penas aplicadas aos condenados pelo 8 de janeiro. A tendência é que Fux vote pela absolvição ou por uma pena alternativa do ex-presidente.

“Líder de grupo criminoso”

Sobre a denúncia, Moraes foi implacável. O ministro disse que não há dúvidas sobre a tentativa de golpe de Estado. “Houve uma série de atos executórios para que houvesse a sua perpetuação no poder. Que esse grupo político se perpetuasse no poder, impedindo, seja a posse de um novo governo eleito pelo povo, seja retirando-o do poder”, apontou o relator.

Moraes chamou Jair Bolsonaro de líder da organização criminosa. O ministro mostrou mensagens trocadas por Bolsonaro e não se referiu ao ex-presidente pelo nome. “O líder do grupo criminoso deixa claro aqui, de viva voz, de forma pública, para toda a sociedade, que jamais aceitaria uma derrota democrática nas eleições", avaliou.

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