João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais
Voto de Cármen Lúcia quase teve momentos em trio: Dino e Moraes aproveitaram os apartes para formar time e responder ao voto de Fux.
Foto: Victor Piemonte/STF
MORAES e Cármen Lúcia no julgamento no STF ontem
“Amanhã, eu estarei aqui cedo para ver o voto da ministra Cármen Lúcia”, foi o que me disse o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, ao deixar o Supremo Tribunal Federal na quarta-feira, após o voto de Luiz Fux. A expectativa se dava pelas possíveis respostas que a ministra daria a Fux pelo voto a favor dos réus.
A chegada ao STF já foi bem diferente de quarta-feira. Se para o voto de Fux os deputados da oposição vieram em peso, na quinta, foram os governistas que ocuparam a Primeira Turma do STF. Não demorou até vir a primeira resposta de Cármen Lúcia, que, já no início, provocou Fux ao votar pela competência do STF em julgar o caso. “Eu sempre votei do mesmo jeito. Não há nada de novo para mim, não mudei meu voto”, disse a ministra em alusão à mutação nos votos do colega.
Depois, a ministra, com oratória e delicadeza elogiáveis, mais uma vez zombou do voto de Fux. O ministro alegou falta de provas para inocentar Bolsonaro e outros cinco. Cármen Lúcia apontou ‘prova cabal’ da organização criminosa. Fux mal olhava para Cármen.
Gentilezas entre Dino e Cármen Lúcia
Durante o primeiro voto da semana, proferido por Alexandre de Moraes, o ministro Flávio Dino pediu um aparte, que foi concedido. Após o diálogo entre o dois votantes pela condenação, Fux reclamou e disse que não permitiria cortes. Ele votou por quase 13 horas sem ser interrompido.
Na primeira hora do voto de Cármen Lúcia, o mesmo Dino pediu para complementar. “Me dê um aparte, ministra?”, perguntou. “Todos, ministro”, devolveu, com um sorriso, Cármen Lúcia. Dino, porém, quis pedir demais e Lúcia logo cortou. “Nós, mulheres, ficamos 2000 anos caladas. Nós queremos ter o direito de falar”, disparou a ministra. O clima, porém, foi amistoso entre os dois, enquanto Fux olhava com cara fechada.
Passeio na Disney
Logo depois, um nervoso Moraes também pediu para responder. Munido de um vídeo de Jair Bolsonaro, o relator fez um longo aparte para mostrar ameaças feitas pelo ex-presidente ao Supremo Tribunal Federal. Moraes ativou o modo Xandão e
“Muito importante deixarmos muito claro para a sociedade, como eu disse no primeiro julgamento, lá em 2023, não foi um domingo no parque, não foi um passeio na Disney: foi uma tentativa de golpe de Estado”
Após estabelecer penas, Moraes reclama de Fux
Alexandre de Moraes não deixou barato o longo voto de Luiz Fux e reclamou na cara dele, na frente de todo mundo, das quase 13 horas de voto. Em diálogo com Flávio Dino, Moraes fez uma brincadeira, mas sem citar Fux. “Eu não falei com vossa excelência a maldade que me fizeram ontem de fazer eu perder quase do jogo do Corinthians e Athlético. Eu cheguei em casa e já estava 2x0, para minha felicidade, mas perdi aquele momento de felicidade dos dois gols”, brincou.
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