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O show de Hugo Motta na Câmara
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João Paulo Biage é jornalista há 13 anos e especialista em Comunicação Pública. De Brasília, acompanha, todos os dias, os passos dos parlamentares no Congresso Nacional e a movimentação no Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente. É repórter e comentarista do programa O POVO News e colunista do O POVO Mais

O show de Hugo Motta na Câmara

Ele não tem a esquerda, não tem a direita, não tem tato político, não tem respeito à imprensa e não tem o povo. Se especializou em fazer o errado, e deu um baile em quem acreditou nele
Tipo Opinião
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PRESIDENTE da Câmara, Hugo Motta (Foto: Marina Ramos/Agência Câmara)
Foto: Marina Ramos/Agência Câmara PRESIDENTE da Câmara, Hugo Motta

Opresidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, decepcionou muito no primeiro ano de presidência da Casa, mas, olha, a nota zero só apareceu mesmo na penúltima semana de presidência. O anúncio das votações apressadas do PL da Dosimetria e das cassações de Carla Zambelli (PL-SP), Gláuber Braga (PSOL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), além da perda de mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foram as cerejas do bolo: Hugo Motta encerraria o ano da pior maneira possível.

O presidente conseguiu desagradar todos os espectros da casa com a divulgação da pauta: esquerda, direita e centro. A esquerda por ser contra o PL da Dosimetria, a direita por ver a possibilidade de perder 3 deputados e o Centrão por não participar do acordo. Mas a situação escalou e a imagem de Hugo Motta piorou com o passar das horas.

O receio de ser chamado de 'frouxo' o fez mandar a polícia legislativa retirar imprensa e deputados à força do plenário. O caso ocorreu durante a ocupação da mesa diretora pelo deputado Glauber Braga e feriu duas deputadas do PSOL, um do PT e um do PDT, além de 13 profissionais da imprensa.

No dia seguinte, Motta pautou as cassações de Glauber Braga e Carla Zambelli. Ele havia prometido para Arthur Lira e ministros do Supremo Tribunal Federal que o resultado seria o afastamento dos dois. Derrota em ambos os cenários e um presidente considerado fraco e humilhado.

O saldão de fim de ano de Hugo Motta, para tentar zerar as pautas polêmicas da Casa, acabou com a credibilidade dele e deixou todo mundo insatisfeito. Um show de horrores de um presidente autoritário e fraco ao mesmo tempo.

PL da Dosimetria deve ser aprovado no Senado

Não dá para correr da aprovação do projeto de lei que reduz as penas dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Com os apoios da maioria de PSD, União Brasil e PP, o PL da Dosimetria será ratificado no Senado Federal e, a depender das mudanças no texto, seguirá para sanção presidencial.

Há uma casca de banana jogada no meio do caminho pela base governista. O senador Esperidião Amin (PP-SC) foi escolhido por ser o senador de centro mais favorável à anistia aos golpistas. Caso ele tente alterar o texto para aumentar o nível do perdão a Bolsonaro, aí sim a matéria pode ser rejeitada ou empurrada para o ano que vem.

A tendência, porém, é de manutenção da maior parte do relatório aprovado na Câmara, algo que aumenta as chances de aprovação pelos senadores. A expectativa é de votação do PL da Dosimetria na quarta-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e também no plenário.

Semana do legislativo será intensa

Câmara e Senado vão focar as semanas em votações consideradas importantes para 2026. Os deputados devem finalizar a regulamentação da Reforma Tributária com o PLP 108, de relatoria do deputado Mauro Filho (PDT-CE). A matéria trata do comitê gestor dos impostos arrecadados. Além disso, a Câmara também vota o projeto de lei que reduz os incentivos fiscais e faz o governo arrecadar R$ 20 bilhões de reais. A autoria do PL também é de Mauro Filho.

Já os senadores, além do PL da Dosimetria, precisam também aprovar a redução de benefícios fiscais. Haverá também sessão conjunta do Congresso, com deputados e senadores, para análise e aprovação da Lei de Orçamento Anual, a LOA de 2026.

 

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