Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
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Fortaleza - O segundo turno confirmado neste domingo ratificou pesquisas, valorizou as autencidades e desinflou egos. Isto aconteceu em todas as cidades onde haverá. Por partes: o cenário apontado em Fortaleza pelas pesquisas sérias (como o Datafolha) se confirmou, Kalil não precisou sorrir em Belo Horizonte e quem se achava invencível terá de engolir a nova eleição.
Como é natural em todas os pleitos de segundo turno, a hora é de conversar com os perdedores e também carimbar os adversários. Quem bateu em Luizianne, como Sarto, terá de por a bola no chão e procurar justificar porque Maria da Penha foi ignorada no primeiro turno. Ele começou a tentar logo na primeira fala após o resultado. Pela violência aplicada na fase 1 da eleição, porém, não será tarefa simples obter um perdão da candidata. Mas do partido nem tanto.
O pragmatismo é de lei. Foi o motor dos ataques à petista e vai alimentar o diálogo com o pragmático PT. Havia o temor de perder a vaga no segundo turno, daí a mira na loura. Cascavilharam o pior do clipping das duas gestões. Com o governador Camilo Santana agora livre do constrangimento de ser petista e cirista ao mesmo, o PT estará de amarelo, de qualquer modo.
O capitão também acenou. Saiu em defesa da deputada ante os ataques sofridos por ela. Naturalmente, um movimento cujo objetivo nem chega a ser ganhar o apoio. Maior do que as diferenças entre ela e os ex-aliados Ferreira Gomes, é a repulsa dela e do partido por Bolsonaro. Mas ajuda ficar do lado de quem é vítima. A propósito, Luizianne era o nome dos sonhos do núcleo duro da campanha de Wagner como oponente a partir deste domingo. Seria um alvo muito mais fácil e, decerto, sujeito a artillharia tão pesada quanto. Encarar o ascendente Sarto depois de vislumbrar uma vitória fácil é um drama musical para Wagner.
Agora os carimbos. As primeiras falas pós definição das urnas já sinalizam como sempre. Em São Paulo, Covas mencionou “extremismo”, em clara menção a Boulos, cuja liderança vem de um movimento de ocupação de imóveis. Em Fortaleza, Sarto falou em unir forças dos “candidatos da democracia”.
Bateu assim no capitão, agora cada vez mais vinculado ao presidente Bolsonaro, em quem os pendores democráticos não são uma marca. É o lado ruim do apoio. As pesquisas e as urnas mostraram o peso negativo. O lado bom é o discurso do lastro federal para uma gestão de profundos desafios fiscais e necessitada de uma reforma da previdência.
Wagner vai injetar mais munição nas armas que o fizeram uma das maiores novidades políticas da história recente do Ceará. Sua campanha terá 15 dias para convencer que ele encarna mais do que um contraponto à hegemonia sobralense, mas um nome capaz de dar respostas às demandas da quinta capital do País.
Tanto o capitão Wagner como Sarto Nogueira são fruto de grupos. Políticos ou corporativos. Wagner não gosta que lembrem que nasceu em um motim de PMs. Sarto precisa insistir que seria um prefeito com personalidade, mesmo não sendo chefe no grupo do qual faz parte. Justamente se desvencilhar é o que ambos mais buscam.
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