Logo O POVO+
Em Fortaleza, quem ganhou também perdeu
Foto de Jocélio Leal
clique para exibir bio do colunista

Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Em Fortaleza, quem ganhou também perdeu

Sarto ganhou, mas Wagner também. Roberto Cláudio e Camilo ganharam, mas Luís Eduardo Girão também. Ciro e Cid ganharam, mas Bolsonaro também teve sua parte neste latifúndio de votos. A frente ampla a misturar apoiadores de ocasião e aliados naturais venceu, mas de tão ampla e com vitória tão esguia, também perdeu
Tipo Opinião
Sarto e o vice, Élcio Batista, posam com a cadela Marrion durante votação neste domingo, 29 (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Sarto e o vice, Élcio Batista, posam com a cadela Marrion durante votação neste domingo, 29

Fortaleza - Sarto ganhou, mas Wagner também. Roberto Cláudio e Camilo ganharam, mas Luís Eduardo Girão também. Ciro e Cid ganharam, mas Bolsonaro também teve sua parte neste latifúndio de votos. A frente ampla a misturar apoiadores de ocasião e aliados naturais venceu, mas de tão ampla e com vitória tão esguia, também perdeu.

Em verdade, a diferença mínima entre Sarto e Wagner, se não chega a ter sabor de derrota para o grupo político dos Ferreira Gomes, possui notas de revés. Nestas eleições, não apenas em Fortaleza, a propósito. Vide Juazeiro do Norte e Caucaia. Mas fiquemos na Capital.

Como historicamente acontece, o exército de candidatos a vereador no primeiro turno simplesmente pisa no freio no segundo. Derrotados e eleitos. E ainda: pressões reais ou fabricadas como notícias falsas na periferia inibiram muitos de revelar a real intenção de voto.

De um lado havia um nome já conhecido e com apelo popular, a despeito da origem controversa, em um motim de PMs, e do apoio de Bolsonaro – um tanto camuflado. Do outro, um ex-vereador, deputado estadual com sete mandatos e pedindo para ser conhecido, o apoio de um prefeito e governador bem avaliados e dos irmãos Gomes – um tanto omitido.

O que aconteceu nas urnas neste domingo foi algo não identificado com exatidão por nenhum instituto de pesquisa? Em termos. Houve sinais emitidos pelo Datafolha e publicados pelo O POVO. Mesmo com a natural insatisfação manifestada por Wagner, logo após o veredicto, no coração da campanha dele a análise na tarde de sábado era racional.

Um dos cérebros do comitê disse o seguinte ao Blog: "O mais importante é que coloca 10% dos eleitores de Sarto podendo mudar voto. Ou seja, Datafolha deixou aberta a possibilidade de virada”. Diante deste quadro, o 57% a 43% do último levantamento não foi lido como fato consumado. Este foi um importante combustível para a véspera. Não deu, mas quase.

Vitórias apertadas ensinam muito. Fazem descer dos saltos, mostram a fadiga de modelos e a necessidade de não levar para o Palácio os erros do comitê. Nesta peleja, o vice Élcio Batista poderá ser determinante. A experiência como braço direito de Camilo Santana o habilita para tarefas de relevo. A campanha começou neste domingo.

Ao colocar a lanterna na proa, ficamos assim: Sarto tem pela frente a árdua missão de fazer uma gestão estupenda, pois já começa com um natural e forte opositor em 2024. Até a semana passada, quando era franco favorito a ganhar com folgas, a leitura no entorno dele era de que um feijão com arroz bem feito seria o bastante. Não será mais. Considerando a ótima avaliação do mandato de RC, precisará mesmo surpreender.

 

Foto do Jocélio Leal

Informe-se sobre a economia do Ceará aqui. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?