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Elegia a Gilmar de Carvalho
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Elegia a Gilmar de Carvalho

A professora Erotilde Honório, colega de Gilmar de Carvalho na Universidade Federal do Ceará (UFC), escreveu uma elegia sobre o amigo
Tipo Notícia
Gilmar de Carvalho é lembrado por ser um incentivador da arte cearense (Foto: Lia de Paula, em 15/09/2005)
Foto: Lia de Paula, em 15/09/2005 Gilmar de Carvalho é lembrado por ser um incentivador da arte cearense

Fortaleza - A jornalista, atriz e médica Erotilde Honório, colega de Gilmar de Carvalho no Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), escreveu uma elegia sobre o amigo:

Gilmar de Carvalho
o professor, escritor e pesquisador
era um homem “Manso e Humilde de coração”. (O Apóstolo Paulo descreve na Bíblia sagrada, Mansidão como um Dom do Espírito).
Gilmar de Carvalho carregava em vida um embornal inseparável, repleto de objetos surpresa, bem ao gosto do sertanejo nordestino.
Distribuía com os amigos um livro, um artigo, uma referência rara encontrada num arquivo antigo... Socializava os saberes!

Gilmar de Carvalho
recolhia nas suas andanças
pelas quebradas do sertão
as preciosidades vistas e não valorizadas
pelos doutos intelectuais.

O que será que Gilmar de Carvalho leva agora no seu embornal?

Na entrada do Céu São Pedro lhe escancara a Porta Celestial.
Sem pressa Gilmar oferece ao porteiro uma coleção de cordéis. Do seu jeito bonachão o Santo lhe sorri e indica o caminho já de olho na leitura.

Os Anjos mirins o rodeiam
e para estes Gilmar oferece os chapéus enfeitados do Reisado. Em seguida os Serafins recebem reco-reco e pandeiros trançados de fitas de todas as cores.
Aos Querubins distribui palha de milho e de bananeira, fibra de coco e muitas quengas (pra ritmar a folia), cipó, juta, cera de abelha, palhas de carnaúba, pedras diversas e areia colorida. O propósito é repaginar o Céu com as Alegrias Nordestinas.

Gilmar de Carvalho
caminha agora
pela Alameda Central do Paraíso
passos firmes, calmo, olhar atento.
Carrega nas mãos espalmadas um embrulho amarrado em cordão cru.
Avança com a simplicidade que o marcou na vida terrena. Pára. Abre um sorriso e entrega à Virgem Maria, (aquela mesma que salvou Joao Grilo das garras do Inditoso) a Nossa Senhora, a Misericordiosa, uma imensa e alva toalha de labirinto tecida pelos dedos calejados das rendeiras cearenses.
Salve Gilmar de Carvalho!

PS: E que fique registrado o meu protesto:
A gente devia morrer de morte morrida e não de morte matada pela incúria de autoridades várias que têm por obrigação de usar a Ciência para proteger o povo.
Gilmar é mais uma vítima e seu envelhecimento saudável e sua ainda frutífera prestimosidade à esta geração foi abortada.

Foto do Jocélio Leal

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