Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará
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Fortaleza - Philomeno Jr, um dos proprietários do Edifício São Pedro, na Praia de Iracema, está munido de uma série de laudos sobre a real situação do prédio. "Poderá colapsar a qualquer momento", diz ele. Dentre os laudos, um é assinado pelo Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) da Universidade Federal do Ceará (UFC). O laudo é categórico quanto ao risco.
Como conclusão, aponta: "Com o envelhecimento das estruturas de concreto armado, há a necessidade de reabilitação e recuperação de algumas estruturas, porém existem construções que apresentam manifestações patológicas em intensidade e incidência significativas, acarretando elevados custos para sua correção".
Prossegue: "Aliado a isto, em ambientes marinhos, localizados em áreas de forte taxa de agressividade, como o caso da cidade de Fortaleza, as estruturas de concreto estão sujeitas à situação de ataques agressivos de cloretos encontrados na maresia e na água do mar, culminando na aceleração do aparecimento de manifestações patológicas".
E mais: " Em adição, a estrutura de concreto armado perde sua estabilidade estrutural quando atinge níveis altos de degradação relacionados a um processo corrosivo. Após as vistorias e as análises in situ e em laboratório realizadas, constatou-se que a estrutura de concreto armado do Edifício São Pedro encontra-se em grande estado de deterioração, apresentando ataques severos as armaduras, devido principalmente a falta e/ou inexistência de cobrimentos adequados da armadura, carbonatação e ataque por íons cloreto, devido a qualidade do concreto que permitiu o acesso de elementos que atacaram a ferragem desencadeando o processo de oxidação."
Diz ainda o laudo, assinado pelos engenheiro Antonio Bezerra Cabral e José Ramalho Torres, "as manifestações patológicas identificadas na estrutura de concreto armado são tão acentuadas, que seria inviável economicamente recuperar totalmente a estrutura do Edifício São Pedro".
E afirma: " Neste mesmo sentido, Mehta e Monteiro (2014) salientam que quando as propriedades de um determinado material, sob determinadas condições de uso, deterioram de maneira que a continuação do uso deste material é considerada como insegura ou antieconômica, a sua vida útil tenha chegado ao fim".
Para o processo de recuperação da estrutura de concreto da edificação, diz ser necessário a demolição parcial de todas as alvenarias que estão em contato com esta estrutura.
Dá um exemplo: "Exemplificando, quando for recuperar um pilar, tem-se que liberar as quatro faces do
mesmo, ou seja, deve-se demolir as alvenarias adjacentes a esse pilar em pelo menos 1,5m do mesmo. Após a demolição das alvenarias, dependendo do projeto de recuperação da estrutura, este pilar sofrerá alterações na sua geometria (seção transversal), aumentando-a, pois se deve garantir o cobrimento das novas barras de aço, bem como da vida útil deste novo pilar recuperado, que é de pelo menos 50 anos. O anteriormente descrito aplica-se também aos demais componentes da estrutura, tais como as vigas. Ao
final, a depender das peças estruturais que estiverem adjacentes às alvenarias estas terão partes importantes demolidos".
Conclui: "Ademais, após o processo de reabilitação do edifício São Pedro, as medidas adotadas devem garantir o desempenho mínimo da estrutura, devendo atingir uma vida útil de período igual ou superior a 50 anos, conforme estabelece a ABNT NBR 15575".
No laudo, diz-se que na vistoria preliminar foram detectadas as seguintes manifestações patológicas:
- Armaduras de aço expostas;
- Armaduras corroídas, com redução de seção e rompidas;
- Concreto apresentando poros visíveis a olho nu e vazios macroscópicos;
- Cobrimento insuficiente e/ou inexistente das armaduras em alguns locais;
- Concretos com alta porosidade e dosados com agregados de dimensão máxima de
31,5 mm;
- Crescimento de árvores na estrutura;
- Infiltração de água na estrutura
No dia 19 de agosto, o prefeito José Sarto (PDT) indeferiu o tombamento provisório do edifício São Pedro. Na prática, abriu caminho para a demolição. O decreto 15.096 alegava que o prédio possui inúmeras patologias de alto grau, especialmente na estrutura de concreto armado. Isto tornaria inviável economicamente a recuperação da estrutura. Lembre clicando aqui
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