Intensivo de mão de obra de baixa qualificação, o setor calçadista cumpre um papel no Ceará. Gera empregos. Especialmente no Interior. E o polo de calçados do Ceará se movimenta para ampliar em vários municípios. Neste rol, está a Grendene, com expansão em Horizonte - com a Vulcabras para fabricar os tênis Mizuno; no Crato, com nova fábrica, e ampliação em Sobral. Estas duas para produzir as sandálias Azaleia.

Afora a gaúcha, a Paquetá investe em Irauçuba. Além dela, a Natiele Calçados. A Neorubber (sim, sandálias de borracha) mira Crateús e depois Solonópole e Senador Pompeu. A Dilly Calçados escolheu o Brejo Santo. Afora o setor calçadista, tem ainda os investimentos em confecções. A cearense Del Rio vai produzir em dois municípios, Madalena e Monsenhor Tabosa. Pedra Branca terá um galpão industrial para abrigar empresas de confecção. Todos estes para este ano já.

Para 2023, há uma outra lista na lousa do Ceará. Haverá investimento em Banabuiú, Solonópole e mais um em Crateús, além de expansão em Canindé. A Quixadá, deverá chegar uma empresa de Tecnologia da Informação (TI). Umirim deverá receber uma empresa de autopeças.

O governador Camilo Santana (PT) vai anunciar em breve a vinda de uma gigante de confecções de Santa Catarina.

Quem entra com o quê

O formato é semelhante. O Estado, via Agência de Desenvolvimento (Adece), entra com a construção do galpão e incentivos fiscais; a Prefeitura com o terreno e o capitalista com maquinário e a oferta de empregos. O galpão não é doado. A indústria utiliza em regime de comodato. O secretário Maia Jr, titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), explica que a Adece não cuida diretamente das obras dos galpões. Firma convênio e delega para as próprias prefeituras. Não fosse assim, comenta, a Adece seria uma grande agência de obras. O que não faria sentido.

PEDIDOS

Batidas na porta da frente

Aliás, não é de hoje. Prefeitos batem na porta do Governo a pedir uma indústria. Mas o Estado não decide onde os investidores irão. A decisão é de quem vai montar. Esta é a resposta clássica que levam de Maia Jr. E, convenhamos, a saída para as economias fora da Capital não necessariamente passa por estes salários mínimos a serem pagos. Pode estar em potenciais não explorados no setor primário. Dá mais trabalho, exige esforço das prefeituras e não casa com a urgência da política.

NEGOCIAÇÕES AGORA SÃO OUTRAS

CSP em paz com o Ceará

Hoje, a paz reina na relação entre a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e o Palácio da Abolição. Mas não estava sólida como aço até alguns dias atrás. Na caldeira estavam os interesses da CSP versus os interesses do Governo do Estado quanto ao que a empresa desfruta de incentivos fiscais. Passados os estresses, tudo certo e a empresa está redonda para as negociações visando a uma possível venda da parte da Vale. Uma fonte com acesso às mesas da Vale disse à Coluna: "Não há nada certo por ora". Por ora. Para a ex-estatal, "o assunto é muito sensível, estratégico e incerto". Palavras de outra fonte do coração da empresa.

SEIS USINAS

Aprovado parque solar em Aquiraz

O Conselho Estadual do Meio-Ambiente (Coema) aprovou o Projeto Morada do Sol, da Ômega, em Aquiraz. Localizado na zona rural de Aquiraz, tem como principal finalidade a ampliação da oferta de geração de energia elétrica limpa e renovável, com um acréscimo de 277,35 MWp de potência nominal, utilizando como fonte a radiação solar, por meio de conversão energética por painéis fotovoltaicos. Terá ao todo seis usinas fotovoltaicas (UFV Morada do Sol I a VI) e tem área total arrendada para o complexo de 734,56 hectares da Fazenda Ateiras. O complexo e será conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), na Subestação Aquiraz II. O projeto terá 71 inversores da fabricante Huawei.

HOLANDA-CEARÁ

À mesa com o embaixador

Na visita que fez ao Ceará na semana, o embaixador dos Países Baixos, André Driessen, teve como cicerone a vice-presidente da Mallory e cônsul honorária da Holanda, a britânica Annete de Castro. Na noite de segunda-feira, no restaurante LÔ, Driessen foi apresentado ao empresário Vilmar Ferreira, fundador da Aço Cearense. Vilmar leu a conjuntura macroeconômica do País para Driessen. Para Vilmar, dentre outras atitudes, o Brasil precisa cuidar do câmbio e garantir salário mínimo mais justo. Na quarta, após fazer entrega simbólica de kits escolares a estudantes em Caucaia - via Cruz Vermelha - Driessen conversou com a rádio O POVO CBN. Desconversou sobre a crise UE - Rússia.

NOVA INSTRUÇÃO

Agentes autônomos estão felizes

Na última quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional, do Ministério da Economia, aprovou a resolução que permite a organização de agentes autônomos de investimento sob forma de sociedade jurídica. Louise Porto Freire, Assessora de Investimentos e Sócia da VLGI, gostou muito. "Esse é um passo de consolidação da nossa indústria". O setor encara como garantia de maior competitividade no mercado financeiro. A Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos (Abaai) liderou o movimento a favor. Com a nova instrução, as sociedades de agentes autônomos poderão captar recursos para expansão de sócios e vislumbram governança melhor. As estruturas de agentes autônomos têm crescido muito. Hoje, existem operações que têm custódia maior do que algumas corretoras.

CONTAS PÚBLICAS

O case fiscal do Eusébio e a política

Eusébio é o município do Ceará com melhor índice de esforço fiscal próprio. Noutros termos, sua receita tributária própria proporcionalmente às transferências governamentais gerou o melhor percentual entre os 184 municípios cearenses. Sob a gestão do secretário Alexandre Cialdini, as receitas próprias do Eusébio representam hoje 33,40% da arrecadação total. Os dados, relativos ao ano de 2021, são do Sistemas de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi). O desempenho fiscal fortalece o prefeito Acilon Gonçalves (PL), em momento no qual ele, além de prefeito, é líder de um grupo político disputado pelo seu atual partido, que não pretende perdê-lo, e o PSDB. Aliás, foi no rigor fiscal (quando assumiu o Governo do Ceará em 1987) que o senador tucano Tasso Jereissati (que faz muito gosto pela sua ida) fez sua fortaleza na política.