Na Enel Ceará, a expectativa é de que, no máximo até setembro, seja definido quem será o novo controlador da companhia. Como é natural em anúncios de venda de empresas, o time de funcionários teve o sobressalto do anúncio, em novembro do ano passado, mas já são um tanto escaldados. Afinal, desde a saída do controle estatal, em abril de 1998, a empresa já passou pelas mãos de chilenos, espanhóis e agora italianos. Ademais, na aquisição de uma companhia os ativos humanos contam muito. Decerto, quem assumir manterá as equipes. Pessoal treinado custa caro. De todo modo, mudanças naturalmente haverá. Conforme o dono, há alterações de rota.

Em meio à indefinição, a revisão tarifária da companhia já acende a lâmpada amarela da empresa. Por mais que seja uma revisão, programada para acontecer a cada quatro anos, conforme rege o regulamento da concessão, os 2,28% médios propostos só aumentarão os desgastes da companhia após os 24,85% de abril de 2022. Alegou a crise gerada pelo baixo nível dos reservatórios em 2021, ativação das termelétricas e pelo aumento do custo operacional da empresa.

O senso comum e o discurso médio no parlamento miram na distribuidora, nunca na cadeia de remunerações entre a geração e a distribuição. Vejamos a tarifa na Enel Ceará: a geração corresponde a 32,9%, a transmissão a 5%, a distribuição a 26% e os encargos e tributos a 36,1%.

Nessa divisão de papéis, o Governo do Estado contribui com um pouco mais de carga para o fio descascado da Enel, vide o aumento de dois pontos percentuais na alíquota do ICMS. A subida foi uma alegada compensação para o corte sofrido no teto do imposto. O desgaste recai sobre quem cobra. Por falar no tributo, o Palácio da Abolição recolheu de ICMS da energia R$ 1.590 bilhão em 2022. No ano anterior, R$ 1.580 bilhão. A lembrar: o aumento da alíquota vigora em 2024, exceto que haja um milagre.

Ainda sobre a revisão tarifária, a presidente da Enel Ceará, Márcia Sandra Vieira, ponderou à Coluna não ser 2,28% médios algo além do razoável, ante outros estados. No Mato Grosso, a Energisa levou à Aneel uma prancheta com efeito médio de 9,36%. No vizinho Mato Grosso do Sul, a mesma concessionária pede 8,97%. A baiana Coelba sublinha 7,51%. A potiguar Cosern 3,57% médios. A paulista CPFL defende 10,02%. No Rio, a Enel RJ quer 13,02% - sendo 16,01% no grupo B e 15,82% no chamado B1 residencial. No Ceará, o percentual médio sugerido corresponde a redução de 3,74% no grupo A (alta tensão), aumento de 4,47% no Grupo B (baixa tensão) e 3,83% no B1 Residencial.

Culpa enviada a Temer

Uma das explosões de transformador na relação da Enel CE com o estado foi quando do anúncio recente do reajuste proposto para os clientes rurais (B2). Os 10,46% caíram como um raio no pasto. A alta, a se confirmar, é quase o dobro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aferido no ano passado, em 5,79%. Sandra minimiza. O Mato Grosso do Sul encara 17,59%, São Paulo 16,51%, Mato Grosso 15,69% e Bahia 14,04%. Os dados estão nas planilhas da Aneel, abertas a consultas públicas. Esta alta no rural remonta a dezembro de 2018, Governo Temer. Em um dos seus últimos atos ele retirou o subsídio do setor primário. Para amainar, diluiu ao longo de cinco anos, a acabar agora. O produtor irrigante é a única exceção mantida.

Audiência será terça-feira

A consulta pública foi aberta em 25 de janeiro e segue até o dia 10 de março. Antes, no dia 2, terça-feira agora, haverá uma audiência pública presencial. Será na sede da Arce, no Cambeba. Participam a Enel, entidades e cidadãos comuns. Todos podem fazer proposições relativas a esses cálculos. A Enel defende suas contas feitas, a Aneel escuta todo mundo. A diretora sorteada para vir é Agnes Maria de Aragão da Costa. Dia 18 de abril, saem os percentuais definitivos e no emblemático 22 de abril começam a vigorar.

CARREIRAS

Deixem as crianças fazer música e letras

O Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas, prevê que metade dos líderes de cibersegurança (também conhecidos como CISOs - Chief Information Security Officers) vai mudar de emprego até 2025. Outra: 25% dos profissionais irão migrar para outras funções motivados por múltiplos fatores de estresse relacionados ao trabalho. Há níveis insustentáveis de esgotamento mental. O, digamos, alerta de evasão soa ao tempo em que o mercado de segurança na web cresce, paga bem e procura gente. Noutros termos, o que deve ser o fator de decisão por uma carreira? Vagas, salários…? Pense nisso quando seu filho falar em cursar Música ou Letras.

PESQUISA FEBRABAN

Bancos preveem mais crédito este ano

As projeções feitas pelos bancos sobre o mercado de crédito apontam ligeira melhora para este ano - agora é esperada alta de 8,3% em 2023 ante 8,2% em dezembro de 2023, revela a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas. O levantamento é realizado a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata do Copom. Foram ouvidos 19 bancos. Subiu a estimativa para a expansão do crédito - pessoa física e jurídica.

PRÊMIO

João Carlos entrega troféu a 10 mulheres

O Grupo JCPM, dono do shopping RioMar Fortaleza, realiza na próxima quarta-feira, dia 1º, a 7ª edição do Prêmio RioMar Mulher. O evento é para convidados, acontece às 19h, no Teatro RioMar Fortaleza, e compõe a política de relacionamento do grupo pernambucano com o Ceará. O presidente João Carlos Paes Mendonça virá. Na lista de 10 mulheres homenageadas, Cacique Pequena (Arte e Cultura).

ACADEMIA

Cearenses também querem bolsas maiores

O Governo Federal anunciou o reajuste das bolsas de produção científica (Capes e CNPQ), congeladas há 10 anos. E isso só aumentou a pressão da parte de pesquisadores e estudantes. Naturalmente, querem o mesmo. O deputado federal Idilvan Alencar (PDT) - aquele partido governista, porém não oficialmente - teve com um grupo de mais de 100 bolsistas da Funcap. Idilvan ouviu deles que a equiparação de valores exige reajuste de R$250,00 na graduação (Iniciação Científica), R$440,00 no mestrado e R$660,00 no doutorado. Outra reivindicação é a criação de um calendário de pagamento das bolsas. Hoje, dizem, não tem. Em tempo: e a Funcap, hein? Qual ser a nomeação?

MERCADO LIVRE E OLX

ONGs entram com ação contra venda de animas na web

Seis organizações uniram-se para combater a prática da venda de animais em plataformas online. Ajuizaram em conjunto Ação Civil Pública na comarca central de São Paulo mirando Mercado Livre e OLX. As duas plataformas juntas somam quase 330 mil anúncios de animais. No mais das vezes, filhotes de cães e gatos de raça. Mas tem também pássaros, cavalos e até animais silvestres, dizem as ONGs. Em Minas, Mercado Livre ja até assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MP estadual em 2021. Prometeu a filtrar melhor os anunciantes. A Meta (Facebook, Instagram e Whatsapp) e Ebay já não permitem. As varejistas Cobasi e Petz também não vendem animais.

Horizontais

Sem apagão - A Enel Ceará promete acabar com o drama dos apagões no Icaraizinho de Amontada e entorno com a operação da subestação Baleia (Itapipoca). No carnaval, já operou em parte.

Lei da Ex - A ex-dona da Coelce (hoje Enel CE), a espanhola Endesa anunciou resultado líquido de 2.541 milhões de euros. Salto de 77% face ao ano anterior. Atribui ao crescimento do mercado de gás.

Caixa - Na quinta-feira foi eleita por aclamação a nova diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará (Caace). Assume Waldir Xavier. Substitui Lucas Asfor, agora em diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Cartaz - O cineasta Wolney Oliveira, em cartaz no comando da Casa Amarela desde os anos 1990, fez um périplo por Brasília. Foi ao Ministério da Cultura. Dos seis secretários do Minc, dois são cearenses: Fabiano Piúba (Formação Artística, Livro e Leitura) e Henilton Menezes (Economia Criativa e Fomento à Cultura). No roteiro, Lei Rouanet e Lei Paulo Gustavo.

Autorregulação - As ações dos bancos contra irregularidades na oferta do crédito consignado resultaram em 1.113 medidas administrativas a correspondentes bancários nos três anos de vigência da Autorregulação. Começou em janeiro de 2020. Em 2022, 281 medidas administrativas foram aplicadas.