A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está concluindo um parecer com orientações básicas aos clubes de futebol sobre o mercado de capitais. Em suma, um manual sobre como podem entrar na Bolsa. Poucos clubes hoje no Brasil têm capacidade para fazer um IPO - a oferta pública inicial de ações. Contra, jogam governanças com meio de campo embolado ou o desinteresse por dividir a bola. E no grupo dos clubes ávidos pelo tema está o Fortaleza Esporte Clube.

Primeiro, como esta jogada começou. A KPMG elaborou um trabalho sobre preparação dos clubes para IPOs, no qual traçou comparações com países onde a prática já há, como Alemanha, Portugal e Chile. No Brasil, o Fortaleza foi um dos primeiros a ser convidado a assistir. A bolsa brasileira, a B3, também participou e passou a provocar a CVM para o tema.

Houve uma segunda reunião na semana passada com a B3, já na discussão de ajustes técnicos a serem feitos, incluindo a legislação e os regulamentos do novo mercado. São questões de fundamento, como por exemplo, o que vai ser um comunicado ao mercado, um fato relevante, além da conexão com a legislação das SAFs - Sociedade Anônima do Futebol. Um dos itens diz respeito a ações especiais, para garantir que os clubes mantenham o poder de veto em alguns itens importantes.

Na própria indutora do debate, a KPMG, houve o entendimento de que o Fortaleza é hoje, pelo modelo de gestão e desempenho esportivo e econômico-financeiro, o clube mais indicado para avançar para um IPO. E por que não um Palmeiras da vida? Porque não há no modelo palmeirense nenhum indício de necessidade de captação de recursos e tampouco interesse da Direção atual, centrada em sua boa gestão fechada.

Nesta leitura de cenário entra também a tradição cearense com o mercado de capitais e um diferencial peculiar. O vice-presidente do Fortaleza é Geraldo Luciano Mattos Jr, um dos executivos com maior experiência no segmento. Geraldo já atuou em cerca de seis aberturas de capitais, dentre elas M. Dias Branco, Pague Menos, Hapvida e Brisanet na B3, afora consultoria na entrada da Arco Educação na Nasdaq - donde a empresa saiu há pouco.

A Coluna procurou Geraldo, que apontou ainda o potencial de valorização do Fortaleza, mesmo sendo uma marca local. Aqui cabe uma analogia com a marca Fortaleza - de massas e biscoitos - de M. Dias Branco, onde ele foi vice-presidente. No começo da expansão nacional, o grupo criou outra marca para sair do Ceará, a Richester. No futebol, não haveria, por assim dizer, um Richester F.C. E aí? Para ele, a preocupação é "parcialmente verdadeira". Argumenta que o Leão do Pici pode ser o segundo clube de muitos torcedores pelo Brasil. Cita pesquisa na qual o clube tem 1,6% dos torcedores do País.

"Pelos resultados, há uma fatia de torcedores que acompanha. No estado, a torcida do Ceará é semelhante, mas fora do estado, o Fortaleza tem muito mais. Uma vantagem tremenda". Seria o torcedor que assiste e torce, desde que o adversário não seja o seu primeiro time. "Em um IPO, isso é uma atração grande. E toda empresa de capital aberto tem visibilidade maior". A propósito, uma das grandes preocupações dos torcedores é com a perda de autonomia do clube, em caso de novos sócios. Na Alemanha, a legislação impede a venda do controle acionário. É uma barreira contra a voracidade árabe, por exemplo. Alemães não aceitariam o que os franceses fizeram com o PSG.

SAF

Nas reuniões com torcedores, a Diretoria do Fortaleza percebeu outra preocupação com relação à transformação do clube em uma SAF - hoje em andamento. Existe o temor de que os clubes-empresa mirem no financeiro e esqueçam o campo. "Resultado financeiro e resultado de campo não são mutuamente excludentes. Pelo contrário", apita Geraldo. Ele pondera que as vitórias são determinantes para o desempenho. O principal case do futebol brasileiro em termos de gestão e resultados, para além do eixo Rio-São Paulo, é o Clube Athletico Paranaense (CAP). "Tem mais Ebitda do que muita empresa privada brasileira", cita.

Alvinegro compra?

Um torcedor alvinegro compraria ações do Fortaleza? Geraldo diz que sim, dando exemplo do fundador da rede de farmácias Pague Menos, Deusmar Queirós. "É alvinegro, mas gosta de investir em futebol. Se ele vir perspetiva de ganhar, compra". Quem não compra é o torcedor apaixonado. O sangue frio do mercado de capitais não combina com o sangue quente de torcedor.

 

CINCO MERCADOS

Ceará faz ação para trazer turistas no fim do ano

Com o tema "Juntos, fazemos um dos melhores destinos do Brasil" a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - Ceará (ABIH-CE), com o apoio institucional da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur) e da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor), realiza ação promocional para capacitação de agentes e operadoras de turismo em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro. Mira as vendas para este segundo semestre no Ceará, com apresentação da infraestrutura turística e hoteleira. Participam da ação os hotéis: Beach Park (Acqua, Oceani e Suítes), Carmel Cumbuco Resort , Coliseum Beach Resort, Crocobeach Hotel, Holiday Inn Fortaleza, Hotel Diogo, Hotel Parque das Fontes, Hotel Praia Centro, Hotel Varandas Beach, Hotel Villa Mayor Charm Fortaleza, Intercity Golden Fortaleza, Magna Praia Hotel, Oásis Atlântico Hotels & Resorts, Pauli Boutique Hotel e The Coral Beach Resort.

INOVAÇÃO

Voke entra para Hub no Ceará

A Voke, de locação de equipamentos de TI pelo modelo Hardware As a Service, tornou-se parceira do Ninna Hub, Núcleo de Inovação e Novos Negócios Aplicados. Caio Roma, gerente de Desenvolvimento Corporativo da Voke, destaca a parceria como uma importante contribuição. "Fazer parte do ecossistema de inovação junto a outras empresas, startups, investidores e estudiosos é bastante positivo para avanços em inovação, na empresa e na região Nordeste", diz.

 

BALANÇO

BNB divulga resultados em reunião com Apimec Brasil

O Banco do Nordeste tem sido o principal parceiro da Apimec Brasil para o desenvolvimento do Mercado de Capitais na região, segundo o vice-presidente, Célio Fernando Melo. Em reunião com a Apimec, o BNB divulgou os resultados: ativos totais de mais de R$ 130 bilhões e volume de saldo de operações de crédito de R$ 110 bilhões. Fechou o 1o semestre de 2023 com um retorno médio sobre o PL de 20,3%. Os resultados apresentam crescimentos significativos do BNB no período. O presidente do Banco, Paulo Câmara, comandou reunião.

 

SEMINÁRIO

Mestres da Cultura faz 20 anos

De amanhã a quarta-feira acontece a celebração dos 20 anos da criação dos mestres da cultura do Ceará. Será em um seminário em Quixadá, na Casa de Saberes Cego Aderaldo. A Lei dos Mestres é da lavra da então secretária da Cultura, Cláiudia Leitão. "Sim, foi minha iniciativa com apoio irrestrito do Lúcio Alcântara. O resto é fake news. Primeira legislação com regulamentação do País que, além do registro como tesouro vivo no livro do patrimônio imaterial cearense, garantiu um salário de apoio ao mestre e à mestra até o final de suas vidas", disse Cláudia. Ela está a escrever um livro sobre eles. Será lançado em novembro, no Cariri. Em tempo: a lista completa e atualizada dos mestres é publicada pelo Anuário do Ceará desde a criação da lei.

MERCADO DO JALECO

Muita faculdade e muito médico. E daí?

A PUC-Rio aprovou a criação do curso de graduação em Medicina. Hoje, só tem pós. Está à espera do edital do MEC com as regras para a abertura de novos cursos. E sobre o tema, não sobre a PUC, leia o que disse à Coluna um importante professor universitário no Ceará: "Muitas faculdades médicas caça-níqueis formando indiscriminadamente; redes sociais sendo utilizadas de forma não ética; busca desenfreada por especialidades estéticas. De fato perdemos o glamour! Hoje para ser médico basta pagar: nem vestibular se precisa mais". Sim, doloroso.

 

HORIZONTAIS

Azul - A Azul é a empresa com o menor número de reclamações no primeiro semestre de 2023. Além disso, a Azul registrou nos seis primeiros meses do ano os melhores índices de solução de queixas e, também, a melhor nota de satisfação dos consumidores. São indicadores do Consumidor.gov.br. No consolidado de 2023, a Azul obteve 91% de índice de solução, ante 86,1% da segunda colocada no transporte aéreo.

GWM por Vitória - O Porto de Vitória, atualmente, é o que mais recebe carros elétricos e híbridos no Brasil. E todos os carros importados pela GWM são e serão eletrificados. Dada esta importância, a chinesa foi ter com o governador Renato Casagrande. A GWM já faz as suas importações pelo Espírito Santo. Este ano, estima que serão 13 mil veículos importados. De lá, poderão também vir a exportar. O local tem status de Zona de Processamento de Exportação (ZPE), tal qual o Pecém.

Descarte - O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) fez mais mais um descarte de documentos que já cumpriram o prazo de guarda - advindos de 11 zonas eleitorais.

Adernar edital - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) querem que a Petrobras cancele o edital de licitação para o afretamento de plataforma FPSO para o programa de revitalização dos campos de Barracuda e Caratinga, na Bacia de Campos (RJ). O edital foi lançado no início deste mês, estabelecendo conteúdo local de 10%. Alegam que o conteúdo local está baixo e reclamam que a isenção de multa em caso de não cumprimento do índice significa, na prática, que vai depender da vontade do fornecedor.