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O aço merece atenção, e a China também
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

O aço merece atenção, e a China também

Setor siderúrgico vive dias tenebrosos ante aumento da entrada do aço importado, sobretudo da China, e clama por aumento da alíquota de cerca de 10% para 25%, tal qual EUA e países da UE. Entretanto, o Brasil vive o dilema de ajudar o setor e não ser hostil com comprador importante de suas commodities, em especial a soja
Tipo Notícia
Processo de produção da chapa de aço na ArcelorMittal Pecém, no Ceará (Foto: Chico Gadelha/Divulgação                              )
Foto: Chico Gadelha/Divulgação Processo de produção da chapa de aço na ArcelorMittal Pecém, no Ceará

Pergunte a um executivo do setor do aço no Brasil o que ele pensa da ideia de aumentar a alíquota de importação. Hoje, na média, é 9,6%. Ele defenderá e dirá que não se trata de protecionismo, mas de uma medida necessária, até emergencial, ante o cenário pesado no setor. Uníssonos, falam em uma alíquota de 25% para importações da China. Um desses executivos é o CEO da ArcelorMittal Pecém, Erick Torres. Ele cita os aumentos nas tarifas de importação já praticados por países como Estados Unidos e alguns integrantes da União Europeia, nos mesmos 25%. Chama de defesa. E o cenário é mesmo preocupante.

O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, vem falando no risco do fechamento de usinas siderúrgicas, a ser mantida a alíquota média atual. Hoje, os indicadores são de produção de aço e vendas internas em queda, ao tempo em que sobem as importações, sobretudo da China. Dados do Instituto apresentados na quinta-feira demonstraram: de janeiro a outubro, freio na produção de 8,1% e vendas domésticas a desabar 5,3%.

A produção no Brasil no intervalo janeiro-outubro ficou em 26,6 milhões de toneladas, versus 28,9 milhões no janeiro-outubro do ano passado. Já as vendas internas foram de 16,4 milhões nos dez primeiros meses deste ano, ante 17,3 milhões entre janeiro e outubro de 2022. Nas importações, tudo para cima. Subiram 54,8%, com 4,15 milhões de toneladas, entre janeiro e outubro.

Enquanto isso, as exportações andaram para trás 2,5%, com 9,9 milhões de toneladas. O consumo aparente no Brasil subiu 0,3% de janeiro a outubro, na comparação com igual período de 2022: 19,998 milhões de toneladas. Consumo aparente, em suma, é a soma das entregas (o volume que sai da siderúrgica) e das importações diretas líquidas. Em inglês, ASU (Apparent Steel Use).

Cenários tenebrosos agora e depois

O Instituto Aço Brasil estima o seguinte cenário até o próximo réveillon e no réveillon seguinte: importações a fechar 2023, com 4,98 milhões de toneladas, e, ao fim de 2024, 5,98 milhões de toneladas. O tom emergencial explica-se. De tudo o que foi trazido de fora de janeiro a outubro, cerca de 60% foram importados da China.

Em outubro, passou a vigorar a decisão do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) pela qual foi suspensa antes do previsto a redução do imposto de importação para 12 produtos siderúrgicos. Iria até dezembro. Estava em 10% e passou a oscilar entre 9,6% e 12,8%. Um paliativo.

Para além dos impostos

Ainda que haja algum consenso de que algo precisa ser feito em defesa do setor siderúrgico no Brasil, há questões não tão imediatas a serem observadas e a necessidade de zelo com a relação com a China. No âmbito não tributário, um ambiente mais amigável para investimentos, com infraestrutura melhor e consequente redução de custos. Quanto à China, é uma parceira comercial gigante. Leva commodities e traz produtos industrializados, mas ainda deixa superávit. Caso a China resolva apertar as alíquotas para a soja, haveria efeito indigesto na balança comercial. O aço merece atenção e a China também.

SENTENÇA E DOIS VARs

Árbitro perde três partidas seguidas

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um recurso especial de um juiz de futebol que pretendia ser indenizado por um patrocinador do Campeonato Brasileiro. Alegava violação do direito de imagem porque a marca é exposta nos uniformes dos árbitros. O árbitro afirmou que o patrocinador não obteve a sua autorização individual para estampar a marca no uniforme e tampouco recebeu cachê. Isso no Brasileirão de 2012 a 2014. Os ministros entenderam que, se houve violação, a responsabilidade não foi do patrocinador, que negociou diretamente a publicidade com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O juiz de futebol já havia sido derrotado em primeira e segunda instâncias. Completou a terceira derrota em Brasília.

FORA DA CAIXA

Tesoureiro de banco desviou R$ 450 mil em espécie

A Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª região (TRF5) decidiu, por unanimidade, negar a apelação interposta contra a sentença da 15ª Vara Federal do Rio Grande do Norte que condenou um empregado da Caixa Econômica Federal à pena de sete anos, seis meses e 16 dias de reclusão e mais 170 dias-multa, pelo crime de peculato. O funcionário, que era tesoureiro e responsável pelo abastecimento dos caixas eletrônicos da agência, desviou cerca de R$ 450 mil em espécie. Em espécie. O sujeito alegou, mas ninguém acreditou, que o dinheirão na conta dele era proveniente de atividades comerciais da esposa. Mas... logo após a fraude ser revelada, os depósitos pararam de ocorrer.

LAS ACACIAS

M. Dias Branco traz massa uruguaia

A marca de massas uruguaia Las Acacias, comprada pela M. Dias Branco há um ano, começa a vender em São Paulo e no Ceará. Os primeiros supermercados a receber os itens, nas gôndolas ainda em novembro, são Assaí e GPA, em São Paulo, e as redes Guará, Lagoa e Pinheiro. O portfólio de Las Acacias é composto por massas especiais. Fundada em 1952, em Montevidéu, Las Acacias está entre as três maiores marcas de massas secas do Uruguai. Os produtos são vendidos no Sul do Brasil há mais de dez anos.

PESQUISA ABRASEL

Cartão é preferência de 73% nos restaurantes; dinheiro, 1%

Pesquisa da Abrasel do mês de outubro aponta uma mudança no comportamento dos consumidores, sobretudo nos estabelecimentos que fazem entregas. Cerca de 15% dos pagamentos nessa modalidade são feitos por Pix, enquanto o uso do cartão de débito corresponde a 12%. De todo modo, o cartão de crédito ainda é a opção para maior parte dos clientes com 73% de preferência. No pagamento em balcão, sobrou o uso do Pix, Mas de 3% para 6%. Em espécie, no balcão apenas 1%. Nas entregas nem isso.

EM EXPOSIÇÃO HOJE

Projeto transforma plástico em mobiliário urbano

Uma iniciativa da ONG Laurb - Instituto de Urbanismo Ecossistêmico - está em exibição neste fim de semana na Estação das Artes, no Centro. São mobiliários urbanos feitos de plástico descartado e depois produzido com o uso de impressora 3D. O projeto Moplic incentiva a coleta de plástico descartado e a educação ambiental. A primeira coleção exclusiva, chamada Linha Beco do Céu, foi criada para a Favela do Inferninho, no Quintino Cunha. Uma ótima ideia para empresas apoiarem, em vez de partir do zero.

HORIZONTAIS

Liberado - A Secretaria da Infraestrutura fará nesta segunda-feira (27), a liberação do tráfego da Rua Tibúrcio Cavalcante, no cruzamento com a Santos Dumont. No local, acontece há muitos anos a obra de implantação da Estação Nunes Valente da Linha Leste do Metrofor.

Quantidade - O governador Elmano de Freitas (PT) anunciou o chamamento de 2.118 concursados para a área da Segurança Pública - 726 para a Polícia Civil, com 616 inspetores e 110 escrivães; 79 profissionais para a Perícia Forense, com 12 médicos peritos legistas, 40 peritos criminais, cinco peritos legistas e 22 auxiliares de perícia); além de 1.200 soldados e 113 segundos-tenentes para a PM.

Curso para se candidatar - O RenovaBR abriu o processo seletivo para novas turmas do curso preparatório destinado às eleições de 2024. A inscrição é indicada para quem tiver interesse em se candidatar a cargos eletivos nas prefeituras e câmaras municipais. Totalmente gratuita, a formação inclui aulas com especialistas. Pela primeira vez, o RenovaBR está aceitando a participação de pessoas que já exerceram um mandato ou estão em primeiro mandato.

O avião - A Embraer entregou à Força Aérea Brasileira (FAB) a quinta aeronave modernizada EMB 145 AEW&C, designada na FAB como E-99M. A E-99M executará funções de Alarme Aéreo Antecipado e Controle e Alarme em Voo, além de missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento Aéreo. Foi desenvolvido sobre a plataforma do jato regional ERJ 145.

 

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