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Quando desistimos de privatizar?
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Quando desistimos de privatizar?

A ideia de privatizar ou conceder ativos imobiliários do Governo foi lançada com estardalhaço em 2016, mas depois sumiu do mapa do Governo, embora tenha criado uma estatal para cuidar disso, a CearaPar. A desistência de vender um autódromo sem uso põe a pauta na pista
Tipo Opinião
Imagem aérea do Autódromo do Eusébio (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Imagem aérea do Autódromo do Eusébio

Os déficits recorrentes na previdência estadual já foram o argumento para a privatização da então estatal Coelce. E ela ocorreu, ainda no século passado, em 1998, no Governo de Tasso Jereissati. No final das contas, o dinheiro teve outros destinos.

A promessa tucana era usar o dinheiro da privatização para criar um fundo de pensão para servidores estaduais. Os R$ 987 milhões arrecadados na época não cobriram um ano de déficit previdenciário. O dinheiro se perdeu no caixa do Estado. O fundo nunca foi criado. 

Tempos depois, em 2016, o então governador Camilo Santana (PT) lidava com déficit da ordem de R$ 1,7 bilhão e abriu o menu de possibilidades para sanear as contas e fazer caixa. Foi quando emergiu a ideia de privatizar ou conceder bens considerados "subutilizados".

O Governo do Ceará fez o inventário. No rol, uma série de ativos importantes, como a Arena Castelão, o Centro de Eventos, o Acquario, o Centro de Formação Olímpica e terrenos. Muitos terrenos. Um deles a sede do Regimento de Polícia Montada da PM. O ano é 2025 e o noticiário traz a informação de que o autódromo do Eusébio, um desses ativos, está fora do grid. Os demais nem se fala.

Uma estatal para cuidar disso

Para realizar as operações, o Governo criou, em dezembro de 2018, uma estatal para gerenciar processos de privatizações, concessões e de Parcerias Público-Privadas (PPP). O nome dado foi Companhia de Participação de Ativos do Ceará (CearaPar). A medida foi aprovada em 7 de dezembro pela Assembleia Legislativa, pela qual ainda cabe o aval para concessões ou privatizações de bens do Estado.

Em 2019, o Governo falava em avançar na agenda. Houve sim estudos de PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse). A princípio, o Governo definiu fazer o levantamento sobre o valor de mercado dos sete mil imóveis da administração pública. A Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) dizia na época que do total apenas dois mil deles eram usados. O restante se encontrava subutilizado. 

Em 2017, um relatório da consultoria norte-americana McKinsey & Company avaliara quatro terrenos de propriedade do Governo do Estado em até R$ 1 bilhão, entre os quais o terreno da Cavalaria, na região da Washington Soares, em Fortaleza, avaliado entre R$ 80 milhões e R$ 500 milhões. E o terreno do parque de exposições onde acontece a Expoece. Em valores da época, avaliado entre R$ 40 milhões e R$ 220 milhões. 

Lançamento e desistência

Em agosto de 2016, Camilo anunciou em evento na sede da Federação das Indústrias (Fiec) o pacote de equipamentos a serem oferecidos à iniciativa privada. Entre eles, também a Ceasa, o Centro de Eventos, o Cinturão Digital, o Metrofor, a rodovia CE-040 e os aeroportos regionais de Jijoca e de Aracati. A reunião antecedia uma rodada de negócios (road show) marcada para São Paulo, mirando investidores nacionais.

Houve reações na oposição. O deputado estadual Renato Roseno (Psol) atacou. "É uma sinalização de seu compromisso com os interesses do empresariado, ao tornar público um extenso Programa de Concessões e Parcerias Público Privadas.

O entusiasmo com que o empresariado recebeu o programa de concessões revela o seu verdadeiro conteúdo: a exploração lucrativa de equipamentos construídos com dinheiro público, com infraestrutura pronta e grande expectativa de retorno lucrativo". 

Sim, os empresários miram o lucro. Não há nada de errado nisso. O que deve ser discutido é, afinal de contas, o que queremos? Em que momento foi decidido que o Ceará não queria mais privatizar e conceder? O Estado não precisa mais fazer caixa?

A subutilização dos imóveis deixou de ser um problema? Criada para tocar essa agenda, o que faz a CearaPar quanto a essa pauta? Ida e vindas custam dinheiro. Envolve o custo para fazer valuation com consultoria internacional e a intangível credibilidade do Governo. Uma hora anuncia a intenção e depois  muda de ideia do nada?

O fiasco do leilão do Autódromo Internacional Virgílio Távora - um terreno de 260 mil m² - dá lugar agora à ideia de erguer habitações. Pode até ser a melhor ideia, mas o contribuinte merece entender o que os sábios andam pensando sobre o destino dos ativos que lhe pertencem.

Projeção do projeto do parque de tancagem: investimento total declarado é de R$ 430 milhões. Destes, R$ 343 milhões financiados pelo Banco do Nordeste (BNB) (Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO Projeção do projeto do parque de tancagem: investimento total declarado é de R$ 430 milhões. Destes, R$ 343 milhões financiados pelo Banco do Nordeste (BNB)

DO MUCURIPE PARA O PECÉM

Parque de tancagem terá pedra na quarta e Fortaleza, um baque

O Grupo Dislub Equador faz o  lançamento da Pedra Fundamental na quarta-feira, 19, para a construção do seu parque de tancagem no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A cerimônia acontece a partir das 9h no terreno onde será erguido o empreendimento, marcando oficialmente o início das obras. O investimento total declarado é de R$ 430 milhões.

Destes, R$ 343 milhões financiados pelo Banco do Nordeste (BNB). O novo parque de tancagem terá capacidade inicial de armazenamento de 130 mil m3, com previsão de expansão para 220 mil m3. Vai movimentar gasolina, diesel, etanol, biocombustíveis, querosene de aviação e petróleo bruto, caso haja demanda - avisam os donos.

Durante a fase de construção, falam em cerca de 500 empregos diretos, além de 100 vagas permanentes na operação do parque. "Hoje, cerca de 40% dos produtos consumidos no Ceará chegam por outros modais, principalmente o rodoviário. Com o novo terminal, passará a ser atendido integralmente por navios de grande escala, ampliando a eficiência logística, com potencial ainda de atender os estados vizinhos pelo modal ferroviário", destaca o CEO do Grupo Dislub Equador, Sérgio Lins.

A previsão é de que as obras sejam concluídas em agosto de 2027. A mudança acontece com imenso atraso. O risco é imenso com o parque de tancagem em pleno Mucuripe, assim como com a permanência da mini refinaria Lubnor. Mas, o baque existe para as finanças de Fortaleza. A compensação viria de datacenters e cabos submarinos lá instalados.

NO CEARÁ EM OITO

Assaí amplia serviços nas lojas

Em 2024, o Assaí Atacadista atingiu um marco importante em sua estratégia de atendimento com a implantação de mais serviços em suas lojas. No total, 111 unidades em todas as regiões do Brasil passaram a oferecer Açougue, Empório de Frios, Cafeteria e/ou Padaria.

No Ceará, foram seis lojas que ganharam um ou mais serviço no último ano, são elas: Sobral, Cidade dos Funcionários, Kennedy, Mister Hull, Jóquei e Tapioqueiras. As lojas Montese e Cais do Porto, inauguradas em 2023, já começaram a operar com todos os serviços.

BEBIDA

Rede de bubble tea mira o Ceará

A Bubble Mix, rede de bubble tea, planeja ultrapassar 100 unidades em 2025, no que seria crescimento de 53% em relação ao número atual de lojas. Fala em alcançar receita de R$ 40 milhões, aumento de 33% versus o ano anterior. Em 2024, declarou faturamento de R$ 30 milhões, com 65 unidades em 16 estados.

Agora na mira, 20 estados. Pernambuco, Maranhão e Rio Grande do Norte já têm. A projeção é avançar para novas cidades. Já para Bahia e Ceará a meta é desembarcar. Bubble tea é uma  bebida de origem taiwanesa que une chás por infusão e pérolas de tapioca caramelizadas. A rede foi criada em 2014 no Paraná.

Bernardo Santana advogado especializado na área de energia, diretor do Sindienergia e cônsul dos Reino Unido(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Bernardo Santana advogado especializado na área de energia, diretor do Sindienergia e cônsul dos Reino Unido

HONORÁRIO

Diretor do Sindienergia é cônsul do Reino Unido

O diretor de Regulação do Sindienergia-CE, advogado Bernardo Santana, tem outro tipo de honorário na vida. Ele foi nomeado pela missão britânica do Reino Unido no Brasil como novo cônsul honorário no Ceará.

Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor), Bernardo possui especialização em Direito Empresarial e MBA do Setor Elétrico pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atua como consultor de empresas nacionais e internacionais na área de energias renováveis e é membro da Câmara Setorial de Energias Renováveis da Adece.

Luiz Alberto Marinho fundador da Gouvêa Malls: consumidor de hoje busca pertencimento, e os grupos intencionais estão mostrando o caminho(Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO Luiz Alberto Marinho fundador da Gouvêa Malls: consumidor de hoje busca pertencimento, e os grupos intencionais estão mostrando o caminho

CONSUMO

Shoppings em busca de laços

Shoppings não vivem só de fluxo - agora, o jogo é sobre conexões! Em outras palavras, não basta atrair gente, é preciso ajudar as pessoas a criar laços. O consumidor de hoje busca pertencimento, e os grupos intencionais estão mostrando o caminho.

As provocações são de Luiz Alberto Marinho, fundador da Gouvêa Malls e consultor de estratégia de varejo.

Ele cita palestra na NRF deste ano, em Nova York, de Cassandra Napoli, da WGS. Ela avisou que 23% das pessoas no planeta estão solitárias, de acordo com dados recentes do Gallup. No Brasil, o percentual é parecido. Varejistas bem informados sabem: o shopping cada vez mais será de serviços (academia, clínicas médicas, restaurantes) e as lojas existirão como conceito. Terá que haver um CD local que consiga entregar no máximo no dia seguinte.Em São Paulo, as grandes redes já entregam em até duas horas.

Horizontais

Fusões e aquisições - A Aon plc (NYSE: AON), líder global em serviços profissionais, divulgou em relatório sobre as atividades do mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) o Brasil lidera em número de transações, apesar da queda de 21% na quantidade de operações em comparação ao ano de 2023. No total, o País teve 1.674 negócios anunciados e fechados e um capital mobilizado de US$ 47,911 bilhões, 10% maior do que no ano anterior.

Filme de terror - Há uma nova forma de burla por SMS na qual os criminosos usam o nome da plataforma de streaming Netflix. Pedem às pessoas, via mensagem de texto, que façam a renovação do pagamento da mensalidade. "Netflix: o seu último pagamento foi rejeitado, a sua conta será suspensa", diz a mensagem. Mandam um link para proceder ao pagamento. O link é falso.

Diesel - O Jeep Commander, do segmento de  SUVs grandes (B-SUV), chega ao mercado com a  nova motorização 2.2 Turbodiesel. Está na versão Overland.

 

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