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Crime mira nas brechas do sistema financeiro
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Crime mira nas brechas do sistema financeiro

Novo ataque ao sistema financeiro volta a mirar PSTIs, empresas que atendem bancos pequenos e fintechs, para acessar as contas-reserva e furtar milhões de reais. Combate ao crime, porém, não deveria conter a expansão das fintechs, salutares ante concentração em poucos e grandes bancos
Tipo Opinião
Ataque cibernéticos miram flanco mais aberto do sistema, as empresas que fazem a ligação entre pequenos bancos e fintechs e o Banco Central (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil Ataque cibernéticos miram flanco mais aberto do sistema, as empresas que fazem a ligação entre pequenos bancos e fintechs e o Banco Central

Assalto a banco com armas e munições pesadas é o método mais rudimentar de ataque ao sistema financeiro. Envolve risco para quem é vítima e algoz. Tem sangue. O crime se especializou e fareja os flancos mais abertos e indolores para desviar milhões, sem disparos. Mas assim como o País lida com a fragilidade do aparato de segurança pública para coibir os bandidos mais primitivos (novo cangaço), também, vê-se exposto aos ataques cibernéticos de maneira bastante pronunciada. Os flancos incluem as brechas via fintechs, como revelou a operação da sexta-feira na Faria Lima, o ventre da besta, e também o elo entre instituições financeiras e o Banco Central, os chamados Provedores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTI). 

Também na sexta-feira já circulavam nos grupos de whatsapp do mercado financeiro em São Paulo rumores de novo ataque cibernético ao Sistema de Pagamentos Instantâneos, popularmente conhecido como Pix. Coisa para algumas centenas de milhões de reais. Neste sábado veio a certeza. O alvo foi a Sinqia. O HSBC teria sido um dos afetados. 

Não há invasão das contas dos clientes finais dos bancos. Os ladrões entram em contas-reserva dos bancos no Bacen e disparam transações pix não-autorizadas. No caso anterior, em julho, e contra a também empresa de tecnologia C&M, desviaram mais de R$ 1 bilhão de instituições como BMP, Banco Paulista, Credsystem e Banco Carrefour.

As contas-reserva são mantidas pelos bancos no Bacen, e são o alvo dos bandidos. O dinheiro do Pix no dia-a-dia sai de lá. Ao acessarem o dinheiro transferido por Pix, convertem em criptomoedas. Ao crime é muito mais atraente mirar um PSTI do que um banco, cuja infraestrutura de cibersegurança é muito mais robusta e difícil de ser invadida. 

Onde o crime entra

O cenário: o Banco Central (Bacen) homologou uma série de empresas de tecnologia (PSTIs) cuja tarefa é permitir que bancos pequenos e fintechs se conectem a ele, em especial ao Sistema Pix. Estes provedores são cruciais para o funcionamento dos sistemas. Esses pequenos bancos e fintechs os contratam e esses provedores, que possuem a custódia dos certificados digitais das instituições, e fazem a ponte para autorizar pagamentos junto ao Bacen. 

Domingo retrasado houve alerta no mercado pelo Bacen. O regulador declarou iminente ataque ao mercado financeiro, recomendando às instituições financeiras que reforçassem seu monitoramento. Fora avisado por corretoras de criptomoedas (Exchange) que haviam sido procuradas por um suspeito interessado em fazer grande transferência. Provavelmente, dinheiro de um ataque.

Mais rigor faz bem

Há críticas veladas ao Banco Central pelo que seria o baixo rigor para acesso de fintechs e PSTIs ao sistema financeiro. Em verdade, a linha adotada pela autoridade monetária está em sintonia com a ideia de oxigenar o sistema, ampliando a quantidade de instituições e, assim, rompendo o clube de poucos e gigantes bancos no País. A possibilidade de uma fintech delegar o serviço a um PSTI é uma forma de encurtar o caminho também. Seria muito mais caro operar individualmente. Para as mais de duas mil fintechs em operação, há cerca de meia dúzia de provedores.

No dia da operação contra uma facção criminosa com ramificações na Faria Lima, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que as fintechs passariam a ser enquadradas como instituição financeira já no dia seguinte. A Receita Federal passou a exigir que as fintechs cumpram as mesmas obrigações que os bancos. Demorou. Já a recorrência dos ataques exige do Banco Central rever protocolos, mas não a disposição de irrigar a aridez do sistema financeiro. A ideia de abrir o País para as fintechs é uma lufada capitalista saudável porque implica competitividade.

CDL

Assis usa lente para perto e para longe

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL) Fortaleza, Assis Cavalcante, lidera a campanha Fortaleza Liquida - em sua 16° edição começou ontem, 29, e vai até 7 de setembro sorteando um Toyota Corolla zero quilômetro e outros prêmios - usando lente para longe e para perto. Ele cuida da sucessão dele no posto, em sintonia com os acionistas da instituição; acompanha as obras da Prefeitura na Praça do Ferreira, torcendo que aprontem antes do natal; e discute quem será a atração do Natal de Luz, a maior ação da Câmara. No natal passado, a CDL deixou o sapato na janela, mas recebeu presente pela metade. A Prefeitura pagou 50% do apoio prometido. Para este ano, Assis lida com os cachês nas alturas para definir a atração musical. Ivan Lins é uma hipótese.

REFORMA TRIBUTÁRIA

Tributarista alerta para perda de créditos de ICMS

A transição para a reforma tributária acendeu um alerta para os empresários. De acordo com o advogado tributarista Felipe Athayde, as companhias estão preocupadas com os bilhões em créditos de ICMS que podem ser perdidos devido à extinção progressiva desse imposto para dar lugar ao IBS e CBS. "No Ceará, por exemplo, o grupo M. Dias Branco, em seu balanço mais recente, informou um saldo a receber de ICMS de R$ 220,8 milhões em 2025, enquanto a Grendene tem R$ 9,7 milhões a compensar". Ele defende estratégias urgentes para aproveitamento desses ativos.  "A partir de 2033 passarão a ser devolvidos em até 240 meses, ou seja, 20 anos, o que vai impactar o fluxo de caixa das empresas e gerar risco elevado de depreciação".

PESQUISA

Apenas 12% têm interesse por engenharia

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que o Brasil enfrenta uma crise na formação de engenheiros, com um déficit estimado em 75 mil profissionais. O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), encomendou ao Instituto Locomotiva uma pesquisa acerca. Segundo a pesquisa, apenas 12% demonstram interesse em cursar Engenharia. Equivale a 2,3 milhões de jovens no Brasil, conforme estimativa baseada na PNAD 2024. Os dados indicam que a insegurança com matemática, o alto custo da graduação e a falta de identificação com a carreira são fatores decisivos para esse desinteresse.

PRÉ-CAMPANHA

Caiado defende estados com acesso a dados do Coaf

Enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), capitaliza como pode a Operação Carbono Oculto, definindo como "uma resposta do Estado a essa inserção do crime no setor de combustíveis", outro pré-candidato à Presidência, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), entrou na pauta comentando. Ele avaliou como positiva a megaoperação deflagrada pela Polícia Federal (não menciona a polícia paulista) contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) e seu esquema de lavagem de dinheiro. Caiado defende que as polícias estaduais tenham acesso aos relatórios de inteligência produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). "Os estados precisam dessas informações para rastrear o dinheiro do crime organizado". 

NOVEMBRO

Salão do Automóvel volta com a força do Oriente

A venda antecipada de ingressos para o 31º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo começa amanhã, 1º de setembro. O evento acontecerá de 22 a 30 de novembro no Distrito Anhembi, na capital paulista. Mais de 700 mil pessoas são esperadas durante os nove dias de programação. Já estão confirmadas as marcas BYD, Caoa, Caoa Chery, Citroën, Denza, Fiat, GAC, Geely, GWM, Honda, Hyundai, Jeep, Kia, Leapmotor, Lecar, Lexus, MG Motors, Mitsubishi, Omoda & Jaecoo, Peugeot, RAM, Renault, Suzuki Motos, Toyota e Vespa.

horizontais

Da lata - Em 2024, 97,3% das latas comercializadas foram recicladas, segundo relatório da Recicla Latas.  

Autoescola - Na terça e quarta-feiras, o Congresso Nacional terá duas audiências para discutir a proposta do Ministério dos Transportes que visa acabar com a obrigatoriedade das aulas teóricas e práticas em autoescolas (Centros de Formação de Condutores - CFCs) para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto), aponta perdas de R$ 14 bilhões anuais para a economia, além de ameaçar 300 mil empregos diretos e indiretos.

CNJ faz acordo - O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) firmou acordo de cooperação técnica com cinco dos seis tribunais regionais federais, entre eles o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), e os conselhos federais dos Representantes Comerciais e de Contabilidade. Ficou acertado que as execuções fiscais com valores abaixo de R$ 10 mil, sem movimentação útil por mais de um ano e sem localização de bens penhoráveis, devem ser extintas, assim como passa a ser exigido o prévio protesto do título antes do ajuizamento da execução.

"Doe medula. Doe vida. Doe de coração." - A Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza, lança na terça-feira, às 9h, no auditório da Biblioteca Central da Unifor, a campanha Doe de Coração 2025. Terá como tema a importância da doação de medula óssea. 

Terra do fumo - O tradicional São João de Arapiraca foi alvo de decisão judicial após ação movida pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). O Tribunal de Justiça de Alagoas reconheceu que o município realizou o evento sem o devido licenciamento para execução pública de obras musicais, caracterizando violação à Lei dos Direitos Autorais (Lei 9.610/98). A decisão, em caráter liminar, estabeleceu a suspensão da execução de músicas em eventos públicos promovidos pelo município sem a devida autorização do Ecad, além de prever multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Em Alagoas, dos 102 municípios do estado, apenas dois estão adimplentes.

 

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