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Prefeitura de Fortaleza estuda comprar 200 ônibus
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Redator do blog e coluna homônimos, diretor de Jornalismo da Rádio O POVO/CBN e CBN Cariri, âncora do programa O POVO no Rádio e editor-geral do Anuário do Ceará

Prefeitura de Fortaleza estuda comprar 200 ônibus

Afora a ideia da frota estatal de 200 carros, o presidente da Etufor, George Dantas, afirma que as empresas de Fortaleza deverão adquirir até 120 novos veículos, como parte do cálculo tarifário. Na compra pelo município, George fala em ônibus abastecidos por gás natural, metanol e elétricos. Ideia, porém, preocupa pelo custo
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Sistema de transporte público de Fortaleza precisa encontrar seu caminho (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Sistema de transporte público de Fortaleza precisa encontrar seu caminho

A Prefeitura de Fortaleza estuda a compra de até 200 ônibus com financiamento pelo BNDES. Sim, os ônibus seriam estatais, mas não seria a volta da extinta Companhia de Transportes Coletivos (CTC) apenas por um detalhe: os carros seriam entregues para as empresas operarem. O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), George Dantas, disse ao redator da Coluna, na rádio O POVO CBN, que a ideia é já para 2026. "Isso não é novidade no Brasil. Belo Horizonte e Goiânia estão fazendo isso". 

O contrato permite isso, embora seja novo em Fortaleza. Ele conta que em BH, a Prefeitura obteve financiamento no BNDES, comprou, entregou e fez da compra uma forma de subsídio. Compôs o cálculo tarifário. Noutros termos, diz que, com juros mais baixos para a aquisição, seria mais barato do que repassar dinheiro. Na terça-feira, 16, o BNDES vai ter com a Prefeitura em Fortaleza.

Afora a ideia da frota estatal de 200 carros, George afirma que as empresas de Fortaleza deverão adquirir até 120 novos veículos, como parte do cálculo tarifário. Na compra pelo município, George fala em ônibus abastecidos por gás natural, metanol e elétricos.

Segundo ele, o plano é utilizar os ônibus em um bairro específico da Cidade, em vez de distribuir por vários. "É para que as pessoas desse bairro tenham a percepção do que seria a vida desse bairro com ônibus renováveis". 

Fortaleza não quis proibir

As ideias em gestação na Etufor emergem ao tempo em que a Prefeitura decidiu regulamentar o transporte por motos de aplicativo. As tais motos, quando utilizadas para transporte de passageiros, são uma fonte importante de acidentes com vítimas. Todavia, pela proporção tomada, o Município não está disposto a reprimir. A regulamentação foi isso. Não querendo enfrentar, procura organizar e incentivar com redução de IPVA. Estabeleceu responsabilidades, exigências de segurança e padrões de qualidade para a operação.

Sistema está doente

Acima do varejo, a questão posta é: quais os caminhos que Fortaleza vislumbra para retomar a demanda de passageiros para o sistema de transporte coletivo? Não se trata de interesse privado apenas, mas de interesse público. Nunca mais a quantidade de usuários foi a mesma e as pessoas estão migrando para motocicletas, com imensos riscos à vida, como mostram os dados do IJF. As pessoas morrem, sofrem lesões graves e na sequência causam prejuízo aos cofres do município, sem contar o impacto atuarial, por entrar na conta da Previdência.

Em verdade, as empresas têm acessos ao mesmo crédito a ser obtido pela Prefeitura. De todo modo, improvável que se disponham a tomar. Pesa a insegurança na relação com o Município, com as queixas recorrentes sobre equilíbrio contratual. Aliás, cinco empresas já quebraram.

Compras estatais carregam um risco. Escolher ônibus piores por força do processo engessado de licitação. Fica difícil ter a mesma capacidade de negociação que as empresas, com sua ampla liberdade e conhecimento das especificações. Prefeituras não lidam com isso e ficam sujeitas à má influência de interesses dos fabricantes.

Ônibus elétricos e a gás são simpáticos, porém, mais caros. Tudo o que possa encarecer preocupa. A cidade hoje padece com frota de oito anos (já foi pouco mais de três) e as empresas oferecem volume de serviço abaixo do necessário porque não conseguem aguentar a conta. Por ora, não há itinerário claro.

PAVOR NACIONAL

Ataques a provedores não cessaram; apenas não têm queimado carros

Esta semana criminosos voltaram a ameaçar e a atacar provedores de internet em Fortaleza. Aconteceu no bairro Sabiaguaba. Uma empresa está sendo impedida de ofertar seus serviços e teve equipamentos destruídos por uma facção local, em um prejuízo que já totalizaria o valor de R$ 100 mil. Cerca de 100 famílias estão sem acessar a internet após um ataque ocorrido no dia 2 de dezembro. Conforme os relatos, criminosos quebraram caixas de distribuição de rede que ficam em postes nas ruas e arrancaram os fios. Até clientes também estariam sendo ameaçados e recebendo "ordens' da facção para ligar para a provedora e pedir o cancelamento do serviço. 

O cenário acima nunca cessou neste ano que está acabando. Na verdade, já está consolidado em áreas não apenas do Ceará, mas de outros estados do Nordeste, como Bahia (sobretudo) e Pernambuco. A leitura feita por um dirigente de um importante provedor é a de que os ataques do começo de 2025 só viraram notícia porque houve a queima de veículos. "A imagem chama a atenção e gera comoção".  Na prática, os provedores já até precificam o prejuízo. Simplesmente riscaram do mapa determinadas áreas onde facções atuam a inibir o trabalho do pessoal de campo.

As ações criminosas consistem em mandar recados pelas equipes para a direção das empresas. Em casos mais extremos, sequestram os técnicos e os ameaçam dizendo saber onde moram. Nas áreas proibidas, as empresas desistem de atuar. E o que dizer das empresas que atuam nas tais regiões? Em muitos casos não têm ligação com o crime, mas cederam à extorsão. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) destaca que 80 pessoas suspeitas de envolvimento em crimes contra provedores de internet já foram capturadas em 2025.

SEGURANÇA JURÍDICA

Marco do seguro mira consumidor

Entrou em vigor na quinta-feira, 11, a Lei nº 15.040/2024, conhecida como Lei do Contrato de Seguro. A nova legislação reforça a segurança jurídica nas relações contratuais e estabelece bases mais claras e previsíveis para consumidores, seguradoras e demais agentes do mercado. A lei é diretamente aplicável e já produz efeitos completos, cabendo à Susep (o órgão federal cuja missão é acompanhar o setor) apenas regulamentações residuais, voltadas exclusivamente a pontos que exijam detalhamento técnico. Em situações de divergência entre documentos, prevalece o entendimento mais favorável ao segurado, ao beneficiário ou ao terceiro prejudicado.

BALANÇO

Bancos punem a si próprios

O setor bancário segue fiscalizando e punindo os correspondentes que cometem assédio e fraudes na oferta e contratação irregular do crédito consignado. No mês de novembro de 2025, nove advertências foram registradas, elevando o número total de punições aplicadas pela Autorregulação do Consignado desde o início de sua vigência, em 2020, para 1.983.

MOBILIDADE

As entrelinhas entre duas rodas

A um mês do fim do ano, a indústria de motocicletas superou toda a produção registrada em 2024. Dados da Abraciclo mostram que, entre janeiro e novembro, 1.850.829 unidades foram produzidas no Polo Industrial de Manaus (PIM). O volume é 13,9% maior do que o intervalo no ano passado. As de baixa cilindrada (127.339) são 76,9% do volume total fabricado. Ou seja, o que é bom também é ruim. Decerto, em larga medida compraram-se motos para entrar no subemprego das entregas e do transporte de passageiros, além de fugir do transporte público (vide a primeira nota da Coluna).

24 EMPRESAS

Cade investiga cartel das órteses e próteses

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou processo administrativo para investigar possíveis infrações à ordem econômica no mercado de órteses, próteses e materiais especiais (OPME), entre pelo menos os anos de 2013 e 2023, em diversos estados. O mercado de OPME engloba órteses, que são dispositivos externos, e próteses, que são dispositivos artificiais que substituem partes do corpo ausentes ou que não funcionam. A investigação decorre da Operação 'Escoliose', conduzida em julho de 2023 em parceria entre o Cade e o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP-RN). O suposto cartel agiria assim: acordos de preços mediante a apresentação de propostas de cobertura, divisão de mercado e rodízio de empresas vencedoras. O alvo são 24 empresas e 13 pessoas físicas. As penas chegam a 20% do faturamento bruto das empresas. Já as pessoas físicas estão sujeitas a multas de R$ 50 mil a R$ 2 bilhões. 

horizontais

Nova chinesa - A montadora chinesa Changan, que entra no Brasil como Caoa Changan, celebra a produção de 30 milhões de veículos em sua operação global. O marco foi registrado na última terça-feira na China.

Bolsa - O volume médio diário de negociação no mercado à vista atingiu o valor de R$ 29,05 bilhões em novembro na B3. O valor representa uma alta de 3,4% na comparação com o mesmo período de 2024 (R$ 28,09 bilhões), e de 26,6% em relação a outubro deste ano (R$ 22,95 bilhões). Os dados são da plataforma DataWise , solução da B3 e Neoway.

 

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