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Empatia no Jornalismo
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Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.

Joelma Leal ombudsman

Empatia no Jornalismo

A coluna também aborda os crimes grotescos ocorridos no início da semana
Tipo Opinião
Mãe e filha permanecem em  McDonald 's, no Rio de Janeiro, há meses (Foto: Reprodução CBN)
Foto: Reprodução CBN Mãe e filha permanecem em McDonald 's, no Rio de Janeiro, há meses

O caso de duas mulheres - mãe e filha - que estariam morando em uma das unidades do McDonald's, no Leblon, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, ganhou repercussão após a CBN nacional publicar uma série de matérias - nas mais variadas plataformas - sobre o assunto.

A primeira delas, no site, foi intitulada "Mulheres moram há três meses em McDonald's do Leblon; entenda a história" e foi ao ar na manhã da última quinta-feira, 25 de abril.

No abre (texto abaixo do título) um breve resumo: "Mãe e filha passam o dia na loja, onde fazem todas as refeições, e dormem na calçada, após as portas serem fechadas. Elas recusam a ajuda de moradores e autoridades. A CBN acompanhou, nas últimas semanas, a rotina das duas para entender quem elas são e por que estão nessa situação".

Depois daí, mais uma série de conteúdos - as chamadas suítes, no Jornalismo - acerca da dupla:

- McDonald's fez reunião interna sobre mulheres em loja do Leblon

- Ex-colegas de trabalho de mulher que 'mora' no McDonald's a descrevem como 'fechada' e 'misteriosa'

- Calotes e despejos em série: quem são e por que mãe e filha moram no McDonald's?

- Mulheres que estão no McDonald's do Leblon moraram também na Rodoviária do Rio

- Mulheres que 'moram' no McDonald's deram calotes em série em hotéis do Rio, apontou Polícia Civil

Depois da CBN, natural que vários outros veículos voltassem a atenção para o episódio. E assim foi. Uma busca rápida no Google resulta em uma extensa lista acerca do assunto, assim como uma pesquisa nas redes sociais.

Conforme uma das matérias, "as mulheres não aceitaram a ajuda de ninguém - nem de moradores nem de empresários nem do poder público. A Polícia Militar, uma equipe do Segurança Presente e funcionários da prefeitura já tentaram fazer contato, mas a ajuda foi dispensada todas as vezes".

As reações envolvendo o caso foram as mais diversas. Desde o lamento por ver duas mulheres "bem parecidas" naquela situação ou mesmo indignação ao considerar que tantas outras mães e filhas e famílias com mais integrantes e menores de idade passam por situações tão ou até bem mais degradantes que a exibida nos últimos dias de abril deste ano e não recebem oferta de ajuda e/ou atenção.

Infelizmente, "morar" na rua, seja no metro quadrado mais caro do País, seja na periferia de qualquer cidade, não é algo inusitado. No entanto, é notório que o clamor, neste caso, foi mais forte. Será pelo fato de as pessoas se identificarem com a aparência das duas? Muito provavelmente. E aqui é uma suposição. Mas o fato é que, assim como a sociedade, os veículos de comunicação se movimentaram e dedicaram espaço e tempo para o caso das gaúchas que estão no Rio de Janeiro nessas condições.

Não seria espantoso, em alguns dias, deparar com um podcast a respeito do caso. Por falar nisso, como anda a protagonista de "A Mulher da Casa Abandonada", que fez tanto sucesso há dois anos? Os áudios relatam a história de uma mulher que morava em uma mansão deteriorada, em Higienópolis, um dos bairros mais ricos de São Paulo.

Por falar em moradores de rua

Há pouco mais de três meses, no dia 26 de janeiro, O POVO publicou a matéria "Mulher em situação de rua resgata cachorros vítimas de maus-tratos no Centro de Fortaleza". Na época, chamou a atenção o fato de, mesmo com poucos recursos, a dona Luíza Silva ter cuidado e atenção com os animais. Sim, é algo insólito.

Pois bem, há duas semanas, por meio do canal de contato com os assinantes do O POVO, uma parente da protagonista da matéria solicitou ajuda para levá-la para São Paulo, onde os familiares residem, no momento. Editores cientes. Logo O POVO publicou matéria no domingo passado: "Família de mulher que resgata cachorros na rua pede ajuda para levá-la a SP". Conforme a matéria, "Simone do Carmo, sobrinha de Luiza que mora em São Paulo, disse que até pouco tempo antes de ver a matéria, não sabia o paradeiro da tia — muito menos que ela vivia em situação de rua em Fortaleza."

O episódio fez lembrar outra situação. Essa um pouco mais antiga, no ano de 2008, quando o jornalista Demitri Túlio escreveu sobre um andarilho que costumava vagar pela avenida Duque de Caxias, em Fortaleza. A partir das páginas e telas do O POVO, a família do ex-bancário Sílvio Tadeu da Cruz o reencontrou e o resgatou. O destino também foi São Paulo. Um exemplo de desfecho positivo e de serviço à humanidade.

As barbáries locais

A semana que passou foi, no mínimo, conturbada no que diz respeito à insegurança pública. Em uma só manhã, na terça-feira, 23 de abril, dois casos grotescos: um adolescente morto em uma escola e um funcionário assassinado em seu local de trabalho, no Instituto Dr. José Frota (IJF).

Os veículos do Grupo trouxeram os diversos vieses dos casos, incluindo a repercussão política.

Destaco, ainda, uma fala do colunista do O POVO, Ricardo Moura, em entrevista para a rádio O POVO CBN, em que ele menciona o uso da expressão "crime passional", o motivo apontado para a morte e decapitação do funcionário do IJF. Segundo Ricardo, o correto é "crime de ódio", considerando que o passional tiraria a responsabilidade do autor do delito. Um detalhe que faz a diferença.

Outra contribuição é a do também sociólogo e integrante do atual Conselho Consultivo de Leitores, Luiz Fábio Paiva. Ele ressalta que "os problemas de segurança são usados, na verdade, como mercadorias político-eleitorais, com soluções mirabolantes e investimentos milionários em aparatos policiais e de vigilância que não trazem qualquer resultado positivo para o Estado". A eleição já começou e O POVO tem mostrado isso.

 

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