Joelma Leal assume como ombudsman do O POVO no mandato 2023/2024. É jornalista e especialista em Marketing. Atuou como editora-executiva de sete edições do Anuário do Ceará, esteve à frente da coluna Layout por 12 anos e foi responsável pela assessoria de comunicação do Grupo, durante 11 anos.
Julho é mês de férias, mas é também mês do Fortal, micareta realizada na capital cearense há mais de três décadas.
O leitor pode até reprovar e ser contra o evento, seja lá por qual motivo, no entanto não há como ignorar a festa. Da mesma forma, a celebração não pode passar despercebida pelas páginas e telas de um jornal. Entretanto, foi o que ocorreu nesta edição. O público (leitor, ouvinte, seguidor, usuário, assinante) do O POVO não foi informado acerca do Fortal.
Durante quatro dias de folia, de 18 a 21 de julho últimos, uma tímida nota na versão impressa da coluna Vertical, do sábado, 20, resume a cobertura no período.
Jornalismo engloba o todo. Mostra a realidade. O sagrado e o profano. O Halleluya e o Fortal. Ambos ocorrem simultaneamente em diferentes pontos da Cidade. Modificam a rotina dos entornos, no Castelão e no Manoel Dias Branco, respectivamente. Não dá para desconsiderar.
Eventos de grande porte costumam render matérias de serviço. Afinal, houve alterações no trânsito? Linhas de ônibus extras? Os "pipocas" gostariam de saber. Não são apenas turistas e micareteiros de abadás e camarotes que acessam o local.
Para além disso, houve transtornos relacionados à poluição sonora? Os moradores da redondeza foram prejudicados? Em comparação aos anos anteriores, foi observado um fluxo menor? A incerteza sobre o local de realização da festa atrapalhou a procura de foliões de outros estados? Os hotéis tiveram ocupação preenchida por causa do evento? Ou a procura foi ínfima? Quantos empregos diretos e indiretos foram gerados? Quais celebridades (e sub) compareceram?
As pautas poderiam, facilmente, ser distribuídas nas mais diversas editorias: Cidades, Divirta-se, Economia e mídias sociais, por exemplo. O público do O POVO não teve respostas. O próprio possível fiasco já seria notícia.
A ausência de cobertura foi apontada em comentário interno enviado aos profissionais do Grupo. Observação semelhante também para o DFB Festival, o Dragão Fashion Brasil, tradicional evento de moda que em 2024 teve início no último dia 24 e foi encerrado na noite de ontem, 27, no Centro de Eventos do Ceará. Realizado desde 1999, há desfiles, palestras e shows gratuitos.
É um encontro nichado? Sim! Mas há um público leitor interessado no segmento, que, se dependesse do O POVO para ter informações, não teria.
Fatos esquecidos
Voltando para a micareta, é válido lembrar que no mês de maio o Fortal estampou manchetes e uma série de notas em colunas e na rádio, assim como o editorial.
O destaque foi o imbróglio relacionado à mudança do local da festa e a iminente devastação irregular de vegetação em terreno próximo ao Aeroporto Pinto Martins, que sediaria a nova Cidade Fortal. Obviamente, o gancho ali tratado na pauta tinha peso e justificaria a quantidade de notícias sobre o tema.
A própria coluna da ombudsman, na edição de 25 de maio, abordou o tema a partir do título "O Fortal e os múltiplos ruídos". O foco foi a falta de comunicação assertiva com os públicos.
Passada a fase de indefinição, a festa ocorreu. E aqui vem o ponto. Desse modo, o Fortal acumula mais de 30 anos e é considerado o maior carnaval fora de época do País.
Em suma, há três frentes possíveis em uma cobertura: promoção, ataque e Jornalismo. Promover é deturpar, é mostrar apenas o positivo. Basta assistir à cobertura do Rock in Rio, na TV Globo e/ou no Multishow, por exemplo, para perceber.
Se a antítese da promoção é o Jornalismo, portanto os fatos não podem, simplesmente, ser ignorados. Se não foi noticiado, foi ignorado. Isso é claro.
Aqui estamos falando de eventos privados e há toda uma lógica de negócio envolvida. O importante é lembrar que o leitor não tem por que ou como saber se veículo A ou B é parceiro de mídia ou se marca X ou Y assina as peças de divulgação, se tem ação de live marketing, determinado tempo reservado no telão no local ou no VT e/ou citação no decorrer do evento.
A partir de um olhar empírico, é possível afirmar que tanto o Fortal como o DFB não impactam o público como outrora. Uma empresa pode avaliar que não há interesse em associar sua marca a tais eventos. Não vê retorno plausível. São questões totalmente compreensíveis. O não concebível é o desprezo aos fatos.
Procurada pela ombudsman, a Diretoria de Jornalismo do O POVO não se pronunciou acerca do assunto.
Agenda
A convite do jornalista e professor da disciplina "Fundamentos da Comunicação e do Jornalismo", da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luis Sérgio Santos, participarei de debate na próxima terça-feira, 30 de julho, às 14 horas, no auditório Rachel de Queiroz, localizado no Centro de Humanidades (CH) II, no Benfica.
O tema central será "Ética, confiança na relação com as fontes e com a redação" e será mediado pela professora Maria Érica de Oliveira Lima, responsável pela cadeira "Deontologia do Jornalismo".
O evento é aberto ao público. Estão todos convidados.
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