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De puro sangue a pangaré: o recente desandar da Ferrari
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Coordenadora de política do O POVO. Jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e amante de carros em alta velocidades em pistas

De puro sangue a pangaré: o recente desandar da Ferrari

Do recorde de mais vitórias na F1, para Ferrari, sobrou hoje apenas a aura de vencedora. Na pista, os pilotos têm dificuldade para tudo e a equipe é uma confusão para apresentar evolução
Charles Leclerc e Lewis Hamilton são pilotos da Ferrari (Foto: CHARLY TRIBALLEAU/AFP)
Foto: CHARLY TRIBALLEAU/AFP Charles Leclerc e Lewis Hamilton são pilotos da Ferrari

Quando se pensa em um carro vermelho, logo vem à cabeça uma icônica Ferrari. Na Fórmula 1, a equipe guarda o recorde de mais Campeonatos de Construtores e, agora, os dois recordistas de títulos, Michael Schumacher e Lewis Hamilton, têm no currículo passagens pelo time. Bom, hoje a equipe se segura apenas em marcos do passado, cada vez mais longe de sonhar com voltar aos dias de glória. Nada que já não tenha vivido antes, nesse ciclo de altos e baixos.

A equipe vive da aura do passado diante das dificuldades internas de encarar que é preciso mudanças bem além de só o carro. É uma rotina histórica de conflitos internos. Este ano, por exemplo, o SF-25 tem sido um espécime estranho e mais que tudo, fraco. Não é bom em classificação e deve mais ainda em ritmo de corrida. De uma esperança de disputar o campeonato, a equipe é, em muitas corridas, a quarta força. Tanto Charles Leclerc quanto Hamilton têm dificuldades em guiar o carro e precisam passar a corrida em “Lift and Coast“, usado para conservar os freios. E, quando tentam ir além, o carro não aguenta. 

Problemas no carro: baixo, mas não tão baixo

A equipe não pode abaixar o carro para gerar carga aerodinâmica por medo de gerar desgaste excessivo da prança e correr o risco de ser desclassificada. Hamilton foi eliminado assim na China. Daí o carro mostra que precisa andar mais baixo e a equipe corre para mexer em outras áreas do carro, o que o deixa mais imprevisível: vai bem com a pista quente ou fria? Qual a temperatura certa do pneu? Os pilotos não sabem e os engenheiros muito menos.

E o tempo vai passando. As equipes do lado vão melhorando e trazendo atualizações. George Russell voltou a vencer, Max Verstappen vai remando nos pontos e se aproximando das McLarens. Enquanto isso, os pódios milagrosos de Leclerc vão sendo substituídos por quintos, sextos e sétimos lugares que a dupla da Ferrari vai empilhando.

Leclerc e Hamilton enxergam o problema, a equipe não

Mas parece que o clima de derrota sobra apenas para os dois, na ponta. Fred Vasseur que veio para o time com a expectativa de dar uma virada de chave, alega que os carros têm ritmo, a pena é que só nos primeiros treinos livres. Enquanto Hamilton critica a estrutura da Ferrari — divisão dos departamentos, procedimentos e o modo Ferrari de lidar com mudanças —, Leclerc é mais “tímido” em apontar o dedo para o carro.

Isso, talvez, apenas no exterior, pois há rumores mais audíveis de que ele estaria aberto a conversar com outras equipes para o futuro, caso a Ferrari não vá para frente em 2026. O apaixonado Leclerc, e tão amado de volta pelos Tifosi, teria chegado ao ponto de enxergar que, indo do jeito que está, ele nunca terá a chance de ser campeão. 

A pá de cal é que, justamente pensando no futuro, com a mudança de regulamento, os rumores são de que a Mercedes vai retomar a dominância. E o que fica para a Ferrari? Talvez tentar sair do costumeiro comodismo e achar que a bagunça de sempre pode seguir.

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