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Uma carta de fim de ano
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Juliana Diniz é doutora em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). É editora do site bemdito.jor

Juliana Diniz política

Uma carta de fim de ano

.É importante dizer sempre, mais uma vez, que a esperança é uma necessidade de vida, assim como a água, assim como a poesia
Tipo Opinião
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Papa Bento XVI, morto aos 95 anos, disse que renunciou por insônia (Foto: Vicenzo Pinto / AFP)
Foto: Vicenzo Pinto / AFP Papa Bento XVI, morto aos 95 anos, disse que renunciou por insônia

Quero deixar para os queridos leitoras e leitores uma mensagem de fim de ano de ode à esperança. Como diz o poema da Matilde Campilho, "o mundo anda profundamente esquisito". Há por todo lado violência, hostilidade, um medo brutal do fim do mundo, o apocalipse muitas vezes e de tantas formas anunciado. Nossos políticos são de péssimo exemplo, há uma falta de geral de filósofos e pensadores que possam nos inspirar, ou exemplos de virtude que nos renovem a fé no ser humano. O mal é, escreveu a Adília Lopes, banal.

É justamente por essa banalidade do mal, por essa onipresença da maldade, que necessitamos de esperança. Acreditar no futuro é o alimento de todos os profundamente crédulos, sejam os crentes em Deus, sejam os revolucionários convictos de seu ateísmo. Os muito religiosos e os muitos revolucionários têm muito em comum. São pessoas de fé arraigada no futuro, pessoas que se movimentam por conta de um princípio de otimismo inabalável.

É na esperança que se renova o chamado à ação transformadora, porque o futuro, para ser bom, precisa de nossas mãos, decisões e convicções. O futuro não é um milagre, é antes um edifício cujo alicerce se finca agora. Por isso a política, nosso tema de sempre por aqui, é tão importante e tão contraditória. Ela é o território que congrega as piores almas, mas as melhores possibilidades. Se há, por toda parte, políticos muito maus, sabemos também que só pela política a bondade pode transcender o sonho e transformar efetivamente a vida das pessoas.

Então, queridos amigos, é importante dizer sempre, mais uma vez, que a esperança é uma necessidade de vida, assim como a água, assim como a poesia. Na carta de São Paulo aos romanos, há uma síntese desse princípio: spe salvi facti sumus, "é na esperança que fomos salvos", porque acreditar é um alento em dias muito sombrios, de muita carência de razões para sorrir. O Papa Bento XVI, invocando essa carta, escreveu uma bela encíclica onde explica que o presente, por mais difícil que seja, é digno de ser vivido se a "meta for tão grande que justifique a canseira do caminho".

Como mulher, como professora, como mãe, preciso ter esperança e alimentar grandes metas. Preciso cuidar do futuro como quem cuida de um jardim precioso. Confiando na semente, me mantendo vigilante na rega e na observação, podando para as renovações necessárias. Aberto, imprevisível, um tanto misterioso, o futuro vale. É nele onde os sonhos mais belos podem ser imaginados, sonhos onde podemos viver sem medo, prósperos e nutridos de imensa beleza.

A todos os amigos companheiros de reflexão que comungam deste espaço, deixo minha mensagem de feliz ano novo, com um abraço afetuoso e feliz, cheio de fé no que há de vir.

 

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