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Anuário da Segurança e a ausência no jornal
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Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

Anuário da Segurança e a ausência no jornal

Destaque negativo sobre a segurança pública no Ceará foi amplamente divulgado pelo portal O POVO, mas não foi publicado no impresso
No Brasil, a situação é mais grave no Rio de Janeiro, onde as MVCI representaram, em 2019, 34,2% das mortes por causas externas; seguido por São Paulo (19%) (Foto: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil)
Foto: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil No Brasil, a situação é mais grave no Rio de Janeiro, onde as MVCI representaram, em 2019, 34,2% das mortes por causas externas; seguido por São Paulo (19%)

No dia 16 de julho, uma matéria publicada no portal O POVO me deixou extremamente triste: "Ceará teve a maior taxa de assassinatos de crianças do Brasil". Uma notícia como essa faz a gente desmoronar. Nem é preciso ter filhos para ficar desolado. Crianças assassinadas! A matéria explicava: "Com 20 assassinatos de crianças entre 0 e 11 anos, o Ceará também teve a maior taxa proporcional de homicídios nessa faixa etária em todo o Brasil. O número significa uma taxa de 27,2 assassinatos para cada 100 mil habitantes. Ainda foram mortos 715 adolescentes entre 12 e 19 anos no Estado no ano passado". O dado foi divulgado pelo 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, documento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que traz dados sobre a violência em 2020 no Brasil.

Ainda no mesmo dia em que essa matéria foi publicada, o portal publicou mais algumas reportagens sobre o anuário. Todas relevantes. Entre elas, destaco algumas. "Caucaia é o município mais violento do Brasil". "Nove fatos sobre a violência no Ceará apontados no Anuário de Segurança Pública". "Adolescente trans assassinada no Ceará ilustra capa do Anuário Brasileiro de Segurança Pública". E ainda tinha uma matéria com a fala do secretário da Segurança, Sandro Caron, destacando que em 2021 temos uma queda de 38% nos homicídios. Dado positivo importante para demarcarmos que a onda de violência de 2020 pode estar diminuindo em 2021.

Todas essas matérias poderiam ser reunidas em uma excelente reportagem no dia seguinte, no impresso. Com dados tão fortes sobre a violência no Ceará, esse tema facilmente seria manchete da edição. Mas não só não foi manchete, como o impresso não trouxe nada sobre o assunto no dia 17. Nem na capa, nem nas páginas de Cidades. Um tema tão importante como esse foi ignorado na versão impressa do O POVO.

Segurança pública é sempre destaque no O POVO

O jornalismo do Grupo de Comunicação O POVO é formado por diversas frentes. Além do impresso, temos o portal O POVO, temos a área de multistreaming do OP , vídeos, documentários, podcasts. Nem tudo que está no portal ou em qualquer outra plataforma, vai necessariamente para o impresso. Até pelo espaço mais restrito que o impresso tem em relação ao portal, onde não há limites como o número de páginas, por exemplo. Mas o impresso, pela natureza do seu papel no jornalismo, traz o que de mais significativo aconteceu no dia anterior, além de análises, reportagens e notícias importantes para seus leitores. Quem lê só o impresso, e é bom entender que temos alguns leitores que se atém a essa plataforma, não ficou sabendo sobre os dados do Anuário da Segurança.

Minha crítica aqui vai sobre a decisão de não publicar o material no impresso. Porque o conteúdo que foi publicado no portal é amplo, analítico e com informações importantes sobre a situação da segurança pública no Ceará. E isso ainda me deixa mais sem entender a decisão. Se já tínhamos material pronto na Casa, porque não levar para o impresso?

A cobertura em relação à segurança pública do O POVO é destaque nacionalmente. Fazemos um belo trabalho. Prestamos um valioso serviço à sociedade quando investigamos assuntos ligados à violência. Está no nosso DNA. No mês que estreamos a segunda temporada de um documentário primoroso, como o Guerra Sem Fim, escorregamos ao não oferecer para o leitor do impresso uma reportagem ampla, um registro histórico, sobre a triste realidade do Estado em relação aos números da violência em 2020.

Errar e corrigir

Errar, infelizmente, faz parte não só do jornalismo, como da vida. E não adianta remoer o erro. O bom é ter a humildade de corrigi-lo. No jornalismo isso é imprescindível. Alguns erros são mais simples e podem se limitar a uma correção no setor de "erramos" do jornal. Outros mais complexos demandam uma explicação melhor e maior. Foi o que aconteceu no dia 10 de julho. A matéria, inicialmente, destacava que a Justiça havia condenado seis policiais no caso em que Cid Gomes foi baleado. O texto foi publicado no impresso do dia seguinte. O fato é que, na verdade, a Justiça havia acatado a denúncia contra os policiais. Eles não haviam sido condenados.

Nesse caso, além de publicar a correção na área do "erramos", no dia 12, O POVO corrigiu a matéria no portal, deixando em destaque, logo no início, que o texto havia sido alterado. E publicou uma nova matéria no impresso, no dia 13, detalhando o caso da forma correta. Fomos transparentes. Respeitamos o leitor. Sobre o destaque da matéria corrigida já no começo do texto, ação que considero excelente, o editor-chefe de Cotidiano, Érico Firmo, explica que não há uma mudança de padrão sobre o local onde a correção é feita, mas uma definição que depende da gravidade do erro. "Não é algo exatamente inédito. Mas, adotamos porque o erro estava no título e no lide. Portanto, colocamos no caso a correção no título e o erramos logo no início. Acho que se justifica para erro como aquele. Fosse algo no meio do texto, entendo que poderia ter outro tratamento", explica.

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