Logo O POVO+
Repúdio a uma declaração desastrosa
Foto de Juliana Matos Brito
clique para exibir bio do colunista

Juliana Matos Brito é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalha no O POVO há 20 anos. Atuou como repórter e editora do núcleo Cotidiano, que reunia as áreas de Ceará, Fortaleza, Ciência & Saúde e Esportes. Também foi editora de Audiência e Convergência do Grupo de Comunicação O POVO e editora-executiva do Digital e da editoria de Cidades. Tem especialização em Jornalismo Científico e é mestranda em Ciências da Informação, ambos pela UFC.

Repúdio a uma declaração desastrosa

O respeito deve ser a base da nossa sociedade. Olhar o outro com gentileza é fundamental
Tipo Análise
Ministro da Educação, Milton Ribeiro (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil Ministro da Educação, Milton Ribeiro

Uma declaração do Ministro da Educação ao programa Novo Sem Censura, dia 9, causou polêmica na semana que passou. Diversos leitores criticaram a afirmação dele. Mas outros concordaram com o ministro e reclamaram da matéria publicada no O POVO. "O ministro foi sim infeliz em muitas das suas falas, mas neste caso vocês deturparam influenciando a opinião pública", disse uma leitora. "Lamentável a forma como foram distorcidas as palavras do ministro da Educação. Ele teve o cuidado de explicar que utilizava o termo com cautela", declarou outro.

Vi e revi o vídeo da entrevista, para ter certeza sobre o que ele falou dentro do contexto da entrevista completa. E considero que a matéria publicada no O POVO está correta. Cita a frase exatamente da forma como ele fala. Inclusive destacando o "cuidado" que ele alega ter em falar que os estudantes atrapalham o aprendizado. E ele realmente diz, ao citar a inclusão social: "O que é o inclusivismo? A criança com deficiência era colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia. Ela atrapalhava, entre aspas, essa palavra falo com muito cuidado, ela atrapalhava o aprendizado dos outros porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela atenção especial", declarou o ministro ao canal de televisão.

Se essa fala por si só já é complicada, pois demostra a falta de empatia e zelo de uma pessoa que deveria cuidar da educação no Brasil, a justificativa, que veio depois, é pior. "Nós temos hoje 1,3 milhão crianças com deficiências que estudam na escola pública. Desse total, 12% tem um grau de deficiência que é impossível a convivência. O que o nosso governo fez: ao invés de simplesmente jogá-los dentro de uma sala de aula pelo inclusivismo, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam".

Mais respeito e menos preconceito

Todos os seres humanos devem ser respeitados na sua plenitude, sem distinção. Todos devem ter direito à educação de qualidade e atenção social. Imagina uma mãe ouvindo uma pessoa falar que a convivência com seu filho é impossível? Isso é cruel, doloroso. Um ministro de Estado precisa ter cuidado. A gente precisa entender como fundamental o respeito ao próximo.

Neste mês, tenho participado de uma leitura coletiva do livro "Longe da Árvore", de Andrew Solomon. Um livro denso que trata sobre família e acolhimento. O autor destaca as identidades verticais (aquelas que herdamos de nossos pais) e horizontais (característica inata que é diferente dos pais, que pode ser, por exemplo, uma síndrome ou uma orientação sexual). E mostra a importância de se reconhecer as várias formas de existir e respeitá-las na sua integridade. O livro traz histórias que nos atravessam e nos fazem pensar sobre como devemos ter um olhar mais humano para a diversidade. A publicação nos faz enxergar o erro de preconceitos incrustados na nossa formação. E nos mostra que é possível nos educar para rejeitarmos esse olhar discriminatório. Não importa a idade que temos. O importante é entendermos o prejuízo que alguma atitude nossa pode trazer para o outro e nos educarmos para não repetir ações que ofendem pessoas. Além de levar esse olhar mais humano para os mais jovens. As crianças aprendem muito com a gente (para o bem e para o mal).

Informação errada sobre o Kpop

Na última quarta-feira, O POVO publicou uma matéria sobre as polêmicas no mundo do Kpop, após um cantor ser condenado por incitação à prostituição. No mesmo dia, recebo uma enxurrada de mensagens, tanto no email quanto no whatsapp, sobre um erro na matéria. Os fãs da música popular sul-coreana informaram que uma das polêmicas citadas era falsa. "Sou do grupo de fãs do Baekhyun, que vocês disseram ser insensível com relação à depressão. Isso é mentira e já foi comprovado pela própria fã que conversou com ele, foi um erro de tradução", disse uma fã em uma das mensagens.

Assim que a equipe responsável pela produção do material identificou o problema, a correção foi feita e o post, no Instagram, foi apagado. "Começou com o caso de uma estrela do Kpop. Fizemos a matéria da condenação por incitação à prostituição. A partir daí, a gente fez outra matéria com as polêmicas envolvendo o kpop. Uma delas, sobre cantor Baekhyun. Ele deu uma declaração sobre depressão e a fala gerou uma interpretação como se ele não ligasse para a doença, mas, depois, ele disse que estava tentando ajudar a fã", detalha o editor Thadeu Braga, sobre o problema identificado no O POVO. "A gente colocou tanto a primeira declaração, como a segunda, ele se defendendo. Mas depois vimos que a primeira fala foi tirada de contexto e erramos porque acabamos embarcando no erro", reconhece. A informação foi corrigida e uma nota explicando o fato foi destacada no início da matéria. Esse problema mostra que devemos ter mais atenção em publicar matérias delicadas como essa. E também realça que nossos leitores estão atentos e podem nos ajudar na construção da nossa produção.

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8H ÀS 14 HORAS

"A Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por acordo entre as partes. Tem status de editora, busca a mediação entre as diversas partes. Entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Ela também chefia área editorial focada na experiência do leitor/assinante e que tem como meta manter e ajustar o equilíbrio jornalístico a partir das demandas recebidas e/ou percebidas. Tem estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

CONTATOS

EMAIL: OMBUDSMAN@OPOVODIGITAL.COM

WHATSAPP: (85) 98893 9807

 

Foto do Juliana Matos Brito

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?