
É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
Eu cresci ouvindo que o brasileiro é um povo pacífico e solidário, mas será que esse discurso resiste, se confrontado com indicadores de violência e morte de populações negras, transexuais, de mulheres e de pobres? Infelizmente, não. Algumas manchetes elucidam, de forma transparente, a atmosfera de intolerância que habita o solo brasileiro.
No mês de abril deste ano, o site da CNN Brasil estampou que "Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis", no corpo da reportagem, a mesma página informa que o Brasil lidera esse ranking pelo 16º ano consecutivo.
No ano anterior, o site do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, por sua vez, retratou uma outra faceta da intolerância expondo que “Mais de 5,2 mil violações de racismo e injúria racial foram registradas pelo Disque 100 em 2024”. Posso também apontar inúmeras outras violações de direitos que têm por base o comportamento intolerante.
A repressão a esses atos é fundamental, mas precisa vir acompanhada de políticas de promoção à igualdade, pois os alvos são grupos vulnerabilizados histórica e estruturalmente. A intolerância é uma velha conhecida da humanidade e está subjacente tanto em um conflito interpessoal, quanto em uma guerra de proporção mundial.
Os livros de história estão repletos de atos intolerantes que, em muitos casos, culminaram com o extermínio de milhares de pessoas, contudo, a humanidade segue intolerante demonstrando que o projeto da modernidade calcado no conhecimento, na ciência e na educação continua inconcluso, dado os fundamentalismos religiosos, políticos e de matriz econômica.
O conceito de tolerância surge como construção teórica para refutar os atos de intolerância que se materializam na negação do outro, no ódio, na violência e na destruição simbólica e material de grupos estigmatizados como inferiores no qual o Holocausto Nazista é a maior expressão histórica.
A tolerância, por sua vez, é dialógica, propositiva, civilizada e, principalmente, democrática; compatível com o pluralismo de ideias e com a diversidade humana.
O cenário político brasileiro vem dando demonstrações de uma escalada sem limites da intolerância, em um país que nunca se falou tanto em liberdade de expressão. O País está perdido em uma polarização cerrada, extrema, e que vem se revelando resiliente, anunciando a falência de debates e projetos que outrora pavimentavam a política.
A intolerância com ideias políticas divergentes e a ausência reiterada da disposição ao diálogo e ao consenso mínimo vêm extrapolando limites, atingindo questões relacionadas à soberania e à divisão de poderes em nosso País.
E é nesse terreno que os frutos da intolerância brotam. Não por acaso, as sessões legislativas estão cada dia mais parecidas com um circo de horrores, com jogos de manipulação, episódios de violência política e vazio de propostas.
Não se pode tolerar a intolerância e os desmandos na cena política, pois esta é, justamente, a via da negação de atos de intolerância. A política nada mais é que a busca de soluções para problemas comuns utilizando o diálogo e tendo por base o acolhimento ao pluralismo e o respeito à diferença.
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