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Nem tudo é champanhe
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Karime Loureiro é advogada e professora de inglês. Apaixonada pelo mundo dos vinhos, formou-se Sommelière Internacional pela International Wine Tasters Organization, atuando como palestrante e mediadora de eventos enogastronômicos. Presta consultorias para jantares harmonizados e eventos, ministra cursos de vinhos pelo Brasil e é digital influencer deste universo, sendo conhecida como Embaixadora das Borbulhas. Na bagagem, a visita a mais de 150 vinícolas pelo mundo

Karime Loureiro gastronomia

Nem tudo é champanhe

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Tipo Opinião

Quando pensamos em espumantes dois nomes geralmente nos vêm à cabeça: Champanhe e Prosecco, certo? Há ainda quem insista em chamar todo vinho com "borbulhas" de champanhe, o que, acredite, é um verdadeiro "crime" para os franceses. Sendo assim, que tal uma breve viagem pelo mundo dos espumantes?

Antes da "levantarmos voo" e a flut, é preciso entender que o universo do vinho é dividido, basicamente, em Novo e Velho mundo, sendo este a Europa e aquele o restante do mundo. Há ainda o novíssimo mundo, mas vamos nos concentrar nesse binário para nossa conversa de hoje.

Onde eu quero chegar com isso?! Vamos lá: como a gente chama um espumante brasileiro? Espumante! E um argentino? Espumante! (espumoso). E um americano? Espumante (sparkling wine). Mas e quando o tema é Velho Mundo, o cenário muda. França, Champanhe? Sim, mas não somente! Há mais de 50 "appellations d'origine controlées" (AOC) para espumantes, que referem-se aos padrões estabelecidos para vinhos na França. Hoje explico a primeira parte dessas nomenclaturas e suas diferenças.

Champagne

Comecemos por Champagne, a maior referencia de espumante no mundo. É um espumante elaborado exclusivamente na região de Champagne, na França. Pode ser branco ou rosé. Para ser rotulado como champagne, o vinho deve ser produzido dentro dessa região demarcada, assim como utilizar uvas autorizadas e cultivadas na mesma limitação, ser elaborado através do método champenoise ( tradicional) e permanecer ao menos 18 meses nas caves em contato com as borras.

Veuve Ambal Crémant de Bourgogne Rosé Premières Fleurs Brut: 
Blend de Pinot Noir, Chardonnay e Gamay, este Crémant de Bourgogne Rosé estagiou de 12 a 15 meses em contato com as leveduras. Destaque para notas de frutas vermelhas frescas, notas florais, além dos agradáveis toques defumados e tostados
Veuve Ambal Crémant de Bourgogne Rosé Premières Fleurs Brut: Blend de Pinot Noir, Chardonnay e Gamay, este Crémant de Bourgogne Rosé estagiou de 12 a 15 meses em contato com as leveduras. Destaque para notas de frutas vermelhas frescas, notas florais, além dos agradáveis toques defumados e tostados

Cremant

Também francês é produzido pelo método tradicional (ou Champenoise), contudo fora da região de Champagne.

O termo "crémant'' foi originalmente utilizado para chamar espumantes com menor pressão (2 a 3 atmosferas) em relação aos champagnes (5 a 6 atmosferas) formando, assim, uma espuma leve, cremosa. Existem sete apelações com denominação de origem protegida (AOC) para Crémants na França e, assim como os Champagnes, devem respeitar decretos e legislações específicas para sua região. Quem lembra da expressão "Creme de la Creme?" Usávamos para quando  algo ou alguém eram a "nata da nata", ou seja, o melhor. Essa expressão vem do Francês "cremant dos cremants", e era usada para definir o champanhe.

Franciacorta

Saindo da Franca temos o Franciacorta, espumante do norte da Itália e super conceituado lá. Elaborado pelo método clássico, produzido a partir de uvas cultivadas dentro das colinas da província de Brescia, na Lombardia. Franciacorta significa “França Curta”, ou seja, uma pequena França. Sua região é famosa por elaborar os melhores espumantes do mundo fora da região de Champagne e tem produção bem limitada, cerca de menos de 5% que sua competidora francesa. Usam o mesmo método de fermentação em garrafa e variedades de uvas primárias.

Prosecco

Prosecco é um vinho espumante originalmente italiano produzido pelo método charmat (ou tank) a partir da uva Glera, tradicional do Vêneto. É uma Denominação de Origem Controlada onde são produzidos vinhos espumantes, além de brancos ou rosés. São os espumantes mais consumidos no mundo, em termos de volume. Suas bolhas são grandes e menos delicadas (porém, jamais deselegantes!). Com aromas cítricos, lembrando também maçã verde, flores e amêndoas, surpreende o palato com nozes, amêndoas e frutas maduras.

Cava Don Román Brut: As uvas são provenientes da propriedade de La Llebre, cujos vinhedos têm cerca de 25 anos de idade. A produção segue o método tradicional (ou Champenoise), em que a segunda fermentação ocorre na própria garrafa. Sua maturação é de 9 meses, sur lie(o vinho é mantido em contato com os sedimentos residuais da segunda fermentação).
Cava Don Román Brut: As uvas são provenientes da propriedade de La Llebre, cujos vinhedos têm cerca de 25 anos de idade. A produção segue o método tradicional (ou Champenoise), em que a segunda fermentação ocorre na própria garrafa. Sua maturação é de 9 meses, sur lie(o vinho é mantido em contato com os sedimentos residuais da segunda fermentação).

Cava

Da Espanha, feito pelo método tradicional, o mesmo do Champagne, 95% de sua produção fica na Catalunha. Ele privilegia uvas diferentes, com as quais não estamos acostumados, como a Macabeo, Parellada, Xarel-lo, mas também permite a Chardonnay. Aromas de leveduras e brioche indicam o método utilizado para sua produção, porém, neste caso, com menor intensidade. Como a maioria dos vinhos da Catalunha, sobressaem as frutas, principalmente as amarelas. Super Versáteis, estão presentes na maioria dos momentos à mesa espanhola. 

Asti

Há ainda Asti, espumantes produzidos na DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita) da região de Piemonte, Itália. O moscatel mais conhecido no mundo é o Asti Spumante, regulamentado por uma DOCG.

Altos de Pinto Bandeira

Recentemente, o Brasil conquistou a primeira Denominação de Origem (D.O.) exclusiva de espumantes. A D.O Altos de Pinto Bandeira tem uma importância que ultrapassa nossas fronteiras, afinal é a primeira D.O para espumantes de todos os países do Novo Mundo. Sensacional, não é? Dentre as várias regras, podemos destacar as seguintes: Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico são as castas permitidas para a produção dos espumantes, devem ser colhidas à mão e serem elaborados pelo método tradicional.

 

 

O importante é que sempre há um espumante perfeito para qualquer ocasião, sejam eles no Novo ou Velho mundo, sendo ou não de uma denominação de origen

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