Karime Loureiro é advogada e professora de inglês. Apaixonada pelo mundo dos vinhos, formou-se Sommelière Internacional pela International Wine Tasters Organization, atuando como palestrante e mediadora de eventos enogastronômicos. Presta consultorias para jantares harmonizados e eventos, ministra cursos de vinhos pelo Brasil e é digital influencer deste universo, sendo conhecida como Embaixadora das Borbulhas. Na bagagem, a visita a mais de 150 vinícolas pelo mundo
Foto: Histoire & Corporate : Personnag
Madame Clicquot em portrait de Léon Cogniet
Ela era viúva, jovem e ousou assumir um império de borbulhas em pleno século XIX. Inventou o primeiro vintage, o primeiro rosé e a técnica que deu clareza ao champagne. Transformou Reims em sinônimo de elegância e o champagne em sinônimo de coragem.
1. A mulher que desafiou o "status quo"
Reims, França, 1 777. Nasce Barbe-Nicole Ponsardin, aquela que o mundo conheceria como Madame Clicquot. Aos 27 anos, viúva e proibida por lei de gerir um negócio, ela assumiu o comando da vinícola da família, contrariando o código napoleônico e os padrões de uma sociedade que não acreditava em mulheres no poder. E pensar que hoje voltamos a ouvir esses devaneios machistas é, no mínimo, um acinte. Mas retomemos a história...
Madame Clicquot foi a primeira mulher de negócios da França moderna e não apenas conduziu uma vinícola, ela inventou o champagne moderno. Cria o primeiro champagne vintage (1810), a técnica do remuage (1816), que "limpou" o vinho e o tornou cristalino, e o primeiro rosé de assemblage (1818), unindo vinhos brancos e tintos numa sinfonia de aromas.
Durante as Guerras Napoleônicas, enviou dez mil garrafas escondidas à Rússia, driblando bloqueios e conquistando o paladar do czar Alexandre I, que declarou: "Só beberei Veuve Clicquot." Foi o primeiro passo para transformar uma marca em mito e uma mulher em lenda.
2. Uma Maison que segue o espírito da fundadora
Daquele lema simples ,"Uma só qualidade, a primeiríssima", nasceu uma filosofia. Hoje, a Veuve Clicquot continua fiel à sua essência: excelência, inovação e sustentabilidade. É a primeira Maison de Champagne certificada pela ISO 14001; cultiva 400 hectares de vinhedos, 55% Grands Crus e 40% Premiers Crus; é 100% livre de herbicidas; reduziu mais de 50% do consumo de água; o Hôtel du Marc, mansão privada da marca em Reims, que recebe apenas convidados especiais, opera com 85% de energia autossuficiente .
Cada garrafa leva, em média, 400 vinhos base, 30 meses de maturação e até 45% de vinhos de reserva, alguns com mais de 30 anos. Mas o maior diferencial da Maison não está apenas nas caves de giz de Reims, está nas pessoas!
3. O legado humano de uma Maison feminina
Muito antes de se falar em ESG ou responsabilidade social, Madame Clicquot já cuidava de gente. Implementou medidas inéditas para a época: pagava parte do salário dos empregados doentes e 100% do salário aos acidentados em serviço.
Criou fundos para educação e saúde das crianças da aldeia de Boursault e financiou, junto a Edouard Werlé, uma casa de repouso em Reims — um gesto pioneiro de cuidado humano e comunitário .
Mais tarde, no século XX, Bertrand de Mun, herdeiro do espírito social da Maison, ampliou essas ações com acampamentos de férias para filhos de funcionários, assistência médica e psicológica, e o apoio à Liga Feminina de Reims, em defesa do voto das mulheres.
E a história seguiu: a duquesa de Ilzès, bisneta de Madame Clicquot, foi uma voz ativa pelos direitos das mulheres na França.
Essa essência solidária se mantém viva até hoje.
Durante a pandemia, os dois chefs da Veuve Clicquot prepararam refeições gratuitas para os hospitais de Reims, reafirmando o mesmo compromisso humano que nasceu há mais de dois séculos.
4. A força das mulheres segue borbulhando
A Veuve Clicquot não apenas nasceu de uma mulher, ela continua a dar palco a outras. Mais de 50% dos cargos executivos da Maison são ocupados por mulheres. Desde 1972, o Prêmio Veuve Clicquot Mulher de Negócios homenageia empreendedoras que, como Madame Clicquot, constróem e transformam o mundo.
5. Brindar à coragem
Veuve Clicquot não é somente um champagnes, é o sabor de uma história que começou com uma mulher à frente de seu tempo e que segue inspirando gerações. Um brinde a quem transformou luto em legado e bolhas em liberdade. E que sua "luz amarela" continue iluminando todas as mulheres que escolhem brilhar, sem pedir permissão!
Em tempo: no próximo dia 5 de novembro, Fortaleza recebe François Hautekeur, enólogo da Marca no Brasil, para um jantar Harmonizado inteiramente com Veuve Clicquot, no restaurante La Bella Itália. Imperdível!!!
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