Karime Loureiro é advogada e professora de inglês. Apaixonada pelo mundo dos vinhos, formou-se Sommelière Internacional pela International Wine Tasters Organization, atuando como palestrante e mediadora de eventos enogastronômicos. Presta consultorias para jantares harmonizados e eventos, ministra cursos de vinhos pelo Brasil e é digital influencer deste universo, sendo conhecida como Embaixadora das Borbulhas. Na bagagem, a visita a mais de 150 vinícolas pelo mundo
Foto: Divulgação
Veuve Clicquot, um dos mais reconhecidos e tradicionais champanhes do mundo
Durante décadas, o espumante foi o vinho do "momento especial". Hoje, ele é o vinho do tempo em que vivemos. Em um mundo que consome menos excessos e mais significado, as borbulhas se tornaram um espelho de comportamento, mercado e cultura. Quem bebe espumante, como bebe e de onde ele vem dizem muito mais sobre o mundo atual do que parece à primeira
Dados de organismos internacionais e relatórios de mercado indicam que o consumo de espumantes segue sustentado por novos hábitos: bebidas mais leves, frescas, versáteis e menos cerimoniosas. Estados Unidos, Reino Unido e países do norte da Europa continuam entre os maiores consumidores, enquanto estilos como o Prosecco ampliam sua presença ao redor do mundo por acessibilidade e informalidade.
O champagne, ícone absoluto das borbulhas, atravessa um momento de ajuste. Segue forte no valor, no prestígio e no mercado de luxo, mas registra oscilações em volume, pressionado por custos, mudanças climáticas e por um consumidor que passou a alternar mais suas escolhas.
Enquanto isso, a Itália avança. O Prosecco consolidou-se como o espumante mais consumido do mundo, ocupando bares, restaurantes e mesas cotidianas. Ele representa uma mudança simbólica: celebrar deixou de ser exceção e passou a ser hábito.
Curiosamente, o Brasil aparece como um contraponto positivo. Segundo análises do setor de luxo, grupos como a Moët Hennessy identificam no país um apetite consistente por champagne, mesmo em um cenário global mais retraído. Aqui, o espumante francês segue sendo símbolo cultural de celebração, status e experiência, especialmente entre consumidores premium.
concorrência ou novo capítulo?
Um dos movimentos mais interessantes dos últimos anos vem da Inglaterra. Espumantes ingleses, produzidos pelo método tradicional, ganharam destaque internacional e passaram a vencer degustações às cegas contra grandes champagnes. O motivo não é acaso: solos calcários semelhantes aos da Champagne, avanço técnico e, sobretudo, mudanças climáticas que tornaram o sul inglês especialmente favorável à viticultura de espumantes de alta acidez e precisão.
Não se trata de uma "briga" com a França, mas de um reposicionamento global: o mapa das borbulhas ficou maior.
O espumante brasileiro deixou de ser coadjuvante. Em 2025, o País acumulou reconhecimentos internacionais, com destaque para Amitié Moscatel Premium, eleito um dos 12 melhores espumantes do mundo no concurso francês Effervescents du Monde. Sinal de identidade e maturidade. E o Nordeste tem papel central nessa história. A região é uma das maiores consumidoras de espumantes do País, impulsionada pelo clima, gastronomia e cultura de celebração espontânea. Aqui, o espumante não espera a virada do ano, ele acompanha o cotidiano. E isso é tendência global. As borbulhas não estão em disputa. Elas estão em movimento. E o mundo, hoje, bebe exatamente assim.
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