Como a NBA chega à primeira final sem LeBron ou Curry após 10 anos
Jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Apaixonada por basquete, foi repórter do NBB em Fortaleza. Primeira mulher a comentar uma partida de futebol na TV cearense. Autora do livro A Verdadeira Regra do Impedimento, sobre a história do futebol feminino estadual
Como a NBA chega à primeira final sem LeBron ou Curry após 10 anos
Desde 2010-2011, a disputa pelo título do maior torneio de basquete do mundo sempre teve a presença de LeBron James, Steph Curry ou dos dois. Colunista analisa o que fez esta temporada ser diferente
Em meio à segunda rodada dos playoffs, a NBA ainda não conhece os seus finalistas de conferência e, consequentemente, os times que vão disputar o primeiro título após a bolha. Mas uma coisa já é certa: vai ser a primeira vez, após uma década, sem Stephen Curry ou LeBron James nas finais.
A constante presença dos astros nas decisões rendeu uma rivalidade marcante, onde disputaram o título quatro vezes seguidas, entre 2015 e 2018, com três vitórias para Curry, e uma de LeBron. Além das finais dessas temporadas, King James esteve presente entre 2011 e 2014, pelo Miami Heat, e em 2020, já pelos Lakers, vencendo em três destas edições. Steph também levou o Golden State Warriors à final de 2019, quando ficou com o vice-campeonato.
Para explicar o atual cenário, é inevitável citar as lesões dos principais companheiros dos dois. Klay Thompson viria com alta expectativa, já que uma lesão no joelho nas finais de 2019 o tirou de toda a temporada 2020. Mas uma nova lesão, no tendão de Aquiles, ainda na pré-temporada, fez o ala-armador perder o segundo ano consecutivo da carreira. Na versão “filho único” dos Splash Brothers, Steph fez mais uma temporada magistral — comparada, inclusive, à de 2016, quando ganhou o MVP unânime. Ele liderou a NBA, por exemplo, em pontuação e cestas de três, e foi um dos três finalistas ao prêmio de MVP, mesmo com uma pequena fratura no cóccix, revelada ao fim da temporada.
No entanto, com a ausência de outro all-star no comando do ataque, Curry precisava manter os mais de 30 pontos por jogo para o time de São Francisco ter chance de vitória, enquanto via constantemente a marcação triplicar. Wiggins não demonstrou a regularidade exigida pelo torcedor em razão de seu alto salário, Kelly Oubre Jr não convenceu e Draymond Green, um dos defensores de elite da liga, já reconheceu que deveria ter ido mais ao ataque.
Já o Lakers, que no início da temporada era tido como um dos favoritos ao bicampeonato consecutivo, também conviveu com lesões que prejudicaram a campanha. Anthony Davis, com problemas na panturrilha e no Aquiles, perdeu 36 jogos (exatamente metade) da temporada regular. O próprio LeBron também perdeu 27 jogos por uma torção no tornozelo. Com eles em quadra, o time de LA soma uma campanha de 19 vitórias e 8 derrotas. A situação muda para um 8-10 com os dois afastados. Sem os protagonistas, com Schroeder rendendo abaixo do esperado, com o mais uma vez adiado “desenvolvimento” de Kyle Kuzma e, pra piorar, com nova lesão de Davis durante os playoffs, o Lakers parou no estruturado time de Phoenix.
Por isso, outro fator que deve ser destacado é a nova geração. O Suns tem, além do comando em quadra de Chris Paul, o talento de Devin Booker, que não pareceu sentir o peso de sua primeira pós-temporada e se apresenta como o futuro da franquia. O Warriors parou ainda no play-in diante do Grizzlies de um inspirado Ja Morant, que segue em rápida evolução após o prêmio de novato do ano em 2020 e, mesmo eliminado na fase seguinte, foi aclamado ao marcar 47 pontos em um dos jogos diante do Utah Jazz, líder do Oeste.
O fim da linha ainda parece distante para LeBron James e Stephen Curry, que, em breve, devem voltar a disputar títulos de uma das maiores ligas esportivas do mundo. Mas se o conceito de carregar um time sozinho foi válido em algum momento, a atual NBA exige mais, mesmo das superestrelas, para atingir o topo.
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