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Entre o Olimpo e a humanidade: Giannis Antetokounmpo
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Jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Apaixonada por basquete, foi repórter do NBB em Fortaleza. Primeira mulher a comentar uma partida de futebol na TV cearense. Autora do livro A Verdadeira Regra do Impedimento, sobre a história do futebol feminino estadual

Entre o Olimpo e a humanidade: Giannis Antetokounmpo

Craque grego teve atuação fenomenal no jogo decisivo das finais da NBA, na noite de terça-feira, levando o Milwaukee Bucks ao primeiro título em 50 anos. Mais que marcas, ele é um humano
Tipo Notícia
Título pelos Bucks credencia Giannis Antetokounmpo como o maior não americano da história da NBA (Foto: ANDREW D. BERNSTEIN / NBAE / Getty Images / Getty Images via AFP)
Foto: ANDREW D. BERNSTEIN / NBAE / Getty Images / Getty Images via AFP Título pelos Bucks credencia Giannis Antetokounmpo como o maior não americano da história da NBA

Altura, envergadura, força. Prêmios. Jogador que mais evoluiu; duas vezes melhor jogador da temporada regular; defensor do ano; cinco vezes All-Star e MVP na última edição. Campeão. MVP das finais. Cinquenta pontos para trazer o topo da NBA de volta a Milwaukee após 50 anos, a maior marca em um jogo de título (ao lado de Bob Pettit, do Hawks, em 1957).

Título pelos Bucks credencia Giannis Antetokounmpo como o maior não americano da história da NBA
Foto: ANDREW D. BERNSTEIN / NBAE / Getty Images / Getty Images via AFP
Título pelos Bucks credencia Giannis Antetokounmpo como o maior não americano da história da NBA

“Aberração grega”. Em poucos dias, uma recuperação humanamente improvável após a hiperextensão no joelho esquerdo durante as semifinais. Um toco humanamente impossível em DeAndre Ayton no disputado jogo 4, que permitiu, de fato, aos Bucks sonharem com o troféu. É fácil evocar o sobrenatural, a mitologia grega, para falar de Antetokounmpo. Mas Giannis é, acima de tudo, humano — e é justamente isso que torna a sua caminhada tão fascinante.

A 20 segundos do estouro do cronômetro, Giannis chamou a torcida. Queria uma prova que não estava sonhando sozinho. Pulou, comemorou com o companheiro de time PJ Tucker. Com o resultado assegurado, Giannis sentou no banco de reservas e as lágrimas chegaram, escorreram, tocaram a camisa que ele fez questão de usar. A cidade de Milwaukee não é um mercado grande e, com as últimas decepções dos Bucks em playoffs, cresceu o rumor de que Antetokounmpo pediria uma troca para um time com elenco melhor e mais chance de ser campeão — exemplos recentes para alimentar essa teoria não faltavam. Mas ele ficou e confirmou que queria, a partir de si, construir um time vencedor. Foi o jeito mais difícil, como o próprio ala falou na coletiva após o título, mas ele conseguiu. E ele sabe disso.

Comemorou como criança ao ser lembrado de que, agora, os três irmãos jogadores — Giannis e Thanasis, agora com os Bucks, e Kostas, com os Lakers no ano passado — possuem um título da maior liga de basquete do mundo. Giannis sabe que o esporte deu à família não só o reconhecimento, mas a cidadania. Antetokounmpo aceitou o basquete porque o primeiro técnico prometeu emprego a seus pais, e foi por causa do esporte que o filho grego de imigrantes nigerianos conseguiu, aos 18 anos, documentação oficial no país europeu.

O jovem que chegou a Milwaukee e, vendo as camisas aposentadas de astros como Kareem Abdul-Jabbar e Oscar Robertson, sonhou em ter o mesmo destino, fez história e emocionou a todos na primeira final disputada. Carismático e vencedor — e, mais uma vez, humano —, Giannis sobe na disputa pelo título de melhor estrangeiro da história da liga, e alerta a uma NBA ainda xenofóbica que o novo rosto da competição tende, cada vez mais, a fugir dos limites estadunidenses. E essa narrativa teve, na última terça, o mais importante capítulo até agora, ainda longe do final, mas já com uma longa jornada percorrida desde o início.

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