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Como o cronômetro de 24 segundos salvou o basquete
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Jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Apaixonada por basquete, foi repórter do NBB em Fortaleza. Primeira mulher a comentar uma partida de futebol na TV cearense. Autora do livro A Verdadeira Regra do Impedimento, sobre a história do futebol feminino estadual

Como o cronômetro de 24 segundos salvou o basquete

Adoção do relógio para limitar tempo de posse de bola de cada equipe acabou dando sobrevida ao esporte, que se tornou mais dinâmico, rentável e popular desde então
Tipo Opinião
Cronômetro de 24 segundos para arremesso em partida da NBA. Paul Gorbould / Creative Commons (Foto: Paul Gorbould / CC)
Foto: Paul Gorbould / CC Cronômetro de 24 segundos para arremesso em partida da NBA. Paul Gorbould / Creative Commons

Atualmente, uma das regras mais conhecidas do basquete — até por quem não acompanha o esporte com tanta frequência — é que as equipes têm até 24 segundos disponíveis em cada posse de bola. A alternância de posses e a agilidade e o atleticismo das jogadas tornaram-se características, sobretudo, da NBA. No entanto, é válido dizer que nem sempre foi assim. Essa regra não foi criada junto com o basquete, e sim desenvolvida no decorrer do jogo, para reverter um cenário desfavorável.

A NBA atual é resultado da união de duas ligas pré-existentes nos Estados Unidos, a Basketball Association of America (BAA) e a National Basketball League (NBL). No início, os times não estavam situados em mercados — ou cidades — tão grandes, como acontece hoje. Além disso, o jogo em si não tinha tantos prodígios e era extremamente lento. Os fatores, somados, diminuíam o alcance da liga, que precisava crescer para se estabelecer em prestígio e financeiramente.

Quanto à lentidão do jogo, um caso marcante é o 19 x 18 como placar final da partida entre Fort Wayne Pistons (futuro Detroit Pistons) e Minneapolis Lakers (que viria a se mudar para Los Angeles), em 1950. Sem um tempo delimitado para cada posse, era comum que os atletas, principalmente do time que estava em vantagem, segurassem a bola ou esperassem sofrer falta para ter direito aos lances livres, o que poderia levar bons minutos do jogo, como traz o livro "Era de Gigantes", de Vitor Camargo.

Pensando nisso, Danny Biasone, dono do então Syracuse Nationals (que se tornaria o Philadelphia 76ers), juntamente com Leo Ferris, general manager do time, buscaram uma solução que pudesse trazer mais movimento ao jogo. Os 24 segundos, no entanto, não foram escolhidos à toa. Biasone selecionou alguns jogos que considerou bons, e os dois viram que, em média, havia cerca de 120 arremessos, com 60 para cada time. Trazendo a matemática à tona, dividindo os 48 minutos de jogo da NBA para 120 arremessos, o resultado é um arremesso a cada 24 segundos.

O conceito do cronômetro de posse foi implantado na NBA em 1954. O basquete Fiba, mesmo com oito minutos a menos no tempo total de jogo, também usa os 24 segundos como regra. Em um trocadilho praticamente inevitável, o relógio aumentou o tempo de vida da NBA, que viria a se expandir ainda mais a partir dos anos 60.

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