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Vacinados precisam fazer mais para frear minoria barulhenta antivacina na NBA
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Jornalista formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Apaixonada por basquete, foi repórter do NBB em Fortaleza. Primeira mulher a comentar uma partida de futebol na TV cearense. Autora do livro A Verdadeira Regra do Impedimento, sobre a história do futebol feminino estadual

Vacinados precisam fazer mais para frear minoria barulhenta antivacina na NBA

Jogadores proeminentes da Liga, como Kyrie Irving, se posicionam contra a imunização, enquanto estrelas já vacinadas preferem respostas evasivas, evitando choque com colegas negacionistas
Tipo Opinião
Kyrie Irving é uma das estrelas da NBA que não pretende se vacinar (Foto: Foto: Sarah Stie/AFP)
Foto: Foto: Sarah Stie/AFP Kyrie Irving é uma das estrelas da NBA que não pretende se vacinar

Um tema foi praticamente unanimidade no último media day da NBA, que aconteceu nesta semana: a vacinação contra a Covid-19. Algumas cidades como São Francisco e Nova York estabeleceram que apenas pessoas vacinadas podem participar de eventos esportivos. Essa determinação inclui a torcida e, também, os atletas — mas alguns parecem estar dispostos a testar até onde vai a rigidez das autoridades.

Bradley Beal, ala do Washington Wizards e segundo maior cestinha da última temporada, disse que ainda não descartou tomar a vacina, mas questionou por que os vacinados continuavam contraindo o vírus, já que "estariam imunizados". Andrew Wiggins, do Golden State Warriors, também não está vacinado e parece irredutível. Questionado por repórteres sobre os motivos para tal escolha, o canadense se limitou a dizer que era um problema apenas dele. Kyrie Irving é outro nome já costumeiramente associado a teorias conspiratórias. Em relação à vacinação, assim como Wiggins, o armador disse que preferia manter sigilo e que essa era uma questão pessoal.

O problema é que, sendo um dos vice-presidentes da NBPA, o “sindicato” dos atletas da NBA, Kyrie é bastante influente. De acordo com o porta-voz da liga, Mike Bass, a NBA propôs a proibição da atuação de atletas não vacinados, mas a NBPA não aceitou o plano. Ainda assim, a Liga montou um rígido esquema para reduzir o contato dos não vacinados com os demais atletas, em uma série de medidas que incluem desde vestiários separados até uma “quarentena” onde os não vacinados só seriam liberados para treinos e jogos. Além disso, a NBA também afirmou que os atletas não vacinados que venham a perder partidas — como os possíveis casos de Wiggins e Irving, que atuam em cidades que proíbem não vacinados em eventos esportivos — terão seus salários descontados de forma proporcional às ausências.

A taxa de atletas vacinados na NBA chega a 90%, número bem maior do que a parcela que ainda reluta em buscar a imunização. No entanto, apesar disso, o discurso condescendente com os colegas não vacinados ainda é um fator que incomoda os conscientes fãs. Uma frase que se repetiu mais do que o ideal no media day foi “é uma escolha”. Alguns atletas, mesmo vacinados, afirmaram confiar nos companheiros e respeitar os motivos que, pelo menos até agora, os levaram a tomar essa decisão e adiar a imunização.

LeBron James, que já havia recusado comentar se estava ou não vacinado há cerca de quatro meses, afirmou que se vacinou para proteger a si e à família depois de fazer suas “próprias pesquisas” sobre o imunizante. Ainda assim, o craque declarou que não era seu papel falar sobre as vacinas — apesar de expor, na mesma coletiva, que liderança, para ele, não era ocasional, e que ele a buscava 24 horas por dia, 7 dias por semana. Afirmou ainda: "Eu posso falar por mim, acredito que todos têm a opção de ter uma escolha", o que vai de encontro à real proposta de imunização por vacinas, que necessita de grande adesão da população para ter eficácia, já que, do contrário, os riscos de surgimento de variantes, por exemplo, podem aumentar.

Dentro do já conhecido corporativismo da Liga, o discurso de Stephen Curry assumiu um tom mais adequado. Sobre a postura de Andrew Wiggins, Steph disse que “aceitável era uma palavra muito forte” para isso e que “não era o ideal”. Disse, também, que esperava que o colega de equipe tivesse acesso às informações corretas. O armador, inclusive, chegou a fazer lives com profissionais da saúde no início da pandemia, buscando conscientizar os fãs sobre os riscos do vírus.

Uma fala que chamou mesmo a atenção foi a de Robin Lopez. O pivô ironizou quem diz que precisa fazer as próprias pesquisas ou buscar mais provas sobre a eficácia das vacinas. “Eu não assisti, eu não estava lá, então, acho que preciso buscar alguma prova”, brincou, questionando se o Milwaukee Bucks, do irmão Brook Lopez, havia mesmo sido campeão na última temporada.

Muito se fala sobre a consciência política e as pautas sociais defendidas pelos atletas da NBA. A vacinação, querendo ou não, também é uma pauta política, e deveria ser pensada e tratada como tal.

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