Com formação em desenvolvimento mobile pelo IFCE e pela Apple Academy, junto ao seu conhecimento em Design e Animação, atuação em UI|UX e experiência na criação de aplicativo móveis, fundou a Startup Mercadapp. É amante dos livros, da música, do teatro e do ballet. Tudo isso sempre junto e misturado a tecnologia e inovação. Escrever sempre foi seu refúgio dentro dessa jornada tão desafiadora, que é ser uma jovem mulher empreendedora
Havia uma paz que só o fundo do mar conhece. E eu, que costumo observar as pessoas, ali observei a vida marinha. Sem filtro, sem controle, sem saber se ela me observava de volta
Foto: Arquivo pessoal
Filipinas
Viajar me leva sempre a muitos lugares e muitas experiências, como museus, praças, teatros, shows. Mas há um tipo de lugar que só se acessa se você estiver disposto a mergulhar. Literalmente. Mergulhar de cilindro é isso: descer até onde o som não chega, onde a pressa do mundo evapora e só existem as borbulhas da sua própria respiração.
Eu tinha medo de mergulhar de cilindro. Apesar de ser apaixonada pelo mar, eu tive uma surdez súbita em um voo alguns anos atrás e receber pressão no ouvido é bem assustador e sofrido para mim. Mas eu não queria deixar de viver essa experiência.
Meu primeiro mergulho foi no Egito. No Mar Vermelho, aquele mesmo que carrega tantas histórias religiosas e políticas nas margens, mas que, abaixo da superfície, parece outro planeta. Chamam-no de um dos mares mais claros do mundo, e não é exagero. A visibilidade chegava a mais de 30 metros naquele dia. Era como flutuar no ar, mas um ar azul profundo, onde tudo se move em câmera lenta.
O Mar Vermelho, ou Al-Bahr al-Ahmar, banha o nordeste africano e a península do Sinai, estendendo-se entre o Egito, Sudão, Eritreia e Arábia Saudita. Suas águas salgadas, e bem salgadas, abrigam uma biodiversidade exuberante: são mais de mil espécies de peixes. E é exatamente essa vida marinha rica e colorida que atrai mergulhadores do mundo inteiro.
Coloquei a vestimenta, o cilindro, os pesos e as nadadeiras. Me joguei para trás do barco e afundei. Lembro até hoje da primeira coisa que vi: um cardume de peixe que pareciam em festa. Corais de todas as cores, colônias inteiras, vivas. Peixes sozinhos, solitários. Estrelas do mar, cobra marinha e por aí vai.
Havia uma paz que só o fundo do mar conhece. E eu, que costumo observar as pessoas, ali observei a vida marinha. Sem filtro, sem controle, sem saber se ela me observava de volta. Até que cheguei numa parte mais rasa, aproximadamente uns 10 metros de profundidade, e lá pude me ajoelhar na areia e observar alguns corais com tranquilidade. Talvez um lapso infantil? Mas eu me senti dentro da Fenda do Biquíni, do Bob Esponja.
Meses depois, atravessando o mundo, fui parar nas Filipinas. Outro azul, outro calor, outro tempo. Lá, em Cebu, embarquei numa aventura que misturava encanto com frio na barriga. Dessa vez era: nadar com o tubarão-baleia. O maior peixe do mundo. Um gigante gentil que parece saído de uma lenda.
As Filipinas são formadas por mais de 7 mil ilhas. Um arquipélago cercado de recifes e vida marinha, onde o mergulho é quase um ritual.
Dessa vez, a preparação foi outra. A ansiedade era maior. A entrada foi pela praia mesmo, logo no amanhecer, às cinco da manhã. No caminho, fui nadando por lindos corais e cardumes. Quando estava chegando mais ao fundo, logo acima estava ele. Enorme. Imponente. E ao mesmo tempo, calmo.
Um ser de quase 12 metros deslizando sem pressa, como se não soubesse do próprio tamanho. Vinha na minha direção, fiquei estátua, conforme meu instrutor tinha instruído. E ele subiu. A corrente me empurrou um pouco, e eu estava tão perto que pude ver as manchas em sua pele cinzenta, como se fossem constelações.
Foto: Arquivo pessoal
Filipinas
Ali, senti algo que é difícil de colocar em palavras. Não era medo, tampouco euforia. Era uma reverência. Era divino. O tubarão-baleia desapareceu lentamente no azul. E eu fiquei. Pairando entre dois mundos. Até voltar à superfície com o coração batendo forte e uma sensação deliciosa que só novas experiências conseguem me causar.
Mas esses mergulhos não foram só experiências. Foram encontros. Com o outro mundo, com outro tempo. Debaixo d’água, tudo é silêncio, e nesse silêncio, ouvi muito de mim.
Viagens mundo afora. As mais diversas culturas, curiosidades e histórias. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.