
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
O trabalho está na gênese do espaço geográfico. É a força motriz que interfere profundamente na construção do espaço , mas ao mesmo tempo, vai se refazendo de acordo com as necessidades da sociedade e suas demandas econômicas e políticas.
Nas cidades modernas, os mecanismos do consumo levaram a alienação do viver: a separação entre o lugar do trabalho e o lugar da moradia. A habitação passou a ser uma mercadoria a ser vendida no mercado imobiliário, porque está fundada no princípio liberal de propriedade, onde o Estado não pode garantir habitação sem o vínculo mercantil do imóvel (pagamento ou aluguel).
Mas a habitação é muito mais do que isso. Ela é a base da qualidade de vida que tem sido tratada como um objeto separado de forma exacerbada por setores: qualidade de vida separada da saúde, separada do trabalho, separada do morar, separada da natureza.
A cidade é não só o lugar de exercício do trabalho, mas também de realização da vida, e a habitação é parte da expressão dessa realização. Diante desse significado da habitação para o trabalhador, o livre mercado sozinho não é capaz de resolver as "irracionalidades" do mercado. É fundamental pensar novos mecanismos junto ao estado conduzindo também o mercado , capazes de criar ou manter condições de existência da cidade e do lar; seja por meio das políticas sociais, planos habitacionais, planejamento de emprego e renda, de qualificação profissional, que possa conter a favelização.
As políticas habitacionais têm sido feitas como políticas de mercado,: a moradia do trabalhador se realiza por meio do mercado, o que gera profundo quadro de exclusão social, fazendo com que pessoas com baixa renda e com instabilidade no trabalho (por conta própria e/ou sem carteira assinada) sejam conduzidas ocupar terrenos ou edificações formando favelas. E por isso, independente do número crescente de habitações produzidas, o déficit habitacional continua crescendo também.
Tratar a habitação de forma universal é buscar reconhecer o espaço da cidade como a totalidade de todos, dos visíveis, dos mais visíveis, dos menos visíveis e dos que não podemos ver. Os espaços urbanos tem sido a expressão da modernização capitalista, por meio de sua arquitetura, dos fluxos de capital, de pessoas e de idéias. E mesmo que haja a interação com os excluídos, vão continuar a permitir a reprodução da exclusão se não houver mudanças profundas nesse mecanismo.
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