
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
O escrito de hoje vem da reflexão de uma criança, no caso a minha filha, que numa tarefa de história, tinha que discorrer sobre a evolução das cidades. A comparação era de uma foto do teatro municipal do Rio de Janeiro de cem atrás com uma recente. A primeira percepção dela foi: "antes tinha muito mais espaço para fazer o que quiser. "
Os espaços abertos balizam de fato a qualidade de vida nas cidades. O bem-estar físico, mental e social das pessoas é diretamente impactado por esses espaços. Sabemos que a densidade é um fator irreversível das cidades, assim como o ritmo acelerado da vida moderna que tem levado pessoas ao isolamento e ao estresse. O que parece contraditório, ter mais gente e ter mais solidão. É nessa hora que eles surgem como refúgios essenciais para o convívio, o lazer e a conexão com a natureza.
No caso das crianças isso se torna mais ainda essencial, uma vez que criança é movimento, é corpo e sentidos ávidos por experiências, aprendizados. Parques, praças, ruas e calçadas bem planejadas incentivam não só a interação delas com a cidade, mas dão o "espaço" necessário para viver a vida além de casa, trabalho, escola. São contrastes importantes para nossa saúde coletiva: espaços de relaxamento, do não-fazer, para se expor a luz natural e ter contatos com a natureza.
São nos espaços públicos que temos a oportunidade de cocriar comunidades mais coesas e inclusivas, promovendo o encontro de pessoas de diferentes origens, idades e classes sociais. Essa convivência nos nutre de tolerância, respeito mútuo e da sensação de pertencimento, elementos essenciais para uma sociedade mais justa.
No entanto, vivenciamos uma retração desses espaços. Por serem negligenciados são vistos como inseguros ou subutilizados, o que intensifica a apropriação deles pelos interesses do mercado, uma vez que terrenos urbanos estão cada vez mais raros. Podemos ainda reverter esse cenário, quando tratarmos os espaços públicos como essenciais para a saúde coletiva, e de direito irrefutável para nossas crianças serem e fazerem o que quiser.
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