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Habitação, Tecnologias e Senso de Comunidade
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Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)

Habitação, Tecnologias e Senso de Comunidade

Este movimento é particularmente relevante em grandes cidades, onde a construção de moradias tradicionais muitas vezes ignora as necessidades e desejos das comunidades que ali vivem

Quando queremos falar de habitação, não podemos ignorar a evolução do conceito de lar, refletindo não apenas a necessidade de abrigo, mas também a busca por identidade e pertencimento cultural. É fato de que há uma demanda crescente por moradias mais acessíveis, que ao mesmo tempo respeitem a cultura local e promovam comunidades coesas. Essa exigência está levando a inovações na forma como concebemos e desenvolvemos espaços habitacionais.

É aí que entram as "habitações colaborativas" e as "eco-vilas", modelos que promovem não apenas a sustentabilidade ambiental, mas também a interação social. Nesses espaços, a ideia de compartilhar não se limita apenas ao uso de áreas comuns; ela se estende ao próprio conceito de propriedade, onde os moradores se engajam ativamente em decisões que afetam seu cotidiano, sendo então uma boa oportunidade de resgatar o senso de comunidade, tão afetado pela forma tradicional de produzir habitação no mercado.

Este movimento é particularmente relevante em grandes cidades, onde a construção de moradias tradicionais muitas vezes ignora as necessidades e desejos das comunidades que ali vivem. Assim, vemos um crescimento no interesse por abordagens que priorizam o design participativo e a inclusão social.

Vivemos também tempos de rápida evolução tecnológica, que tem redesenhado as nossas formas de comunicação e interação social. O que parece ser um paradoxo no entendimento de comunidade como vizinhança: o campo físico da convivência versus o entendimento de comunidade por afinidades e identidades de outros vieses, promovidos fortemente pelas redes sociais.

Como então usar a tecnologia a favor para que desempenhe um papel relevante na configuração do futuro da habitação? Soluções digitais vem surgindo cada vez mais presentes nesses modelos. Eles se propõem não só melhorar a comunicação entre vizinhanças, como podem ajudar na gestão de recursos comunitários ou a redução impacta ambiental através de campanhas de coleta seletiva, ações ambientais etc.

A integração de tecnologias a favor do social assim se complementa também com iniciativas que visam à criação de espaços comunitários como bibliotecas, brinquedotecas, salas de reforço ou capacitação profissional. Tudo converge cada vez mais para a compreensão de que as habitações não são apenas sobre construir casas; elas envolvem o fortalecimento de laços culturais e sociais, promovendo um futuro onde a habitação vai além da estrutura física e se transforma em um verdadeiro reflexo das identidades que nela habitam.

Foto do Laura Rios

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