
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
Os espaços públicos, palco da vida coletiva, podem ser territórios desafiadores para pessoas neurodivergentes. Frequentar praças ou parques, longe de ser uma simples rotina, pode transformar-se numa experiência avassaladora quando o ambiente ignora a diversidade neurológica.
Construir espaços verdadeiramente públicos e democráticos exige transcender o acesso físico e abraçar as múltiplas formas de perceber e interagir com o mundo. A inclusão neurodivergente não é um nicho; é o alicerce para espaços melhores para todos.
A verdadeira inclusão reconhece que não há uma solução única e celebra a flexibilidade e a escolha. Espaços públicos inclusivos oferecem uma diversidade de ambientes: desde áreas abertas e movimentadas, essenciais para a vida urbana, até nichos mais reservados, cantos tranquilos ao ar livre e opções que permitam tanto a interação social quanto o isolamento necessário.
O mobiliário também deve refletir essa diversidade, oferecendo bancos com e sem encosto, com braços ou sem, dispostos em grupos ou isoladamente, permitindo que cada pessoa encontre seu ponto de conforto. Esta visão se materializa em exemplos concretos: parques com jardins sensoriais cercados e tranquilos, balanços adaptados e "horários tranquilos" sem música alta; bibliotecas com cabines individuais silenciosas e zonas com luz controlada.
O grande paradigma é perceber que projetar para a neurodiversidade eleva a qualidade para todos. Um espaço mais tranquilo, organizado, previsível e flexível beneficia idosos, pessoas com ansiedade, crianças pequenas, pais com carrinhos de bebê e qualquer cidadão num dia mais sensível. A verdadeira inclusão neurodivergente não é um acréscimo, mas uma redefinição inteligente e justa do espaço comum.
Exige ouvir as vozes neurodivergentes no processo de co-criação, priorizando o controle sensorial, a clareza e a oferta de escolhas. Ao acolher plenamente a diversidade neurológica, não estamos apenas cumprindo um dever de justiça social; estamos tecendo cidades mais humanas, resilientes e verdadeiramente vibrantes, onde cada indivíduo, em sua singularidade, pode habitar e pertencer. A inclusão, quando genuína, não segrega – liberta e enriquece o espaço que é de todos.
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