
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
Arquiteta, é idealizadora do Estar Urbano - Ateliê de Arquitetura e Urbanismo, que já recebeu oito premiações na Casa Cor Ceará. Docente da Especialização em Arquitetura Sustentável da Universidade de Fortaleza (Unifor)
Imaginemos uma cidade onde o barulho do trânsito não é uma agressão sensorial, mas um sussurro distante. Onde os parques não são apenas áreas verdes, mas santuários de calma e exploração. Uma cidade que não tenta enquadrar todas as crianças no mesmo molde, mas que se adapta para celebrar e nutrir a neurodiversidade. Esta não é uma utopia inatingível, é um planejamento urbano consciente e humanizado.
O pilar fundamental desta cidade é a acessibilidade sensorial.
Isso vai muito além de rampas para cadeiras de rodas. Significa ruas com menos buzinas e mais barreiras acústicas naturais. Parques com áreas de estimulação silenciosa, equipamentos que priorizam o movimento proprioceptivo (como balanços de rede) e espaços para escapar da superlotação. As lojas e prédios públicos teriam iluminação natural e indireta, evitando os dolorosos fluorescentes, e ofereceriam "rotas sensoriais" claras para evitar sobrecargas.
Crucialmente, esta cidade investiria em comunidade e inclusão real. Todas as escolas públicas praticariam a educação inclusiva, com salas de recursos, professores de apoio especializados e a valorização de diferentes estilos de aprendizagem. Centros comunitários ofereceriam oficinas de interesse especial, criando pontes para a socialização baseada em paixões comuns, e não em pressões sociais.
Os benefícios se estendem a todos. Uma cidade mais silenciosa e organizada reduz o estresse de qualquer cidadão. A educação que valoriza diferentes formas de pensar produzirá adultos mais criativos e empáticos. Ao construir um ambiente onde uma criança autista, com TDAH ou qualquer outra neurodivergência pode florescer, estamos criando uma sociedade mais rica, diversa e verdadeiramente acolhedora.
A cidade ideal para crianças neurodivergentes não é um enclave especial, mas um modelo de urbanismo centrado no bem-estar humano. É o reconhecimento de que o mundo é diverso e que o nosso desenho das cidades deve refletir e celebrar essa pluralidade de experiências. É uma cidade que, ao abraçar as necessidades de suas mentes mais singulares, se torna um lar melhor para todos.
Análises sobre a arquitetura urbana. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.