Luiz Inácio Lula da Silva, Chico Buarque, Gisele Bündchen, Fernanda Montenegro. A lista é extensa, afinal, são quase quarenta anos de retratos, fotografias de moda e nus. Bob Wolfenson é uma lenda da fotografia brasileira e, em agosto, estará no Museu da Fotografia para promover o workshop Retratos. Um prato cheio para fotógrafos e amantes dessa arte.

Confira agora esse bate-papo:

Layout: Os rótulos costumam mais limitar do que definir o que é ser um retratista?
Bob Wolfenson: Exatamente. Tenho mais perguntas que respostas. Sou também retratista. Mas vivo em trânsito por várias vertentes da fotografia

Layout: Qual a expectativa de fazer pela primeira vez o Workshop Retratos fora de seu estúdio?
Wolfenson: É um experimento. Estamos começando um tour pelo país, como fazem os músicos. É da modalidade, cair na estrada.

Layout: Afinal, fotografia publicitária é arte?
Wolfenson: Pode ser feita com arte. E com o passar dos anos passa a ser uma crônica de costume e comportamento daquela época em que foi gerada.

Layout: Você se incomoda quando seu trabalho é chamado de comercial? Isso te ofende?
Wolfenson: A pergunta já contém um julgamento. Ninguém nunca chegou pra mim e falou: seu trabalho é comercial. Mas, enfim, grandes artistas/ fotógrafos inquestionáveis neste quesito, como Richard Avedon, Irving Penn, Man Ray e inúmeros outros transitaram e transitam entre o mundo da encomenda (fotos de moda e publicidade) e as ideias de moto próprio.

Mas na sua pergunta está contida uma ideia de hierarquia de que a ideia romântica do artista puro e livre de injunções comerciais é superior ao resto da humanidade. E eu respondo com o reconhecimento do meu trabalho por parte do mercado de arte, museus, galerias e instituições sérias, afora as inúmeras publicações nas quais apareci como fruto de minha trajetória.

Layout: Qual sua opinião sobre a imagem autoral e a imagem feita com a IA?
Wolfenson: A arte contemporânea já usa, há muito tempo, o modo de apropriação de imagens banais e à mão de qualquer um para conceber ou compor outras obras. Mas é preciso sempre ter alguém por trás de uma câmera ou de um computador, com ideias, concepções, estilo, e originalidade.

Ou seja, sem um ser humano criando não haverá algo contundente e particular. Com a IA é, a meu ver, a mesma coisa, em que pese o perigo de se construírem fake news muito críveis e servirem para outros fins, mas não é disso que se trata aqui e agora. Já vi algumas coisas muito boas feitas com Inteligência Artificial.

Layout: O Ceará tem grandes fotógrafos espalhados em vários acervos: Chico Albuquerque, Luciano Carneiro, Mauricio Albano, Telma Saraiva, José Albano, Tiago Santana. Você acha que existe uma escola de fotografia no Estado ou isso é ocasional?
Acho que se o recorte for geográfico e cultural, sim. No começo da minha carreira fui assistente do Chico Albuquerque (seu Chico, como o chamávamos) e sou amigo do Tiago Santana, e estes dois são excepcionais, mas conheço pouco a fotografia cearense para poder defini-la. Erro que deve ser reparado urgentemente.

Layout: Quais as maiores referências de seu trabalho?
Obviamente bebo nos clássicos já citados por mim acima, mas também nas artes visuais, pintura, música e literatura. No entanto, gosto muito também dos meus contemporâneos que vivem sob o mesmo zeitgeist que eu e que produzem coisas muito originais. Estes me instigam. Porque fizeram algo que não alcancei fazer.

Layout: O que é, um verbete. Como você define a fotografia de Bob Wolfenson?
Wolfenson: Um cronista que se aventurou e misturou os gêneros. Mas deixo aos outros este verbete. Não precisarão da minha opinião para construí-lo.

Serviço

Workshop Retratos - com Bob Wolfenson
Reservas e inscrições: 11 99457.7515 (Renata)
Valor: R$ 350,00 (parcelado em até 3 X)

Data: 19/8 (Sábado)
Horário: 11 às 15h
Local: Museu da Fotografia Fortaleza (Auditório – 3º andar)
Endereço: Rua Frederico Borges, 545 – Varjota