
A Layout é um espaço que aborda o mercado publicitário local e nacional. Cliff Villar é jornalista, publicitário e professor. Atualmente é diretor Corporativo do Grupo Comunicação O POVO
A Layout é um espaço que aborda o mercado publicitário local e nacional. Cliff Villar é jornalista, publicitário e professor. Atualmente é diretor Corporativo do Grupo Comunicação O POVO
Estamos presenciando nos últimos dias a maior contraofensiva de propaganda política da história do País. As redes sociais foram invadidas por postagens contra a posição do Congresso na questão da cobrança do IOF. Algo como uma radicalização do "cabo de força" entre direita e esquerda. No entanto, Layout não faz parte da editoria de política do O POVO. Aqui analisamos temas sobre publicidade, marketing e design. Portanto, esse texto não entrará em querelas ideológicas. Traremos, sim, os pontos de interesse específico do nosso mercado.
A propaganda sempre foi uma ferramenta eficiente para moldar opiniões. Na política, ela se torna ainda mais central: é por meio dela que ideologias são construídas ou desmontadas. Desde os romanos, isso acontece, só que agora ela ficou ainda mais letal. Entre os nazistas, a propaganda foi elevada à condição de "arte de Estado". Hitler, por exemplo, nomeou Goebbels como ministro da Propaganda. O objetivo: controlar a informação, doutrinar e promover as ideias do partido. Por outro lado, os aliados também investiram pesado em campanhas patrióticas. Muitas obras trouxeram o tema da propaganda como "1984" - George Orwell; "A Política como Vocação", de Max Weber e, principalmente, "Propaganda", de Edward Bernays, um clássico. A obra traz uma análise direta sobre como a opinião pública pode ser manipulada. O autor, sobrinho de Freud, é considerado um dos pais da propaganda moderna. Leitura obrigatória.
O assunto já é um caldeirão de interpretações com os ingredientes, originais. Só que ao acrescentarmos novos insumos como deepfakes, robôs, algoritmos, fake news e IA, essa "trozoba" entorna ainda mais. A propaganda política do século XXI transformou-se na poção que, enfim, corrói a coexistência entre pensamentos diferentes. A influência sobre a população foi aperfeiçoada ao ponto de atingir níveis cirúrgicos. Afinal, como saber o que é real? Como concluir que uma ideia é fruto espontâneo do anseio popular? A propaganda deixou de ser apenas um cartaz ou um jingle. Agora, ela pode assumir a forma de uma "opinião espontânea" gerada por um robô. A batalha pela atenção e pela verdade se torna uma disputa tecnológica. A propaganda é, antes de tudo, uma disputa por narrativas. Mais do que nunca, precisamos de criticidade, ética e regulação responsável da tecnologia. Como diz Barack Obama, a desinformação é mais letal que a ignorância. O pior é que se a extrema-direita aprendeu a lição, a esquerda agora entrou de vez no ringue.
dois pontos com PÁDUA SAMPAIO
Pádua Sampaio é diretor de Criação e Planejamento da agência Temprano/Delantero, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, com Master em Comunicação pela URJC de Madri; possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV e concluiu o Programa de Desenvolvimento de Conselheiros da Fundação Dom Cabral.
O POVO - Até bem pouco tempo, o mercado dividia as agências entre on e off. Isso mudou?
Pádua Sampaio - Sim, mas tampouco virou uma coisa só. O digital segue tendo características e velocidade próprias, enquanto a capacidade de gerar ideias e insights ainda demanda pesquisa, estudo, atenção e observação. Essa divisão parece fazer mais sentido: separar aquilo que é estratégia, que requer tempo e maturação, daquilo que exige resposta em tempo real. São habilidades totalmente diferentes e igualmente necessárias para o cliente.
O POVO - Como você enxerga a sustentabilidade de uma agência no mercado do Ceará?
Pádua - Da mesma forma como posicionamos nossos clientes no mercado, a sustentabilidade das agências passa pelo posicionamento. No nosso caso, na Temprano, nossa proposta de valor é muito clara: ser muito para poucos. Escolhemos ter poucos e bons clientes para ter a capacidade de estar com eles, estudar o segmento, discutir caminhos e tomar decisões estratégicas juntos, de forma customizada. A peça, a campanha criativa que brilha e conquista na ponta, é uma consequência. Cada vez mais, é sobre ser relevante e necessário no que o cliente entende como valor e não naquilo que a agência acha que é importante.
O POVO - Quais os planos para a Temprano nos próximos anos?
Pádua - A palavra é personalização. É hora de consolidar o nosso posicionamento como braço estratégico e de suporte ao cliente das mais variadas formas. Claro que fico feliz pelo reconhecimento da nossa criatividade, do respeito que adquirimos pelo nosso jeito único de comunicar e de contar histórias, mas penso que encontramos o ponto do doce quando isso se torna consequência de um olhar atento para o cliente, quando as campanhas e estratégias inovadoras são uma resposta para problemas reais. Ter mais clientes que se sintam confortáveis em dividir problemas porque sabem que nós faremos parte da solução, esse é o caminho.
O POVO - A IA é um desafio, uma ameaça ou uma oportunidade?
Pádua - Antes de mais nada, é uma realidade. Já está incorporada no nosso dia a dia e a expectativa é que faça mais e mais parte das nossas vidas, CPF e CNPJ. Cabe a nós agora compreendermos as possibilidades que a IA traz, separar sua utilidade real da empolgação e traduzir isso em resultados efetivos para o cliente. Dito isso, digamos que é um grande desafio que já começa a trazer muitas oportunidades.
DICA DE LIVRO
"Churchill, o Jovem Titã", de Michael Shelden, é a biografia menos óbvia de um personagem histórico que você vai ler. É corajosa porque foca apenas no jovem Winston. Para quem gosta de História - meu caso - e Comunicação - meu caso também - o livro é uma excelente oportunidade para entender como o político, escritor, líder e excelente frasista foi forjado e, sem saber, preparado para um dos momentos mais dramáticos da história recente.
SANGUE NOVO
O mercado publicitário do Ceará tem se renovado com a chegada de novas, e boas, agências. A Octacom é um bom exemplo desse movimento. A operação tem foco no posicionamento e resultado para indústrias e sindicatos. Na carteira nomes e peso como Cialne, Sabor & Vida, Agromix e B&Q. Sem falar nos sindicatos como Simec, Sindialimentos e Sindiverde. A Octacom é liderada por Rebeca Sabóia e André Felipe.
SÉRVULO DE AÇO
A Aço Cearense é a nova patrocinadora do Festival Sérvulo Esmeraldo 96, projeto apoiado pela Lei do Mecenato do Estado do Ceará. O Festival acontece de 27 de outubro a 30 de novembro, no Crato. O tema deste ano é Tecer o Amanhã. O FSE 96 é o único da categoria realizado no Ceará que promove a formação artística, a cidadania cultural e o fortalecimento da arte contemporânea no Cariri. O festival conta com a parceria da Universidade Regional do Cariri.
PARA ENTENDER O CASO
O POVO+ lança, no próximo 28 de julho, o documentário "Guerra Sem Fim: Facções e Política". Com direção do jornalista Demitri Túlio e equipe do audiovisual do O POVO: Mariana Lopes, Fco Fontenele, Raphael Góes e Chico Marinho. O documentário revela as conexões perigosas entre o crime organizado e o poder político no estado do Ceará. Programação imperdível para entender os descaminhos da segurança pública.
ACESSÍVEL E TRANSPARENTE
O Instituto Mirante de Cultura e Arte lançou o seu novo site. O processo foi inovador, envolvendo profissionais da própria instituição e a participação direta do público, por meio de pesquisas e testes de usabilidade. A plataforma reúne dados como contratos de gestão, prestação de contas, além de um canal direto de atendimento à população. Tudo alinhado à trinca: usabilidade, acessibilidade e transparência.
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