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A jangada do povo; o litoral de Jambo
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A Layout é um espaço que aborda o mercado publicitário local e nacional. Cliff Villar é jornalista, publicitário e professor. Atualmente é diretor Corporativo do Grupo Comunicação O POVO

Layout arte e cultura

A jangada do povo; o litoral de Jambo

A expressão da orla cearense
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Obra: Peixe-Galo (Foto: Acervo Pessoal / Jambo)
Foto: Acervo Pessoal / Jambo Obra: Peixe-Galo

Jambo, também conhecido como Bruno Ferreira, é artista visual, grafiteiro e tatuador. Nascido e criado no bairro Serviluz, no Cais do Porto, em Fortaleza. É neto de pescadores e filho de pintor. O artista transforma a memória da família, o litoral e a favela em inspiração para seus trabalhos profissionais. Suas obras passam por muros, pisos, telas e peles. O mar, as jangadas, as casas e os trabalhadores informais aparecem como protagonistas da Terra da Luz direto para os muros urbanos.


Desenhando desde criança, Jambo começou pintando paredes até ser apresentado ao grafite por amigos. A partir de 2019, mergulha de vez na linguagem e assume os muros como campo de pesquisa. Multifacetado, não se prende a uma técnica só. Grafite, esculturas, artesanato, tatuagem e, mais recentemente, arte digital ampliam seu repertório artístico. Dessa mistura nasce o personagem Peixe Galo, figura que sintetiza seu universo, cruzando realismo e exagero para falar de afeto, luta e pertencimento.

Artista Visual(Foto: Acervo Pessoal / Jambo)
Foto: Acervo Pessoal / Jambo Artista Visual


O POVO - Quando você começou a se reconhecer como um artista?
Jambo - Desenho desde muito novo. Antes de saber o que era grafite, eu já pintava paredes na rua, mas era mais pintura comercial: época de Copa do Mundo, essas coisas, eu ia lá e fazia os desenhos. Com o tempo, fui conhecendo uma galera – principalmente dois amigos, o Esporte e o Kong. Eles sabiam que eu desenhava, já tinham visto algumas artes minhas, e foram me incentivando a entrar pro grafite. Me mostraram o uso do spray, que eu podia ser livre, fazer as artes que vinham na cabeça. O “pico” mesmo, foi em 2019. De lá pra cá, eu praticamente não parei mais.


O POVO - O mar e a pesca aparecem muito nas tuas obras. Como isso se relaciona com sua história familiar? É uma homenagem?
Jambo - Eu moro no Serviluz, ali perto do cais do porto. Então minha referência de litoral é muito forte: pesca, frutos do mar, essa cultura toda. Minha família vem disso – meus avós foram pescadores, e eu tinha um tio que era vendedor de peixe. Perdi ele tem uns três meses, e ele era uma grande referência pra mim. Com certeza o que eu faço é uma homenagem para ele. Tenho várias fotos dele na motinha cheia de peixe. A pesca, é um tema que dá pra brincar muito.


O POVO - Quais são as tuas principais referências na arte urbana e no grafite?
Jambo - Valorizo muito os artistas locais. Gosto de olhar pra quem tá aqui em Fortaleza, até porque eu convivo com essas pessoas.Tenho dois nomes que são muito fortes pra mim. O Kong Silva, Ele manja muito de arte digital. Ele tem uma noção enorme de técnica e composição. Outra inspiração é o Esporte, ele também puxa muito pro mar: jangadas, pescadores, cenas que têm muita conexão com o que eu faço.


O POVO - Como foi a transição de sair do grafite para a experimentação de outras técnicas?
Jambo - Comecei no papel, depois fui pras paredes e pro chão, fazendo pinturas. Depois fui para escultura em argila, artesanato, escultura de ferro com solda, escultura em madeira… Gosto de experimentar tudo pra ver onde eu me adapto melhor e onde eu me sinto bem. Na tatuagem foi assim também: pensei “será que eu consigo?” e fui. É um trabalho bem rentável, mas não é toda tatuagem que eu quero fazer: procuro fazer as que eu me sinto confortável, onde posso colocar mais do meu estilo.No fundo, eu preciso estar me desafiando. Quando uma técnica deixa de ser desafio e vira só repetição, eu começo a buscar outra.

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