A Layout é um espaço que aborda o mercado publicitário local e nacional. Cliff Villar é jornalista, publicitário e professor. Atualmente é diretor Corporativo do Grupo Comunicação O POVO
A Layout é um espaço que aborda o mercado publicitário local e nacional. Cliff Villar é jornalista, publicitário e professor. Atualmente é diretor Corporativo do Grupo Comunicação O POVO
As velhas escrituras vaticinam: no começo, o Verbo se fez carne. Entre nós, profissionais de marketing e publicidade, o verbo virou pitch. E o pitch virou insight, deadline e toda uma fauna de estrangeirismos que hoje circula pelos corredores das agências. Essa língua também é oficial das salas de reunião, dos departamentos de marketing e das faculdades onde os "40 menos" falam, com naturalidade quase biológica, o dialeto do marquetês. Para essa geração, pivotar, otimizar e brifar já são verbos na língua de Camões. E quando alguém anuncia que vai "mensurar o awareness", a conversa parece mais uma consulta entre neurocirurgiões e ortomoleculares.
Há justificativas razoáveis para o fenômeno. A publicidade e o marketing nasceram do outro lado do Atlântico, embalados pelo inglês de Manhattan e pela fleuma criativa de Londres. Esses centros funcionam como grandes maternidades de verbetes, distribuindo ao mundo expressões novinhas em folha. E quem domina esse vocabulário híbrido, meio brasileiro, meio Silicon Valley, ganha automaticamente uma aura de especialista global — ou, no mínimo, parece tê-la.
A chegada das ferramentas digitais acelerou ainda mais esse batismo linguístico: cada plataforma traz um novo nome, cada métrica, um novo rito. E, claro, há elementos freudianos nessa história. Diga a um cliente que sua marca "precisa se posicionar melhor" e ele talvez continue olhando o celular. Mas diga que é preciso "reposicionar o branding" e, pronto, ele ajeita a postura, respira fundo e sente que está participando de um ritual técnico e misterioso. O estrangeirismo, no marketing, funciona como uma espécie de uniforme verbal: não ilumina mais, mas faz brilhar.
O problema é quando essa linguagem vira epidemia verbal. O português fica ali, meio encolhido, espremido entre leads, briefings, benchmarks e deliveries, tentando lembrar se ainda serve para alguma coisa. E serve — talvez falte apenas coragem para assumir que, por trás de um call-to-action, existe apenas uma "chamada para a ação". Nada mais que isso: simples, humano, direto, como café com pão. No final, é certo que continuaremos a usar esses termos — eles são sedutores, como vitrines iluminadas no fim do expediente. Mas, se um dia o marketing resolver revisitar sua própria fala, talvez descubra que o português tem um brilho antigo, elegante, silencioso. Comunicar, afinal, é isso: menos blábláblá e mais verdade. Quer em inglês-miojo, quer em bom e velho português.
Ramon Sales é artista visual, calígrafo e pesquisador. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, com estudos em História da Arte na Espanha. Desde 2013, ele leva letras e gestos caligráficos para muros urbanos, unindo técnica e sensibilidade.
O POVO - Como você enxerga o momento atual da cena cultural de Fortaleza?
Ramon Sales - As políticas de fomento vêm aumentando, assim como o número de instituições e iniciativas, mas muito disso ainda se dá de forma lenta, atravessado por burocracias, descaso e atrasos. Apesar disso, a cena artística e cultural de Fortaleza segue se reinventando e tensionando o que entendemos por cultura e arte. O Xarpi está aí para nos lembrar disso.
O POVO - Como você concilia a produção cultural com a sua carreira artística? Onde fica a interseção entre essas duas dimensões?
Ramon - Como pintor e produtor de murais em larga escala, os processos de planejamento e produção artística sempre fizeram parte da minha prática. A interseção entre esses dois campos se dá na medida em que uma faceta me permite desenvolver a outra, ambas com o objetivo de transformar a forma como percebemos nossos corpos na cidade.
O POVO - Você foi curador de arte do livro comemorativo dos 190 anos da Assembleia Legislativa. Como foi o processo de curadoria artística dos participantes da publicação?
Ramon - O desafio partiu da ideia de representar uma diversidade de linguagens e trajetórias, colocando em diálogo histórias, tempos e a própria instituição. A seleção reuniu o grafiteiro Jambo, a multiartista Arth3mis e a fotógrafa Flávia Almeida, artistas que trazem consigo a força de territórios também marcados pela especulação imobiliária e pela gentrificação.O processo envolveu pesquisa, conversas e análise de portfólios para equilibrar relevância, potência poética e pluralidade, construindo um panorama gráfico que reflete a história e as dicotomias da "Casa do Povo".
O POVO - De que forma Fortaleza influencia a sua visão estética e as narrativas que você constrói nas suas obras?
Ramon - Fortaleza traz, no nome, a necessidade de todo artista autônomo precisa;e, nos muros, a vontade que temos de engolir o mundo. É matriz e matéria do meu trabalho, pela história que ela conta através das pessoas e dos espaços, muitos engolidos pela gentrificação, o que evoca a necessidade dessa força de resistência. Cidade de maresia que corrói, mas de um mar que cura.
"Aqui", de Richard McGuire, é um quadrinho mágico que mostra um único espaço fixo sendo atravessado pelo tempo em suas diversas camadas. É uma graphic novel sobre uma mesma sala, em tempos e circunstâncias diferentes: pré-história, futuro distante, famílias que passam por ali, momentos banais, tragédias, nascimentos, despedidas… tudo no mesmo lugar. Cada página revela um ano diferente daquela mesma paisagem ao longo dos séculos
A Íntegra é a nova agência da Escola Lar de Clara. A conta pro bono agora fará parte do portfólio da agência. Paulo Fraga, CEO da Íntegra, afirma que cuidar da comunicação de um dos mais respeitados empreendimentos sociais do Ceará faz parte das contrapartidas da agência. A escola atende mais de 800 alunos da Região Metropolitana de Fortaleza e no próximo ano, celebra 27 anos.
A i360 Marketing foi a primeira agência do Cariri a vencer a 7ª edição do Prêmio Aboio. A premiação aconteceu no último dia 3 de dezembro. A peça premiada foi o vt: Juá, um xerim neste São João. A campanha foi feita para a marca de limpeza Juá. O Aboio é promovido pela Acert com o apoio do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado do Ceará.
A Central Única das Favelas (CUFA) Ceará inaugurou na última sexta feira o FaveLab. Trata-se de um um hub criativo que conecta cultura, tecnologia e empreendedorismo. O espaço traz várias opções de cursos, coworking e um estúdio de conteúdo. O equipamento dá à CUFA o protagonismo nas ações afirmativas dentro de territórios da perifieria de Fortaleza.
A Fundação Demócrito Rocha premiou, no dia 10, no Espaço O POVO, as redações nota mil do Concurso Redação Enem. A solenidade foi realizada em parceria com a Secretaria da Educação do Estado do Ceará. O concurso foi dirigido a estudantes do 3º ano da rede pública estadual e seus professores. Os ganhadores receberam notebooks, smartphones e menções honrosas.
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