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Morre o médico e poeta cearense Pedro Henrique Saraiva Leão
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A jornalista, poeta e escritora Lêda Maria escreve sobre política, cultura e sociedade. É autora de duas edições do livro ''Memória Gastronômica das Famílias Cearenses'' e participante de várias antologias nacionais e internacionais, como ''A Literatura das Mulheres da Floresta'' e ''Assim Escrevem as Brasileiras''.

Lêda Maria comportamento

Morre o médico e poeta cearense Pedro Henrique Saraiva Leão

O universo médico e literário do Ceará acaba de perder Pedro Henrique Saraiva Leão
Tipo Opinião
Pedro Henrique e Mana Saraiva Leão (Foto: João Filho Tavares/O POVO)
Foto: João Filho Tavares/O POVO Pedro Henrique e Mana Saraiva Leão

Pedro Henrique Saraiva Leão, médico, professor e poeta, partiu nesta manhã para a Casa do Pai. Deixa na saudade a amada Mana Accioly e três filhos. Mas essa luz negra de saudade também envolve os muitos amigos, acolhidos nas suas andanças pela Sociedade de Médicos Escritores, Academias Cearense de Letras e Cearense de Medicina, e mais nos multicoloridos caminhos que ele deixava florescer.

Não vou desatar o currículo dessa criatura inquieta, bondosa e amiga, completando 84 anos quando chegasse o 25 de maio. Prefiro dividir ou acordar seus versos lindos, criado entre seus infindos mares de cores e desejos.

UM DE MUITO AMOR:

1. ...eterno é ter no terno seio da amada
quase tudo, ou quase nada
de menos; eterno é parecer naquele éter
e, de novo, insone, renascer
naquela consentida ternura,
prelibando o amor que vai voltar
e ter, na amada que murmura
a terra, o céu, o mar, o mundo;

eterno é o que dura um só segundo —
é o que passou tão de repente
sem dar tempo amanhecer...

UMA RESPOSTA PERFEITA

2. UM DIA lhe perguntei, na varanda de sua casa em Guaramiranga - quando você partir o que vai ficar? Veio um sorriso largo, mas depois um silêncio, um olhar desaguando na mata em frente, e ele repetiu um de seus poemas:

Na intimidade do tempo que nos resta
enquanto o sonho nos souber a realidade,
e durante esta eterna curta festa
gozamos nosso quinhão de eternidade

deixemos que o sol em um só corpo
nos dissolva, antes que nos cubra a neve
ou mesmo eu perca, por morto,
meu calor, minha fé, minha verve

e que nesta íntima idade perpetremos
o que era para fruir e não fruímos
e amemos como nunca nos amamos;

desconhecidos, afinal nos desnudemos
para possuir o que nunca possuímos
e entregar tu daquilo que guardamos.

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