Cientista política e professora do Centro Universitário Tiradentes (AL). Pesquisadora associada aos grupos de pesquisa
Cientista política e professora do Centro Universitário Tiradentes (AL). Pesquisadora associada aos grupos de pesquisa
No momento em que escrevo a cidade de Maceió sofre o risco iminente de afundamento do solo em bairros próximos àqueles já afetados e esvaziados anteriormente pelas atividades da extração de salgema realizadas pela Braskem há mais de 40 anos em solo urbano. Já relatei aqui a situação de mais de 60 mil famílias, atingidas por esse crime ambiental, que tiveram que deixar suas moradias à revelia recebendo indenizações irrisórias da empresa Braskem.
A situação atual envolve o bairro do Mutange, região desocupada, que estava nas áreas atingidas desde os primeiros tremores em 2018, e bairros próximos como Bom Parto e Flexais, em que as pessoas estão sendo obrigadas, a deixar suas moradias, diante do perigo do iminente colapso de uma das minas da petroquímica da Braskem, na lagoa Mundaú.
Sabemos bem quem são e foram as vítimas diretas e indiretas desse crime socioambiental, mas os culpados, quem são, quais seus rostos? Até o momento nenhum CEO da petroquímica, políticos, técnicos que autorizaram e se omitiram durante esses quarenta anos de atividades da Braskem em Maceió foram responsabilizados.
E o pior, a empresa segue desenvolvendo suas atividades no solo da capital alagoana como se nada tivesse acontecido. A prefeitura de Maceió, há poucos meses, divulgou uma indenização milionária recebida da Braskem, mas ninguém sabe o quanto foi, se foi investido para a população atingida pelo crime ambiental da empresa, e o quanto destinado a ações de reparação e prevenção de crimes como esses.
Dentre as instituições que estão à frente na defesa das vítimas desse crime ambiental, a Defensoria Pública Estadual tem se destacado em comparação às ações do Ministério Público estadual e federal e da prefeitura. Especialmente na defesa dos moradores dos bairros não comtemplados com os acordos iniciais com a Braskem, tem atuado para que a empresa pague uma indenização justa às vítimas do afundamento do solo. Também contestou o laudo da empresa Diagonal, contratada pela Braskem para estudo dos impactos causados pela mineração.
Além de ninguém ser responsabilizado pelo crime em questão o poder público, no caso a prefeitura, apenas agora, mais de cinco anos após o primeiro tremor, na iminência de um novo afundamento do solo, criou um gabinete de gerenciamento de crise.
Também chama a atenção a pouca visibilidade do maior crime ambiental em solo urbano no país na mídia corporativa nacional.
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