Logo O POVO+
Genocídio, em qualquer escala, é crime contra a humanidade
Lorena Monteiro

Genocídio, em qualquer escala, é crime contra a humanidade

Por essa definição, o que Israel está fazendo com os palestinos na Faixa de Gaza é genocídio. Crianças, mulheres e civis mortos. Restrição de ajuda humanitária. Ataques e fechamentos de hospitais
Edição Impressa
Tipo Notícia Por

As recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reacenderam o debate sobre o que é considerado genocídio. É possível hierarquizar e comparar os genocídios? Quando estamos diante de um genocídio? De modo geral, crimes contra a humanidade são ataques sistemáticos de uma pessoa, ou um grupo, contra uma população, atentando contra a dignidade e vida, conforme o Estatuto de Roma.

Os genocídios são a execução dos crimes contra a humanidade. Na Convenção para a Prevenção e Punição de Crimes de Genocídio, de 1948, genocídio é definido como crime internacional com a intenção de destruir um grupo nacional, étnico, racial ou religioso em que ocorra assassinato de membros do grupo, cause danos à integridade física e mental dos membros do grupo, impõe condições de vida que possam causar sua destruição, parcial ou total, restringir ou impedir a reprodução do grupo e transferir, raptar, crianças de um grupo para outro. Ou seja, tudo que insira processos de desumanização.

Por essa definição, o que Israel está fazendo com os palestinos na Faixa de Gaza é genocídio. Crianças, mulheres e civis mortos. Restrição de ajuda humanitária. Ataques e fechamentos de hospitais, dentre outras práticas. Nesse sentido a fala do presidente Lula está correta. A questão controversa foi ter comparado ao genocídio do Holocausto. Aqui ele entrou numa questão delicada inclusive para historiadores. Há aqueles que consideram o Holocausto um caso singular, excepcional, que o difere dos demais genocídios que ocorreram. Outros, pontuam que as políticas colonialistas dos países europeus engendraram muito mais mortes e genocídios de povos que o Holocausto.

A questão não deve ser olhada do ponto de vista de escala e de singularidades. A ocupação israelense já está sendo analisada pelo Tribunal Internacional da ONU, a Palestina denunciou por apartheid e genocídio. Outra denúncia da África do Sul acusa o primeiro ministro de Israel, Netanyahu, de genocídio. O problema é que países como Israel, ao tratar o Holocausto como algo excepcional, ameniza o crime que está cometendo na Faixa de Gaza, e utiliza-se disso, para omitir o genocídio em curso. Por isso, possivelmente, a maioria dos países não se posicionou em relação a esta questão diplomática entre Brasil e Israel, porque, independente da escala, em curso está um crime contra a humanidade do povo palestino.

 

Foto do Articulista

Lorena Madruga Monteiro

Articulista
O que você achou desse conteúdo?