Cientista política e professora do Centro universitário de Maceió (Unima/Afya)
Cientista política e professora do Centro universitário de Maceió (Unima/Afya)
Nas últimas semanas assistimos perplexos a dois episódios no mínimo inusitados em termos relações internacionais e na política doméstica. Ambos, embora impulsionados por atores diferentes, têm o mesmo pano de fundo: a possível condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
Vimos Trump, presidente dos EUA, líder da extrema direita mundial, chantagear o Brasil com tarifaços sobre produtos brasileiros, relações comerciais as quais nunca foram deficitárias para os EUA, mas sim para o Brasil.
O motivo alegado pelo presidente estadunidense não faz sentido nenhum do ponto de vista econômico, e, também político, refere-se a uma suposta perseguição do STF ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Com essa justificativa os EUA aplicaram a Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes.
Essa situação é uma afronta à soberania do País. Outro país, através de chantagem comercial, querer interferir na política doméstica, e mais que isso, nas decisões do judiciário de outro país que tem autonomia para decidir sem interferência de outros órgãos estatais.
Por trás dessa afronta à nossa soberania temos um parlamentar recebendo todas as verbas parlamentares previstas na sua função, atentando contra seu próprio país nos EUA. Trata-se de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente. O mais espantoso disso é que esse parlamentar segue recebendo seu salário e verbas do gabinete e até o momento não foi denunciado como lesa-pátria, tipo de crime que se enquadra no que está fazendo desde os EUA.
No Brasil assistimos à situação mais vergonhosa e sem precedentes na história recente do nosso parlamento. Parlamentares de extrema direita e alguns do centrão tomaram as casas legislativas visando sequestrar nossa democracia.Teve parlamentares com esparadrapo na boca, outros acorrentados às cadeiras das mesas diretoras, uma fez um bebê de colo de escudo. Um show de horror. O objetivo deles era impor a pauta da anistia e do foro privilegiado para privilegiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e os demais participes da tentativa de golpe de 8 de janeiro.
O Parlamento não pode ser tomado assim. Tem regimento, tem regras, um espaço da possibilidade do contraditório e de civilidade, não é um palco em que cada um faz o que quer. O erro até o momento foi não terem suspendido os mandatos parlamentares daqueles que querem legislar por chantagem e interesses privados obstruindo a discussão e votação de pautas realmente importantes para a população brasileira, como a correção da tabela do imposto de renda, a isenção do imposto para aqueles que recebem até 5 mil reais e a questão da escala de trabalho 6x1.
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