Exclusiva com Marcelo Paz: Depietri, Edinho, início animador de Vojvoda e reencontro com Ceni
Lucas Mota é repórter de Esportes de O POVO. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi
Exclusiva com Marcelo Paz: Depietri, Edinho, início animador de Vojvoda e reencontro com Ceni
Dirigente comentou sobre as investidas do Tricolor no mercado da bola, a surpresa com o início animador de Vojvoda no clube, os objetivos na Série A, o duelo contra o CRB na Copa do Brasil e o reencontro com Rogério Ceni
Entrevistei o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, nesta sexta-feira, 25. O dirigente comentou sobre as investidas do Tricolor no mercado da bola, a surpresa com o início animador de Vojvoda no clube, os objetivos na Série A, o duelo contra o CRB na Copa do Brasil e o reencontro com Rogério Ceni. Abaixo você confere a entrevista completa.
Como foi essa mudança de ambiente do início turbulento para este momento positivo com Vojvoda?
Marcelo Paz - Bem, futebol está sempre aos sabores das vitórias, conquistas, fazendo com que o torcedor se empolgue, brinque com o adversário. Faz parte do futebol. A gente vinha no início do ano com trabalho do Enderson, contestado, embora conseguindo resultados, avançando em competições, mas sem dar o brilho no olho do torcedor. Houve mudança, e o trabalho do Vojvoda tem dado alegria e satisfação, um time ofensivo, que venceu campeonato, avançou na Copa do Brasil e iniciou muito bem a Série A. Esse é o efeito da mudança de um time que tem mais a cara do Fortaleza, agressivo, que vai pra cima, rápido, que não desiste, briga sempre. São os mesmos jogadores. O problema não era necessariamente o elenco, mas sim uma postura diferente, uma forma de jogar diferente. Mas também temos que agradecer o trabalho de Enderson. Existem pessoas que são fim e outras, meio. O Enderson foi meio no Fortaleza. Foi um período que precisava ser vivido, que deixou seu legado, uma questão física muito boa. Ele teve participação na formação do elenco. E a gente está agora no dia a dia com Vojvoda de uma forma geral com mais satisfação do torcedor e um time que joga mais bonito, pra frente, mais agressivo.
Como é o bastidor desse contato entre diretoria e o técnico argentino?
Marcelo Paz - O contato é muito bom. O Vojvoda e a comissão técnica dele. Não é só ele. Tem mais três que vieram também que são muito bons: Nahuel (Martínez), Gastón (Liendo) e Adrián Vaccarini. São muito competentes, conhecem de futebol, de gestão de grupo, mas são muito gente boa. Vemos o esforço deles de aprender o idioma. No dia a dia, nas viagens, a gente vai se conhecendo um pouco mais, trocando ideias. Eles têm curiosidades sobre o País, a gente vai explicando, contando sobre a história do clube, o hino que toca todo dia no Pici, a oração de São Francisco, Ave Maria. As origens do clube, as cores. Devagarinho, a gente vai contando a história e criando essa relação mais próxima. A comunicação a gente vai tentando no portunhol. Procuro falar com ele no português para que eles se acostumem também. Às vezes no vestiário, ele está dando uma instrução, usa uma palavra e olha pra gente. Pergunta se está certo para ver se os jogadores compreenderam. São coisas do dia a dia e, no geral, a adaptação deles tem sido muito boa aqui. A gente está feliz com a presença deles no Fortaleza.
Vocês esperavam que fosse tão rápido em termos de resultado e desempenho o Fortaleza com Vojvoda?
Marcelo Paz - Claro que a gente não esperava que mudasse tudo tão rápido num passe de mágica. Foi muito rápido mesmo, mas não foi por acaso. Futebol é multifatorial. Têm muitos itens que contribuem para campanha de sucesso. É estrutura, organização financeira, salário em dia, bom relacionamento com o grupo, qualidade no grupo de atletas, equipe de profissionais do Fortaleza que já estavam aqui. Todo o clube estava aqui, a nossa vivência na Série A. Tudo isso somado à competência técnica, liderança da comissão técnica, a capacidade de fazer diferente, de ousar, de muito rápido entender a característica do nosso time. É um somatório, mas realmente está sendo surpreendente. Conseguimos vencer Clássico, um título estadual, depois um duelo dificílimo na Copa do Brasil. Vou lembrar com muito orgulho que nós vencemos o segundo jogo jogando com um zagueiro de ofício. O pessoal se surpreendeu. O time foi super bem com placar expressivo contra um grande adversário. O Ceará também vive seus melhores momentos. Então tudo isso foi muito rápido, três vitórias na Série A, liderança por três rodadas. Aconteceu, mas não é acaso, é somatório de fatores.
Como está o planejamento de vocês na Série A em termos de objetivo após o início animador?
Marcelo Paz - Segue o mesmo. O objetivo é conseguir vaga na Sul-Americana. Entendemos que o Fortaleza tem condições para isso. Se atingirmos esse objetivo será muito bom. O começo empolga, te dá alguma perspectiva, mas é um campeonato muito longo, de regularidade. A gente tem que manter essa regularidade. Foram três vitórias, mas estamos há três sem vencer. A gente precisa voltar a ganhar porque é quando ganha que você salta na tabela. De empate em empate você anda muito devagar. São as vitórias que te fazem crescer. Campeonato dificílimo. Se a gente pegar agora: do Flamengo até o Athletico-PR são quatro jogos, três fora. Só a Chapecoense em casa. Pontuar nesses jogos é um desafio. Vamos continuar com a nossa postura. O Fortaleza tem que ser o do segundo tempo contra o Flamengo, time que propõe jogo, agride, que terminou o jogo sufocando com quatro, cinco atacantes no Maracanã.
E a Copa do Brasil: qual a avaliação de vocês sobre o adversário nas oitavas de final, o CRB?
Marcelo Paz - Tinham outros adversários mais poderosos, é inegável. O CRB é um adversário que temos condições de enfrentar, de buscar a classificação sim. Mas é o CRB que eliminou o Palmeiras. O Palmeiras também olhava pro CRB e dizia: 'ah, temos condições de superar o CRB'. E o CRB foi lá e se classificou dentro do Allianz, em São Paulo. Todo cuidado é pouco, muita humildade, preparo. É um jogo que vale demais. Entre os dois jogos (na Copa do Brasil), tem um Clássico-Rei no meio. Temos que pensar em toda essa conjuntura quando chegar mais perto. É um confronto equilibrado entre dois nordestinos. Vamos fazer de tudo para passar de fase e chegar, quem sabe, se Deus abençoar, nas quartas de final da Copa do Brasil.
Sobre o mercado da bola. Como está a negociação com o argentino Depietri?
Marcelo Paz - É um jogador que nos interessa. É uma observação do Cifec. Nós observamos o Depietri ainda quando o Enderson estava aqui. Não foi observação da atual comissão técnica. Quando eles chegaram, nós mostramos e eles gostaram. Existe sim uma boa possibilidade de ele ser jogador do Fortaleza. Se concretizar, a gente dá os detalhes, percentual, tempo de contrato e formato. Está nos nossos planos.
Há possibilidade real de retorno do Edinho ao Fortaleza?
Marcelo Paz - O Edinho todo mundo conhece. Cearense, cria do Fortaleza, já rodou o mundo, voltou, saiu de novo, voltou. Ele pertence ao Atlético-MG, encerrou o vínculo de empréstimo com o time da Coréia do Sul. É um jogador que também está no nos planos, a vinda do Edinho para o Fortaleza. A gente está conversando e vendo a viabilidade desse retorno do Edinho para o Pici.
E como foi o reencontro com o Ceni no Rio de Janeiro?
Marcelo Paz - O Rogério é um amigo, que tenho o prazer de ter convivido com ele por mais de mil dias. Criamos um laço de amizade, torço muito por ele e ele torce muito pelo Fortaleza, acompanha, vibra. Fez amizades não só comigo, mas com Sexta, Toinha, diretores, jogadores. Ele deixou um ciclo de amizade no clube. Nada mais natural que quando você tem a possibilidade de encontrar um amigo, você ir lá dar um abraço, perguntar como está. Toda vez que eu o encontrar, eu vou fazer isso. Temos que lembrar de tudo que ele fez no Fortaleza. Ficam a amizade e o respeito.
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